Capítulo 10

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Kara Danvers P.O.V


Vozes e apitos por todo lado mas eu não conseguia identificar de onde vinham. Abrir meus olhos estava sendo uma tarefa difícil pois parecia que uma tonelada estavam sobre eles.

–Como foi a cirurgia?–Escutei alguém perguntar, pelo tom grave da voz deu para perceber que era um homem. As vozes estavam vindo de perto de mim. Me forcei novamente a abrir os olhos.

–Foi tranquila. Daqui alguns dias ela terá alta.–Uma mulher, provavelmente, respondeu. Senti algo ser puxado do meu braço me causando um pouco de dor.

–Eu nunca tinha visto uma mulher intersexual que optou por manter o órgão masculino.

–É mesmo um caso interessante.–Meu braço foi segurado e em seguida senti algo me pinicar.

–Será que ela não sabe sobre a cirurgia de remoção?

–Eu não sei.–Até eu estava conseguindo ver que a moça não estava interessa naquele assunto. Eu sabia muito bem sobre a cirurgia de remoção do órgão, pensei em fazer quando eu tinha quinze anos mas acabei desistindo.–Preciso que você vá buscar uma bolsa de soro nova, por favor!

–Claro, linda!–Escutei passos cada vez mais longe.

–Idiota!–A moça resmungou.–Por que todos os caras são tão estúpidos?–Senti algo quente tocar a minha mão.–O efeito da medicação está acabando e você acordará. Se você sentir dor volto a dar a medicação.–Agarrei me naquela coisa quente que tocava em minha mão. Forcei meus olhos a abrirem e lentamente consegui ver uma luz branca.–Seja bem-vinda, senhorita Danvers!–Pisquei algumas vezes me acostumando com a forte claridade daquele quarto. Olhei para o lado e vi uma moça vestida com um jaleco branco e com um sorriso tímido em seus lábios. Seus cabelos pretos estavam soltos, ela era bonita.–Eu sou a doutora Nia Nal e fiquei responsável pelo seu caso.–Observei o quarto inteiro procurando algo que me fizesse lembrar das últimas horas mas nada me veio a mente, não sabia nem como tinha vindo parar ali. A doutora pareceu perceber que eu não estava reconhecendo nada.–Você não deve lembrar de muita coisa mas você deu entrada aqui há dois dias, você sofreu um acidente de carro perto do centro da cidade. Assim que peguei seu caso vi que eram necessárias algumas cirurgias pois seu tendão...

–Eu não quero saber sobre as cirurgias.–Interrompi. A doutora sorriu e assentiu.

–Tudo bem, pelo que acabei de ver você terá alta daqui alguns dias. Provavelmente na sexta-feira. Tentamos encontrar algum telefone para avisar sua família de que você está bem, mas não conseguimos encontrar. Você poderia me passar o número de algum familiar?

–Se você consegue ligar para o céu ou para o inferno, eu posso até pensar em te dar.

–Ah, me desculpe!

–Não, eu peço perdão.–Suspirei.–Não deveria ser grossa, você só está tentando me ajudar.

–Tem alguém com quem você queira falar?

–Tem sim, você poderia, por favor, procurar o número da galeria de artes Sweet Art na internet e procurar por Imra. Diga a ela que estou aqui?

–Claro, farei isso!–Sorriu e me encarou. Queria perguntar a ela o porquê de estar ainda ali mas não queria ser grossa. Levantei as sobrancelhas e sorri de volta.

–Você precisa fazer mais algum procedimento em mim?–Mordi o lábio sentindo minha garganta seca.

–Não mas preciso que você solte minha mão para que eu possa realizar seu pedido.–Levantou sua mão a qual a minha estava entrelaçada. Como eu não tinha sentido isso?

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