Rain of Pain

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Com um suspiro impaciente, Lena atende à chamada:

 - Suponho saber do que se trata.

A voz do outro lado da linha, replica:

 - Nunca imaginei que um Luthor seria capaz de desonrar sua palavra. - profere de maneira cínica.

Com um sorriso irônico, Lena responde à acusação:

 - Sou uma mulher de negócios, Andrea. E sei esperar o momento certo para dar o bote. Mas parece que você só não captou isso ainda. Terá o que foi combinado. Mas antes, preciso de um outro favor seu.

 - Comprar a CatCo já não foi o suficiente?

 - Devo lhe desapontar em dizer que não. - retruca Lena em um tom obstinado.

 - Bom, uma mão lava outra. Não é mesmo, Lena? - responde de forma sarcástica.

 - Eu quero que você torne a vida de Kara Danvers um verdadeiro inferno.

 - Eu ainda vou querer saber o motivo da sua desavença com a Danvers?

 - Faça o que for preciso. - finaliza a chamada de maneira truculenta.

E mais uma manhã gloriosa em National City. Enquanto seus cidadãos despertam com o "beep" de seus relógios, preparam seus cafés da manhã e se aprontam para mais um dia de trabalho, em um dos inúmeros apartamentos da cidade, Kara confia seu despertar em sua super audição:

 - "Eu quero todas as bolsas e carteiras postas ao chão! Não queremos machucar ninguém, mas caso não haja colaboração, a situação pode ficar bem desagradável!"

Kara mal pôde abrir os seus olhos, e logo já se transformou em seu alter ego de super-heroína. Pelo som que emanava do local, de caixas registradoras sendo violadas e uma grua de gomas de mascar se despedaçando ao chão, Kara pôde deduzir, então, que se tratava de uma loja de conveniência. Pôde ouvir, também, o soar de uma balsa; constatando que o local estava próximo ao porto da cidade.

Em menos de 30 segundos, Supergirl aterrissou na área do crime:

 - Vocês já deveriam saber que eu não lido muito bem com criminosos! - se apresentou com os punhos em sua cintura.

 - Atira! - ordenou um dos assaltantes.

 - Mas... - disse relutante e confuso o outro criminoso.

 - Eu mandei atirar! Atira!

E então se iniciou uma chuva de projéteis em direção à Supergirl:

 - É sério isso? Pra que atirar? - disse a super-heroína em um tom inconformado e sarcástico, enquanto caminhava tranquilamente, contra os tiros, em direção ao mandante.

 - Vocês não entendem mesmo o significado de "Garota de Aço"? - disse enquanto retorcia a metralhadora do meliante.

Com sua super velocidade, Supergirl ajuntou a gangue de assaltantes e, com uma das hastes de um navio próximo, amarrou-os em conjunto.

 - Bom dia, National City! - disse em tom debochado enquanto suspirava satisfeita com seu desempenho.

Antes que pudesse decolar, um dos bandidos proferiu à kryptoniana:

 - Um dia, Supergirl, você será tão vulnerável quanto qualquer um de nós. E esse dia... Há de chegar em breve!

Kara sentiu então um calafrio tomar o seu corpo com a frase que escutara, mas logo se recompôs e decolou em direção à CatCo.

Com seu novo super traje, se tornou mais simples retomar a identidade de Kara Danvers: bastava recolocar os seus óculos. Supergirl então o fez e, logo em seguida, adentrou em seu ambiente de trabalho.

 - Atrasada! - condenou Andrea Rojas, sua mais nova chefe.

 - Senhorita Rojas! Ah, peço desculpas... Infelizmente o ônibus que eu costumo pegar atrasou e...

 - Quero conversar com você em minha sala. - disse a CEO ao interromper a repórter. - Ahn... Depois dessa ligação, só um minuto. - atendeu ao celular enquanto caminhava em direção ao seu escritório.

 - Ei! Você tá legal? - perguntou Nia ao notar que a amiga estava um tanto distraída.

 - Eu tô... Tô, sim! Foi só... Assaltantes em uma loja de conveniência hoje de manhã, você sabe, o de sempre.

 - E como foi com a Lena ontem?

 - Ah, foi... - Kara interrompe a fala ao ser chamada por sua chefe.

 - Senhorita Danvers! Por favor, fique à vontade. - disse à repórter enquanto estendia a mão em direção à uma das cadeiras para que Kara se sentasse.

 - No que posso ser útil, senhorita Rojas? - pergunta em um tom otimista.

 - Deve se lembrar de William Dey, o repórter do The Times.

 - Como eu poderia esquecer? - disse Kara em um tom irônico.

 - Bom, sendo assim, devo lhe notificar que ele fará parte de nosso time, por tempo... Hmm, indeterminado.

 - An... É... Sempre muito bom agregar grandes nomes à CatCo! Tenho certeza de que ele... Encontrará seu lugar. - respondeu de maneira surpresa e, ao mesmo tempo, um tanto infeliz.

 - Bom, já encontrou! Ele será nosso repórter de primeira mão, e você, sua assistente.

Kara praticamente levanta vôo com o salto que deu da cadeira onde estava sentada e, com um tom perplexo e atordoado, contesta a decisão de sua chefe:

 - Mas isso é uma injúria! Eu sou uma repórter comprometida com o meu trabalho, que luta pela verdade e permite que todas as vozes sejam ouvidas! Eu daria a minha vida pela minha profissão! E nem mesmo você, e nem ele, e nem ninguém tem o direito de dizer o contrário, e muito menos tachar meus atributos como insignificantes e me rebaixar a um nível ao qual eu certamente não pertenço, porque eu sou e posso ser muito maior do que William Dey jamais foi ou será! - conclui suas contrarrazões em um tom determinado e ofegante.

 - É mesmo...? E onde é que está o seu diploma? - contrapõe Rojas em sentido sarcástico e impiedoso.

 - O quê? Mas... Ter ou não um certificado não invalida as minhas competências. - responde Kara em uma tonalidade desconsolada, com seus olhos já preenchidos por lágrimas.

 - Na verdade, sim. E se você não se sente confortável com a maneira em que eu administro a minha empresa, pode se juntar ao seu amigo, o senhor Olsen e, procurar qualquer outra coisa pra fazer. Devo pedir que você libere sua mesa o quanto antes e, por favor, esteja disposta a colaborar com o senhor Dey sempre que ele solicitar. - concluiu de maneira ríspida.

 - Mas... Eu ganhei um Pulitzer. - diz Kara, completamente desolada, enquanto seus olhos fitavam o chão, incrédulos.

Logo em seguida, William adentra à sala de Andrea Rojas:
 
 - Bem, sejamos honestos. Você é incapaz de ser imparcial nos seus artigos. - retruca de maneira egocêntrica.

Kara, então, deixa a sala de sua chefe com seu coração aos pedaços, enquanto caminha apática pelo escritório, sem conseguir entender o que tinha acabado de se passar, em estado de choque.

Ao fundo de todo aquele barulho de teclas de computadores, telefones, discussões e goles de café, Kara escuta mais adiante o som de um objeto se quebrando ao chão em conjunto com um gemido familiar:

 - "Lena!"

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