Capítulo Único

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           Na sua estante.
      WoodWeasleyFlint
     Eu sou trouxa! Por quê? Porque eu estou do lado do meu namorado que está comendo seu suposto rival com os olhos. Em plena mesa de café da manhã, Oliver Wood não vê problema em trocar olhares e sorrisos com Marcus Flint, mas acha uma afronta segurar a minha mão em público.
       Percebo que somos muito diferente enquanto " conversamos" sobre quadribol, que na verdade está mais para monólogo do Capitão Wood sobre o desempenho da Grifinória na Copa das Casas. Eu, Percival Weasley, um nerd rato-de-biblioteca , nunca iria fazer um bom par com um capitão de quadribol e às vezes acho que realmente Oliver deveria me deixar para ficar com um homem que lhe entendesse, um homem como Flint, mas não penso muito nisso enquanto rebolo no colo do castanho e beijo seus lábios com sabor de menta.
        Depois de mais alguns amassos intensos, que com certeza me fariam ficar vermelho só de lembrar depois, eu me aconcheguei no peito do mais alto e recebi com louvor seus dedos longos e com calos massageando meu couro cabeludo, estava cansado, e o cafuné dele me fazia sonolento.
      " Você gosta mesmo de cafuné, não é? " sua voz era quase um sussurro ao vento.
      " Tô aproveitando cada segundo , antes que vire tragédia " mal consegui responder decentemente, o sono vinha com tudo.
      " Hey, o que isso quer diz-" sua voz foi ficando longe até desaparecer e o escuro tomar conta.
       Assim que acordei, estava só no quarto, e fui a sua procura, coloquei meus óculos, pantufas e saí do Salão da Grifinória. Dois corredores foram o suficiente para  o meu mundo desabar.
      Nunca tinha visto uma cobra se atracar tão violentamente a um leão daquele jeito, mas lá estavam Flint e Wood. Eram tantos detalhes como Oliver prensado na parede com as mãos na nuca do moreno, as mão grande de Flint apertando com vontade as nádegas de Wood, os ruídos e gemidos que os dois emitiam. Era tudo demais pra minha cabeça, e nem percebi quando as lágrimas se apossaram do meu rosto e meus joelhos foram de encontro com o chão, fazendo-os se separar bruscamente.
       "Não é isso que você está pensando, Percy!" "Não há necessidade de mentiras esfarrapadas, Ollie, estava na hora dele saber." "Não seja tão insensível, Marc!"
      Eles estavam brigando feito um casal na minha frente, mas isso não importava, mal consegui prestar atenção no que eles estavam falando, estava concentrado demais no que estava acontecendo na minha própria cabeça. Choque: "Isso está acontecendo mesmo?"; Decepção: " Eu fui tão burro assim, ao ponto de não ter percebido o que estava esfregado na minha cara?"; Auto depreciação: " Você nunca foi o suficiente para ele mesmo, ninguém se contentaria com um nerd raquítico como você! "; Raiva. 
         Meu rosto queimou de raiva. Eu me levantei, recuperei minha dignidade e os encarei de queixo erguido. Mesmo que meus olhos demonstrassem minha dor, eu encarei o falso leão nos olhos e disse algo que sabia que o feriria.
       "Nunca achei que você fosse tão baixo."
        Seu olhar não demonstrou reação alguma, mas o som da risada de ambos atingiu meu ego como facas e em um piscar de olhos, percebi que tinha seu colarinho amassado em minhas mãos e nossos rostos tão próximos, não me causavam mais desejo.
       "Você me vê vermelho e acha graça, mas eu não ficaria bem na sua estante, não é mesmo, Ollie?" 
         Eu não era a cobra da situação, mas estava parecendo de tanto veneno que escorria de minhas palavras. O empurrei, já havia decidido o que faria. Fui para o quarto já convocando pena e pergaminho, escrevendo de qualquer jeito as palavras 'Não adianta me procurar em outros timbres, outros risos.' enquanto fazia o malão com um feitiço.
        Mandei um bilhete para Dumbledore autorizar minha saída e depois de passar da barreira anti-aparatação, aparatei para o vilarejo mais próximo. Sei que poderia ter ido direto pra casa, mas precisava de um momento à sós e por isso preferi pegar o Nôitibus. Aproveitei a viagem na companhia de minhas lágrimas e pensamentos, mamãe iria me matar por ter abandonado Hogwarts.
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        Tinha conseguido um emprego na Floreios & Borrões. Era uma papelaria bruxa no Beco Diagonal e por algum motivo me sentia mais confortável lá, do que jamais me senti em Hogwarts.
         Era época de volta às aulas e portanto a loja estava lotada. Cheia de pais e crianças pedindo ajuda ou escolhendo os produtos mais caros. Mamãe já tinha passado lá com Ron, Harry e Hermione para comprar novas penas e pergaminhos. Lorde Malfoy tinha passado com o filho mimado e sinceramente achei que ele ia comprar a loja.
        Quase no fim do expediente surgiu duas pessoas no balcão. Um tinha cabelo castanho curto e pele amorenada, o outro era pálido com cabelos rebeldes negros. Depois de cinco anos, a surpresa foi grande ao ver Oliver Wood e Marcus Flint na minha frente, trazendo todas as memórias dolorosas a mente.
       Eles me convidaram para tomar uma cerveja amanteigada depois do fim do meu turno. Por algum motivo desconhecido, eu aceitei, não lembro muito bem o que aconteceu, apenas deles dizendo que tinham me procurado em todo e qualquer lugar, menos debaixo de seus narizes. Na manhã seguinte acordei com os dois me espalhando beijos pelo rosto e  dorso.

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       -Percival Weasley, quantas vezes eu já te disse para não ficar até tarde escrevendo?
        Eu acordei com a voz melodiosa de Oliver. Meu corpo todo dolorido, tinha dormido em cima dos meus rascunhos de novo. Esfreguei meus olhos e concertei meus óculos que tinham entortado devido a posição a qual caí no sono.
       Ele estava sem camisa, com as calças de pijama com estampas de pequenos pomos de ouro, enquanto segurava minha caneca de café. Seu sorriso torto e cenho preocupado me fez perceber que tinha muita sorte de acordar com aquele ser divino ao meu lado. Dei um sorriso leve para ele, recolhendo a caneca de sua mão.
       -Vamos nos atrasar para a Copa de Quadribol Feminino, sua irmã vai jogar e eu tenho quase certeza que se a gente perder o horário, ela vai nos cruciar.
        Marcus entrou no quarto já vestido com seu costumeiro terno risca-giz. Malditos sonserinos com seus costumes esnobes e ternos que lhes deixam super gostosos. (Harry e Ron concordam comigo)
        Levantei da cadeira, deixando a caneca na escrivaninha, e me dirigi a ele. Retirei seu paletó, dobrei suas mangas, abri dois botões da camisa e lhe dei um selinho enquanto arrumava seu colarinho.
        - Você iria cozinhar se fosse com o terno completo.
         Ele deu um sorrisinho de lado que o fez parecer um galã de primeira, com aquele cabelo penteado para trás e aqueles olhos cor de mel sedutores, me fazendo derreter todo.
         Oliver deu beijinhos na minha nuca e me puxou para o banheiro. Afinal, Marcus estava certo, tínhamos uma Copa para ir, precisava dar esse suporte para minha irmã.
       

           Se alguém me dissesse quinze anos atrás que eu estaria indo a um jogo de quadribol com os dois jogadores mais cobiçados, tanto profissional quanto sexualmente, que por acaso seriam Oliver Wood e Marcus Flint, eu acho que seria capaz de cruciar essa pessoa. Mas lá estava eu, nas arquibancadas, gritando o nome da minha irmã, entre aqueles dois deuses gregos.

       Pois no fim, eu realmente não ficava bem na estante de Oliver, porque o meu lugar era na nossa estante, na estante WoodWeasleyFlint.

    

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