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Alison DiLaurentis

A vida de Alison DiLaurentis estava sendo algo novo para mim. Era como aprender certos costumes, aprender a ter certos gostos, aprender a sorrir para quem eu não conhecia, ou ao menos achava que não.

Em dois dias, depois do dia em que eu acordei, eu conheci várias pessoas, dentre elas haviam alguns parentes e algumas garotas que disseram ser minhas amigas. Eu tratei todos por igual, inclusive o casal que falou que eram meus pais. E por mais que eles tivessem se esforçado para demonstrar que estava tudo bem, eu pude ver a tristeza no olhar de Jessica DiLaurentis a cada vez que, discretamente, eu puxava minha mão debaixo da sua, incapaz de sentir uma conexão sequer diante daquele contato.

Kenneth parecia um pouco mais frio, pois a todo momento ele se preocupou mais com sua esposa do que comigo. Eu nunca diria que ele era meu pai se a própria Spencer não tivesse me dito antes.

No fim das contas, talvez Spencer fosse a única em que eu estivesse começando a confiar, mas isso não mudava o fato de que eu me sentia uma estranha com qualquer um deles. Eu só precisava de um tempo, eu precisava respirar, absorver a notícia de que por algum motivo desconhecido eu capotei o carro e quase morri a vários metros abaixo da via. Essa era uma boa questão cuja resposta eu queria saber, porém ninguém podia me ajudar.

[...]

O médico me deu alta e eu só precisava juntar tudo e ir embora. Spencer me mostrou fotos nossas em alguns lugares, viagens, momentos aleatórios, e percebi que éramos amigas de longa data. Eu observava detalhadamente minha aparência, era estranho se ver mas não se sentir ali, como uma sensação de que seu corpo esteve adormecido enquanto sua alma andou perambulando por aí, e agora você tem de assumir a responsabilidade de ser alguém que todos costumavam conhecer.

E isso não me agradava em nada. Eu não tinha nada daquela Alison em mim.

- Então, qual é mesmo meu segundo nome? -- perguntei para Spencer enquanto ela dirigia até o apartamento que ela dizia ser o meu. Eu escolhi ir com ela, pois me sentia mais a vontade.

- Lauren. Porém, você sempre preferiu "Alison". -- ela me olhou e sorriu.

- Por que esse sorriso aí?

- Você dizia que o nome causava uma impressão mais séria, como de uma garota cheia de atitude.

- Uau. -- exclamei um pouco alto, insegura do jeito que eu estava, não conseguia me imaginar sendo essa Alison tão autêntica.

- De fato, você sempre foi alguém admirável. Personalidade forte... as vezes cabeça dura. -- ela falou baixinho a última frase, mas alto o suficiente para que eu escutasse.

- Ah, é? -- fingi estar ofendida, ao mesmo tempo em que fiquei curiosa. -- Cite uma situação dessas que me envolva.

Esperei sua resposta enquanto eu a encarava.

Spencer Hastings

Senti-me pressionada, era um assunto delicado, pois tratava-se de uma fase difícil para Alison, cuja lhe custou vários momentos de paz, lhe tirou boa parte da saúde mental e também boa parte de sua vida, pois ela perdeu muito tempo se remoendo por algo que nunca foi sua responsabilidade.

Alison passou cinco anos de sua vida se lamentando por algo que infelizmente não estava sobre seu controle, ela sequer estava tentando esquecer aquilo e perdia cada vez mais o foco principal da vida: andar para a frente, sempre.

E por ter sido uma fase tão ruim de sua vida, como todas as lembranças desse passado triste tinham sumido completamente de sua mente, e principalmente, as chances de Emily e Alison se verem eram praticamente inexistentes, eu optei por mante-la à parte dessas informações desnecessárias. Ela não merecia sofrer tudo de novo.

- Ah, Alison... -- eu a olhei e sorri. -- Você foi cabeça dura quando disse que biscoito recheado é chamado de bolacha.

Alison finalmente riu, pela primeira vez eu senti a presença da minha melhor amiga ali.

With love, Emily Fields - Emison Where stories live. Discover now