-Alo, Janet?
Erick já estava no elevador quando o celular apitou.
-Ouw, Erickson, sou a sua mãe. -Ela exclamou do outro lado da linha.
Era difícil lidar com a própria mãe. E era exatamente isso que Erick pensava todas as vezes que ouvia aquela voz.
Ele revirou os olhos, e soprou o mal ânimo.
-Aconteceu alguma coisa? -Disse, seco.
-Como aconteceu alguma coisa? "Aconteceu alguma coisa". Erick, que tipo de mãe você enxerga em mim?
-Não é uma boa hora para esse tipo de conversa.
-Ah! Há uma conversa?! -Estava ofendida e magoada, ou pelo menos soava assim. -Ok, Erick Judson, passar bem!
-Fica bem também! -Arrastou uma ironia pronto para desligar.
-Ah, não! ESPERE! -Janet engasgou exagerada com medo do filho já não estar mais do outro lado da linha. -Eu havia me esquecido...
-É claro que havia...
-O velho do seu pai está vomitando as tripas. -Disparou -Doutor Greeman trouxe um diagnóstico totalmente inrracional, na minha opinião. Um homem velho cospe sangue algumas vezes durante a semana, é normal! Todo mundo sabe disso! Mas a minha palavra, como sempre, não basta para ninguém. E o paspalho do Greeman exigiu que alguns exames fosse feitos...
-Olha! -Erick estava cansado de ouvir toda aquela mentira todos os dias. Respirou um pouco antes de falar. Não queria ofender ninguém. -Aonde foi parar todo aquele dinheiro que lhe enviei há duas semanas? Não é suficiente?
-Ah! Aquelas moedas? Quase nos mata de fome! Seu pai virou um porco caro. Não há como manter essa quantidade desprezível por mais de cinco dias...
-Ele virou um porco caro, ou é você quem tem comido leitões gordos demais essa semana?
-O que você está ousando insinuar, garoto?
-Olha... -Respirou fundo de novo. -Janet, eu não posso enviar mais dinheiro, não assim, de uma hora para outra...
Janet mal ouviu a última frase, já estava profundamente magoada. E isso sempre a fazia dizer coisas.
-Pois deixe que seu pai, aquele ogro gordo e nojento, morra sobre aquele lençol fedido! Espero que quando veja a cara enrugada daquela foca obesa no caixão, não afunde em remorso e acabe descobrindo que eu sempre, sempre, estive certa quando duvidei que você seria bom o suficiente para nos dar a vida que merecemos ter. Que espécie de pai você será para o pequeno Cody, além de um fracassado sexualmente reprimido? Até logo, Erickson.
E desligou.
Uma notificação de e-mail. E outra. E outra.
Ele não parou de olhar para a tela do smartphone.
Mas todo aquele congestionamento de informações ciberneticas não foi capaz de lhe fisgar a atenção.
Era inevitável que aquela velha sensação de incapacidade e irrelevância voltasse, e acabar no mesmo lugar, que há 30 anos atrás, era como despencar.
107° andar.
O elevador parou e se abriu.
Ingrid Plimburg esperava por ele no corredor.
Erick ainda encarava o celular com devoção.
A jovem inclinou a cabeça e encolheu os olhos.
-Sr Judson? Está tudo bem?

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Computar
Romance[Logo faço uma capa melhor] Erick é um pai solteiro humanamente metódico e sério. Aos 37 anos descobre um diagnóstico de ansiedade e depressão. Depois de um conselho resolve descobrir o mundo dos games em busca de uma fuga dos problemas. Em um RPG...