Escolha

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P.O.V (S/N)

Eram dois homens.
Os dois usando a mesa roupa, provavelmente algum tipo de uniforme.
Um deles tinha cabelo curto e castanho e olhos da mesma cor, barba, sobrancelhas grandes, uma cicatriz no olho direito (a direita dele) e estava fumando um cigarro.
O outro era apenas um pouco mais alto, tinha cabelo castanho escuro que era um pouco mais longo, e também tinha olhos castanhos.

Eu acho que o que mais me assustou não foi a presença deles, mas sim as armas que carregavam em suas costas

'Eu vou ser fuzilada??' Pensei, deslizando um pouco meu corpo pra trás no chão, com meus olhos arregalados, esperando alguém falar algo

A figura mais alta se agacha na minha frente, forçando contato visual, enquanto o outro cruzava os braços e se debruçava na porta aberta

"Nós ouvimos gritos e algo caindo, está tudo bem?" A figura disse

Por um momento eu pensei que ia acabar não sabendo falar a língua deles, mas felizmente eu já havia aprendido inglês "Sim..." Minha voz tremia, mas meus olhos já não estavam mais arregalados. Sinto suor frio descer meu rosto.

"Ótimo. Não vamos te machucar se você não se apresentar como uma ameaça, ok?" Eu balanço minha cabeça, dizendo sim "Certo. Agora senta na cama, que eu te explico o que está acontecendo."

"E tenta não fugir até ouvir tudo" O homem na porta acrescenta

Eu me levanto com fraqueza por causa da minha dor muscular, e me sento na cama mais próxima; o homem que estava falando comigo faz o mesmo, voltando ao assunto

"Primeiro: você está em uma espécie de base militar. Red Army, o exército vermelho. Já ouviu algo sobre isso?"

Uma base militar... Mesmo que isso explique as armas e uniformes, por que alguém me levaria a uma base militar? Eu posso ser meio forte e sei o básico de ataque e defesa, mas não teria nem chance com alguém treinado pra isso.
Eu já havia ouvido algo sobre esse tal Red Army aqui na Europa, mas não muito. "Mhm"

"Ok. Qual seu nome?"

"...(S/N)..." Digo, hesitando um pouco

"(S/N), me chame de Pat e chame ele de Pal, entendeu?"

"Sim..."

"Então, nós somos soldados desse exército, como já deve ter pensado. Mais especificamente os braços direitos do Líder Vermelho" Ele pausa "Ele nos mandou pra te dar uma escolha. (S/N), você pode virar um dos soldados desse exército, ou morrer aqui."

Meu coração parece parar por um segundo. Treino militar ou morte? Eu fiz algo de errado pra merecer isso?
Isso foi de 0 a 100 bem rápido.
Minha mão treme, e o homem ao meu lado nota tal comportamento.

"Olha, eu até falaria algo pra te acalmar, mas é exatamente o que você ouviu. Pelo menos você não vai ser a única nova aqui, afinal, nós temos outra garota a quem vamos fazer a mesma proposta"

Eu paro de tremer e me surpreendo ao ouvir isso. Outra garota? Séria ela.... "Alexa????" Eu aumento meu tom de voz "É ela??! Ela tá bem?! Por favor, eu preciso vê-la!"

"Fala mais baixo, por favor" Pal diz, ainda com a mesma expressão neutra, mas seu tom de voz expressava que estava irritado

Eu volto a agir como antes. Afinal, não quero morrer só por pura teimosia "D-desculpa.... É que..." Eu sou cortada no meio da frase por Pat

"Sim ou não?"

Não é como se eu tivesse muita escolha. Se a Alexa estiver aqui, então eu acho que vale a pena não morrer agora. "Sim"

Foi a primeira coisa que eu disse com a minha voz firme.

"Muito bem. Você pode andar pelos corredores hoje, pra alongar o corpo. O treino começa quando você estiver em boa forma" Ele me dá as roupas e anda até a porta, com o som de suas botas ecoando naquela sala vazia e quieta "Inclusive, se a outra garota aceitar, você vai ter permissão de ver ela"

Os dois saem do quarto, fechando a porta, mas não a trancando.

Eu olho para o uniforme em minhas mãos, calmamente mexendo meus dedos sobre ela, examinando e refletindo. Era uma textura suave.
Eu troco de roupa, me olhando no espelho que havia na parede.
Até que me servia.

Andando até a porta, eu sentia meu estômago se embrulhar e suor cair. Eu não sei por quanto tempo eu fiquei com a mão naquela maçaneta, até finalmente conseguir coragem pra andar pelos corredores de uma base militar sozinha.
As vezes eu via e ouvia outros soldados parados em cantos, alguns treinando, outros andando pra sabe-se lá onde, e outros conversando. Eu tava olhando mais pros lados do que pra frente, já que tudo era novo pra mim, até eu bater em algo, ou alguém

Rapidamente olho pra frente. Era outro homem. Ele tinha olhos cinzas... Bem, na verdade, um único olho com a íris cinza. O outro estava coberto por um tapa-olho, e metade de seu rosto estava com cicatrizes. Seu cabelo era meio caramelo ou castanho claro, com duas partes que subiam pra cima formando o que pareciam ser dois chifres. Ele era o único com um uniforme diferente até agora, ao invés de um suéter vermelho, ele parecia usar um moletom vermelho um pouco destruído. Sua expressão era completamente neutra. Por algum motivo, isso me fazia ficar lembrar do caos e desespero naquela hora, de noite.
Ele não disse uma palavra sequer enquanto eu sem querer o encarava, fazendo o mesmo.
"A-ah, desculpa" Eu abaixo meu rosto e coro pela vergonha de não estar prestando atenção e ter batido em alguém no caminho.
O homem não diz nada, mas o som das botas me diz que ele estava indo embora.

'Ótimo, (S/N). Você acabou de chegar aqui e já parece uma perdida do caralho' eu penso, levantando meu rosto e tentando ignorar o que acabou de acontecer. Era provavelmente só mais um soldado, não tem por que se preocupar com isso. A gente provavelmente nem vai se ver tanto, já que tem centanas desses aqui.

Eu continuo andando pelos corredores.

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Palavras: 1016


Soldado [ Tord x Leitora ]Onde histórias criam vida. Descubra agora