Antes da noite

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Uhu
De novo, eu só revisei esse capítulo uma vez, então se acharem erros, por favor, me avisem :')
E desculpa pela demora, de novokkkj

P.O.V (S/N)

Eu abro os olhos, ainda me sentindo cansada, e tomando consciência.
Viro um pouco o rosto, e percebo que estou deitada no colchão, meio agarrada em uma ponta da coberta, descansando minha cabeça por cima de um casaco dobrado.
Logo bocejo, me espreguiçando e sentando no colchão. Eu esfrego minhas mãos nos olhos pra enxergar melhor.. "Ai..."
Procuro por Tord na sala, mas ele provavelmente estava fazendo alguma coisa, tendo que sempre acordava antes de mim. Me pergunto se sequer dorme na maioria das noites.
Coço a nuca, me levanto e vou até a cozinha pra beber um copo de água. Não ouvia som nenhum além da torneira, e odiava isso. Eram nesses momentos que eu lembrava minha situação precária. Quase morta, sequestrada, forçada a trabalhar pra um 'exército' ou sei lá o que, em um lugar longe da cidade, no meio de um conflito entre organizações, e sem querer participando em uma das principais atividades nessa mini-guerra de interesses... Oh wow, parabéns pra mim.
Volto a mim mesma ao sentir a água do copo transbordando e molhando minha mão. Suspiro irritada, desligando a torneira e tomando a água ali mesmo, algumas gotas caem na minha roupa, mas eu não ligo.
Após quase dar uma porrada na pia com o copo, fico dando algumas voltas pela mesa da cozinha, ainda pensativa.
Meus pensamentos rapidamente se dirigem a Tord, a causa de toda essa bagunça. Eu não sei até que ponto eu posso confiar nele. Não sei até que ponto ele tá mentindo. O cara parece uma pessoa completamente comum conforme eu passo mais tempo com ele, e não nego que seja uma, mas ao mesmo tempo é líder de um bando de gente treinada pra ir pro campo de batalha, ele tem interesses pessoais, então poderia muito bem saber como ganhar a confiança de alguém só pra conseguir o que quer.
Eu sento em uma cadeira, e com um pouco de raiva coloco minhas mão na cabeça, soltando um grunhido baixo.
Também não gostava de pensar nisso. Me sentia culpada. Talvez não fosse esse tipo de pessoa, talvez ele só confiasse em mim, e eu era muito paranóica pra acreditar nisso
De novo, parabéns pra minhas decisões...

"Uh... (S/n)? Você tá bem?" Ouço a voz da tal pessoa que me fazia ter uma crise toda vez que pensava nela, e abaixo um pouco as mãos, revelando ele, Tord, que parecia um pouco preocupado "Eu achei que alguma coisa tinha caído e vim ver"
Logo após falar isso, percebo minha posição: cabeça baixa, com duas mãos se pressionando contra ela, se encolhendo cada vez mais na cadeira no meio da madrugada, ainda pra amanhecer. Isso tirando a cotovelada que dei na mesa e o copo que eu também bati. É claro que ele ficaria preocupado.

"Ah, sim, não é nada" Eu me ajeito pra algo mais amigável, na esperança que ele tenha acabado de chegar na cozinha "Eu ainda queria dormir mais, mas fiquei muito ansiosa pra conseguir fazer isso... Só tô meio cansada."

"Ok..." O homem suspira e ignora. Talvez não queira me incomodar, ou talvez só não ligue mesmo.
Ele toma um copo de água, ficando de costas pra mim com as mãos sob o canto da pia "Eles marcaram o horário pra hoje, perto das 20:00 horas. Tá tudo bem chegar um pouco depois, contanto que seja antes das 22:00 horas." Eu levanto minha cabeça, vendo que não podia ignorar essas informações. Tord parece hesitar um pouco, mas continua "Infelizmente, como na casa dele, é só um por vez..." Se vira, olhando diretamente pra mim "Então você vai ficar de apoio"

"E... O que seria isso?" Pergunto, confusa e suando frio

"Eu chamei mais alguns soldados, uns 8 pra ser mais exato, que devem chegar pela tarde. Alguns deles, incluindo você, vão ficar de vigia. O local parece ficar entre alguns prédios abandonados, você vai ficar lá em cima, vendo tudo. Mas ninguém deve abrir fogo a não ser que eles ataquem. Entendeu?"

"S-sim" tremo, e meu coração acelera

"Ok. Eu vou deixar um aparelho parecido com um walkie talkie no meu bolso, ele vai estar ligado a um tipo de rádio. Eu peço que você faça o menor de barulho o possível, e tente ao máximo se ocultar. Nem todos os soldados vão ficar como snipers no telhado, alguns vão estar na parte inferior ou mais afastados. Se o inimigo não atacar, mas eu notar que ele precisa ser eliminado, o sinal vai ser colocar as mãos atrás da cabeça, como se fosse apenas descansar. Se me virem fazendo isso, é pra atirar em qualquer um que não seja aliado, entendido?"

"Entendido" Eu encaro ele nos olhos, tentando parecer durona, mas no fundo, até minha alma tava tremendo 'Deveria ter ficado na base...' Penso, quase me dando um soco por aceitar tal coisa.
Ele dá um sorriso de pena, e olha pro lado. Parecia estar querendo falar algo preso na garganta, Mas logo desiste e volta pro quarto

"Desde já, agradeço pela ajuda, soldado." Ele fecha a porta, sem olhar pra trás, e eu quebro o semblante durão que tinha, voltando a minha posição de crise em completo desespero. Não sentia meu corpo, só um desconforto intenso.
Pelo menos ele não parece que vai sair desse quarto logo, então posso ficar desse jeito, aqui, até quando eu quiser.
Queria poder gritar tudo pra fora, mas não posso, então transformo essa vontade em um choro baixinho.

Por mim, morreria agora mesmo se tivesse coragem.

~ Time Skip ~

Essa tarde foi só ansiedade e preparação pro que iria acontecer.
Dá pra entender? Algumas horas atrás eu tava tomando café e curtindo a chuva, e agora estou aqui.
É confuso como algumas coisas mudam em tão pouco tempo;
No meio de tudo isso, eu ouço algo. O motor de um... Não, dois carros chegando.
De primeira, me sinto alarmada, mas logo lembro do que me disseram antes. 'Devem ser os soldados..' Penso, levantando o rosto.
Eles estacionam, e pessoas com o uniforme do exército saem. Eu não sei por quanto tempo estive chorando, então decidi chamar Tord pra receber elas. Rapidamente me levanto, batendo na porta do quarto "Eles chegaram!" Digo, antes de sair correndo pro banheiro, me fechando no mesmo.
Me apoio na pia, olhando pro espelho. Minha cara não tava tão vermelha ou inchada, mas mesmo assim, passei um pouco de água e me sentei na tampa do vaso, respirando fundo. Eu só conseguia ouvir algumas pessoas conversando, mas era bem abafado pra entender.
Após alguns segundos, eu abro a porta, dando uma espiada antes de sair. Eu vi vários rostos que não realmente reconhecia, mas tudo parecia bem, então eu sai, me encostando de lado na parede.

"Podem entrar, nós vamos sair daqui algumas horas" Tord diz, se retirando da entrada

"Sim senhor" Um homem responde, entrando na casa e deixando os outros passarem
Foi aí que eu percebi dois rostos familiares no meio dos soldados: Eram Filip e Alexa. Arregalo um pouco meus olhos, e me desencosto da parede. Eles parecem escanear a casa, até olharem pro corredor, e fazem a mesma expressão de quando os vi

"(S/N)!" Alexa grita de alegria, indo até mim e me abraçando. Eu retribuo. "Eu me ofereci pra vir aqui só pra poder te ver de novo" Ela me aperta, mas logo para ao perceber que pode me machucar. Filip chega até nós duas, rindo baixinho e dando dois tapinhas nas minhas costas
Tord parecia estar ficando cada vez mais desconfortável comigo por perto, então é bom ter alguém como eles por aqui. Eu sorrio e quase volto a chorar, enquanto eu e Alexa nos separamos do abraço

"O Bruno não pôde vir?" Pergunto, olhando por cima dos ombros dos dois

"Não. Infelizmente, como o Líder só pediu 8 soldados, não sobrou espaço pra ele" Filip responde

"Oh..." Eu limpo a garganta, tossindo "Mesmo assim, vocês querem passar um tempo lá fora? Sabe, pra acalmar um pouco antes de ter que sair?"

"Beleza" Alexa responde, tirando a parte de cima do uniforme do exército, revelando uma camisa manga longa preta. Filip apenas afirma com a cabeça, fazendo a mesma coisa, tendo a mesma camisa por baixo.
Eu fico confusa por meio segundo, até lembrar que provavelmente já estaria escuro quando a gente chegasse lá, por isso a cor preta.

Se essas forem minhas últimas horas, então pelo menos eu passaria um pouco de tempo com eles.

Talvez não seja tão ruim assim, afinal

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Palavras: 1447


Soldado [ Tord x Leitora ]Onde histórias criam vida. Descubra agora