Capítulo 04

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Eu sabia que eu era uma criminosa, mas andar com aquelas drogas me fazia sentir uma traficante fugindo da polícia.
Eu andava suspeitamente e à qualquer momento sabia que descobriram aquelas drogas e eu iria pra solitária.
- Detenta! - a voz da policial fez eu gelar e ficar paralisada.
- Sim, senhora?
- Está tudo bem?
- Sim, por quê?
- Você parece nervosa.
- Nã.. não é que.. - suspirei profundamente. - Esses são os meus primeiros dias aqui e estou me sentindo horrível. - ela arqueou a sobrancelha esquerda e sorriu de lado.
- Devo imaginar o quão terrível. Você tem família?
- Sim.
- Sinto muito, mas da próxima vez pense mais de duas vezes antes de fazer besteira.
- Agora eu sei disso. Bom.. agora eu preciso ir. - rebaixado meu olhar
- Se cuida hein, e cuidado com essas traficantes que andam por aí.
- Traficantes?
- Karina e Paloma, elas que comandam o tráfico aqui na prisão.
- Ah.. obrigada pela dica. - digo meio sem jeito.

. . .

Na entrada dos blocos, eu via Karina com um uniforme preto, uma de suas mãos estava solta, já a outra estava com um gesso igual a minha. Ela tinha uma cara assustadora, parecia que queria quebrar a cara de alguém. Várias detentas comemoravam, gritavam e aplaudiam-na.
Eu corri até ela
- Karina.
- O que você quer? - falou grossa
- Preciso conversar com você.
- O que é?
- Aqui não né.
Peguei na mão que não estava quebrada e levei-a até minha sela.
- O que é? - ela falava cruzando os braços
- Hoje eu estava no pátio fumando um cigarro e a Paloma chegou em mim e me entregou isso. - tirei do bolso as bolinhas de heroína. Ela arregalou os olhos
- Guarda isso sua abestada!
- Karina me ajuda, o que eu faço?
- Se VIRA!
- O quê? - disse incrédula
- Se VIRA! Eu avisei para ficar longe da Paloma e você me ignorou, agora você está aí desesperada. - eu gostaria de chorar, mas engoli o choro fechei a cara. - Qual o mínimo que você precisa?
- Dois mil
- Nossa.. a Paloma tá fraquinha hein. Vou comprar por quatro mil, - um sorriso largo aprace em meu rosto. - porque sei o que Paloma fará se não conseguir se livrar dessa droga ai.
- Obrigada! Obrigada! Obrigada! - a abracei alegremente.
- Tá, tá agora diminscosta
- Mas..
- O que foi? - arqueia levemente a sobrancelha
- Ela vai descobrir que eu vendi pra você e.. ela vai me fuder de qualquer forma. Ahn.. você poderia.. espalhar pras detentas, por favor?
- Não! Ela vai fazer isso. Relaxa aí.
Suspurei profundamente e fechei lentamente os olhos.
- Da próxima vez, você me escuta. - disse num tom frio. Ela fez o clima ficar tenso

. . .

O medo que percorria em mim, fazia com que arrepiasse até o último fio de cabelo.
Meu rosto suava friamente, eu tinha até sexta para entregar esse dinheiro para Paloma e só tinha 500 libras.
Enquanto fumava tensamente, batendo as pernas sem parar, uma menina chegou perto de mim.
- Oi! - se sentou um degrau a baixo de onde eu estava sentada
- Oi!
- Você que é a Lívia?
- Sou sim, você quer droga é?
- Na verdade não, eu sou Thalia, uma grande amiga de Ruth.
Ela sorria alegremente. Tinha uma pele negra aparentemente macia e delicada, cabelos traçados em um coque e seus olhos que eram castanhos, pareciam mel na panqueca.
- Ah ok então. Mas o que foi? - eliminei a fumava que estava em minha boca
- Ruth e Karina falam bastante de você, gostaria de conhecê -la pessoalmente. - sorri levente de canto. - E então, foi condenada por o quê?
- Homicídio, e você?
- Jura? Homicídio?
- Pois é
- Você parece ser aquele tipo de pessoa que tem a vida perfeita e que não precisa nem colocar os pés no chão. - gargalhei
- É, as pessoas acham que pelo fato de ser branca de olhos azuis, que eu tenho uma vida perfeita. E eu realmente tenho, ou melhor tinha. - fiquei observando as detentas correndo com a bola de basquete
-  Bom, eu sinto muito. Respondendo a sua pergunta: eu fui condenada por roubo
- Roubo de quê?
- Carros, joias, posso me considerar uma especialista. - orgulhou-se
Equanto conversávamos eu vendia para várias daquelas mulheres, quanto mais acabava, mais eu me sentia aliviada.
E ao final do dia tudo já estava vendido e eu havia conseguido, no total, cinco mil euros.
- Meus parabéns!
- Obrigada, você sabe o quanto estou feliz! - eu rodopiava feliz
- Devo imaginar. - ela abriu um sorriso
Entrei na sela de Paloma e a vi sentada em sua cama folheando uma revista.
- Aqui o seu dinheiro! - peguei e o joguei de leve para ela
- Mas olha como você é rápida, acho que poderia virar..
- Não, eu não vou mais fazer isso porque tive um ataque de ansiedade hoje
- E só por isso não quer mais ser..
- Não, - eu não a deixava terminar uma só palavra. - Você me pôs em perigo e sabe muito bem disso. - cruzo os braços com fúria em meus olhos
- Você.. não é nada aqui! NADA e tenha certeza de que posso fazer você e sua família se ferrarem. - ela dizia em tom ameaçador
- Não, ninguém, tá me ouvindo, NINGUÉM mexe com a minha família. E gostaria que você soubesse que fui condenada por sete homicídios, sem contar pelos que não foram descobertos. - um sorriso maligno apareceu em meu rosto
- Isso foi uma ameaça?
- Tenha certeza que sim! - falei seriamente
Bati em sua cama, assim criando uma musiquinha. Podia ver seus olhos fuzilando de raiva em cima de mim e tinha a certeza que havia cometido um terrível erro, como Karina já havia me dito, ela era uma puta de uma traficante e traficantes matam, matam a sangue frio.
Ela poderia mandar me atacarem ou até me matarem.
Aqueles pensamentos rodeavam a minha cabeça e estava desligada de tudo.
- LÍVIA! - Ruth gritou
- Oi, o que foi?
- Eu soube o que aconteceu! Deu tudo certo?
- Sim, sim.
Uma lembrança do nascimento de Emily invade minha cabeça. E e se eu morresse? E se me decidirem me torturar até meu último respirar? E se..? Esses "e se" rodeavam em minha mente e eu não conseguia mais tirar esse pensamentos negativos de minha cabeça.

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⏰ Última atualização: Oct 16, 2019 ⏰

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