| If Our Love is Wrong | YoonKook

|Black Hole and dinners|

  Meu coração disparou no momento em que eu o vi adentrando as portas da igreja. Ele estava todo arrumado, como todo domingo, vestindo um terno preto e uma camisa vinho debaixo da gravata. Seu cabelo todo ajeitado, mostrando sua testa lisa e sem espinhas. Não havia nada em Jungkook que não fosse bonito e eu estava ciente disso. Ele era a pessoa mais perfeita que eu havia conhecido.

  Com seu instrumento sendo carregado zelosamente, ele se sentou no banco dos músicos, cumprimentando seus colegas musicistas. Era nessa hora que eu implorava para Deus que me desse o dom da música, mas Ele parecia saber dos meus desejos pecaminosos e sempre achava um jeito de me manter distante. Eu até concordava embora chorasse durante quase toda noite. Eu, Min Yoongi, um garoto errado diante de todos, não tinha o direito de desvirtuar uma alma como a dele. Jeon Jungkook era o anjo na Terra, mesmo com sua expressão séria e apática de sempre, e o desejo de toda a família. Ele era um bom partido para as demais irmãs solteiras da igrejas e seria um ótimo genro para seus pais, mas, maiormente, era o orgulho de qualquer pai. Havia passado em primeiro lugar na faculdade de engenharia da cidade e nunca deu vergonha aos seus pais. Os Jeon's eram gratos a Deus pelo filho mais velho que ele havia preparado e eu concordava com isso. Ter Jungkook por perto era como respirar depois de muito tempo em meio à fumaça e eu gostava dessa sensação, mesmo que nos falássemos, em média, uma vez a cada seis meses. No entanto, vê-lo todo domingo na igreja e sentar na mesma direção do banco, já me fazia o garoto mais feliz do mundo.

  Eu poderia dizer que tive sorte, por ter conhecido-o e por ser vizinho dele desde os oito anos. Dez anos depois, descubro que toda a admiração que eu sentia por ele, virou amor. Um amor puro e impuro. Se eu tivesse a sorte de ter nascido uma garota, eu teria pedido a Deus mil vezes que me preparasse para ser sua esposa logo, mas eu havia nascido menino – para o meu próprio desgosto – e não há nada que eu possa fazer.

  Não me lembro de como me apaixonei por ele, mas lembro de como eu me senti diferente quando ele desviou seus olhos escuros do livro de física e me encararam com curiosidade. Ele tinha onze anos e lia um livro sobre o espaço, especificamente sobre buracos negros. O meu eu de oito anos caminhava para casa, carregando um picolé e um coelho esfarrapado que eu nunca deixava de lado, quando ele desviou seu olhar para mim e me paralisou no lugar. Ele me chamou até ele e eu caminhei lentamente, imaginando que ele seria aquele tipo de garoto que me arrancaria o picolé na porrada se eu não o desse de boa vontade. Entretanto, para o meu espanto, ele perguntou:

  — Você sabia que um dia podemos ser engolidos por um buraco negro? — perguntou ele, seus olhos escuros focados em mim e a expressão séria.

  Neguei com a cabeça, incapaz de abrir minha bocar e botar um não para fora. Desde aquela época o Jeon me deixava nervoso.

  — Venha ver. — me chamou, apontando para o seu lado e eu fui, me sentando timidamente, ainda receoso de estar tão perto. Ele apontou para o desenho do livro e me explicou o que ele havia aprendido. — Qual o seu nome? — ele perguntou, depois de longos minutos me assustando.

  — Min Yoongi... — murmurei, revezando o olhar entre o livro e ele. — Hyung, isso vai mesmo nos sugar?

  — Vai, mas não fala quando... — confirmou o maior, vendo os meus olhos pequenos se arregalarem e demonstrarem medo.

   — Hyung, eu não quero ser sugado por esse negócio preto... — choraminguei, realmente com medo.

  — Não se preocupe, Yoongi. Isso pode demorar muito tempo, tipo bilhões de anos, e a gente não vive tudo isso. — sorriu, acariciando meu cabelo. Meu coração disparou e faltou muito pouco para eu não sair correndo dali. Eu não tinha um irmão mais velho e meus pais não eram tão carinhosos comigo como eram com a minha irmã, então eu não estava acostumado a receber carinho e isso me deixou assustado.