CAPÍTULO 1 - PARTE 2

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A sessão de audiência correu muito bem, mesmo só tendo um quarto de hora para estar com o meu cliente, conseguimos ganhar a causa. Estava um pouco complicado, pois estava sendo injustiçado devido a problemas com o seu apartamento. Se meteu numa encrenca daquelas, mas graças a Deus tudo ficou resolvido. Odeio injustiças e sei que consigo combater qualquer injustiça no mundo.

O dia passou muito rápido, estive atarefada com todos os processos judiciais e nem dei conta do horário passar, até ouvir uma leve batida na porta. A cabeça de Juliana aparece e sorri.

- Bianca, não acha que está na hora de irmos embora? – Olho o relógio e vejo que são quase sete da noite.

- Tem razão, nem dei conta do tempo passar!!

- Você é sempre a mesma, viciada no trabalho. Não admira não ter um boy. Ainda vai ficar solteira pra vida hein! – Diz me zoando completamente.

- Você não é ninguém pra falar não. Só vejo você indo na boate e não a vejo com um namorado também. – Digo, zoando com sua cara também.

- Isso me lembra, hoje é sexta Bianca! Vamo na boate ou beber em algum lugar! Por favor! Esta semana foi pesada pra caramba e não acho que va acalmar não hein?!

Rio com sua insistência, porque já me anda pedindo desde a semana passada para ir numa boate. Pego em minha bolsa e vou até ela.

- Só vou se você prometer não sumir no meio da noite e so voltar a casa de manhã! – Ela dá uma risada e não responde.

No caminho para casa, Juliana diz para pedirmos o jantar pois já era tarde para a gente preparar alguma coisa ou então não teríamos tempo de nos arrumar. Já em casa, tomo um duche e faço um caracóis em meu cabelo. Ele é comprido castanho com umas mechas loiras. Ele nem é ondulado nem esticado quando o seco normal, então para esta noite decidi fazer um babyliss. Achei que estava precisando.

Na verdade, há algum tempo que já não vou numa boate e quase esqueci como era. Juliana me ajudou a escolher a roupa e então foi decidido usar um vestido de lantejolas de nuances rosa e gold que contrastando com a minha pele bronzeada me deixa num arraso. Coloquei uma sandália de tiras pretas com salto grosso, bem mais fácil para caminhar e a maquiagem foi bem simples, um olho com cores parecidas às do vestido e um delineador e umas pestanas postiças simples.

O táxi chegou no portão e entramos. A Juliana indicou uma boate bem pertinho da praia, do jeitinho que nós duas gostamos, a briza do mar à noite é das melhores coisas.

Quando chegamos na balada, já estava uma fila enorme para entrar, mas como Juliana tem seus contatos, entramos sem ter que esperar. A música estava aumentando aos poucos que a pista ia enchendo e fomos diretas para o balcão das bebidas.

- Miga, hoje é pra valer tá bom? – Diz Juliana já entusiasmada. – Hoje quero ver se pego um boy pra você.

- Ai não Juliana, por favor, tudo menos isso. Não preciso de sua ajuda, não tenho nenhum porque não quero, tá bom? – Digo cruzando meus braços.

- Uau, tá se achanda senhorita Bianca. Estou pra ver isso, vai ser a titia solteria dos meus filhos, olha pro que te estou dizendo! –Diz dando forte risadas.

A noite avança sem qualquer problema, nós duas nos estamos divertindo. Já sentia um pouco de saudade de poder aliviar a cabeça sem ter que estar sempre pensando no trabalho.

Eu e Juliana nos conhecemos na altura que estava fazendo minha faculdade. Ela estava cursando um curso de contabilidade enquanto que eu estava fazendo o vestibular de direito. Nos demos bem na hora, ela era divertida e eu um pouco mais virada para o séria, quando ela se metia numa encrenca, lá estava eu para lhe livrar daquele inferno. A sua vida familiar não era nada fácil. Seu pai bebia pra caramba e nunca deu atenção em casa, sua mãe estava cada vez mais depressiva e já não saia de casa. Quando ela me falou isso eu tentei ajudar o máximo que pude. Ela trabalhava na época e então juntas pagamos o médico psicólogo pra sua mãe e as coisas se foram compondo aos poucos, até ao momento que seu pai bebeu demais. Nesse dia estava chovendo pra caramba e as duas estávamos na cafeteria lanchando quando Juliana recebeu o telefonema.

O bombeiro de olhos azuisOnde histórias criam vida. Descubra agora