O silêncio de Deus...

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O que eu não fiz, foi aceitar aquela situação. Peguei as partes do meu uniforme, e fui ao altar.

"EU NÃO ACEITO ISSO, POR FAVOR ME AJUDA, NÃO AGUENTO MAIS TANTA HUMILHAÇÃO, POR FAVOR, EU SEI QUE O SENHOR ACREDITA EM MIM, MESMO QUE NINGUÉM MAIS ACREDITA, EU QUERO VOLTAR A TE SERVIR, EU QUERO VOLTAR...PAI ME LIVRA DESSE SOFRIMENTO. SE O SENHOR É COMIGO, ME MOSTRE ISSO, POIS O SEU SILÊNCIO ME MATA POR DENTRO..."

O silêncio de Deus. Essa Sim é a pior parte do banco, Ele se cala. Ele quer ver você, Ele quer ver o que você vai fazer. Não adianta gritar, não adianta chorar, Ele não se comove com suas lágrimas, e nem a sua sinceridade, já não mais o comove, mas as suas atitudes mediante ao silêncio dEle.

A oração, é como se batesse no teto e voltasse. Você lê a bíblia, e na maioria das vezes não entende nada. Você se sente um incrédulo. É tão triste isso, é tão doloroso, não se trata de um silêncio qualquer, mais o silêncio do próprio Deus.

É como se você estivesse brigado(a) com Deus. Mais você não esta, porém, Ele para de se manifestar como antes,  e passa a se manifestar em coisas pequenas. Eu sabia, que Ele estava lá. Eu sabia, que Ele me ouvia. Mesmo que tudo e todos dissessem que não. Mesmo que Ele fizesse parecer que não.

-Helena o que você fez?-diz a esposa do pastor vindo até mim.

-Dona eu...-fui interrompida pela minha própria angustia.

-Você não tem autorização para entrar na sala dos obreiros Helena, e muito menos para rasgar seu uniforme, é assim que você quer voltar a ser obreira? Está ficando louca?-diz a esposa.

-Eu não fiz isso-digo.

-Por favor Helena, além de tudo é mentirosa? Você precisa nascer de novo, buscar a Deus de verdade, pare de causar problemas-diz.

-O que está acontecendo aqui?-pergunta o pastor chegando.

-Sabrina rasgou o meu uniforme-digo rápido antes que alguém me interrompesse.

-Mais o que? Por que ela faria isso-pergunta o pastor.

-Pastor, quando cheguei para a esposa do senhor me atender, vi que ela estava na sala dos obreiros. Por eu pensar que a dona estava lá, eu cheguei na porta, e quando vi Melissa ela começou a me ofender, até que pegou meu uniforme no armário. Eu até tentei convence-la a não fazer isso, porém, não adiantou ela rasgou meu uniforme, e ainda bateu no meu rosto-digo.

-Que absurdo, isso não pode ser verdade-diz a dona.

-Sim senhora, é a mais pura verdade-digo.

-E cadê a Sabrina?-pergunta o pastor.

-Não sei, eu peguei as partes do meu uniforme e levei ao altar, depois disso não vi ela mais-digo.

-Veremos se isso é verdade menina, não se meta em confusões por ai-dia o pastor.

-Sim senhor!-digo.

Injustiças. eu sofri tantas injustiças, e não sabia o por que. Elas vinham de pessoas de Deus, de pessoas que criam em Deus assim como eu, mas...Por que elas não tinham os mesmos objetivos que eu? O objetivo de levantar pessoas, o objetivo de salvar almas. Por que? 

Eu não podia questionar a Deus, ou até mesmo ter maus olhos, sabia que não deveria fazer isso, então eu apenas enfrentava as dificuldades calada. Ou melhor...Eu me calava para as pessoas, e me derramava para Deus...Para o MEU Deus.

Hoje eu posso dizer, que aquele foi o meu Batismo no Fogo. E a cada dificuldade que eu enfrentava, eu me tornava mais forte!

-Óh fogo que vem do céu, vem arde dentro de mim, como a sarça no deserto, vai queimando sem ter fim. Eis que tudo, se faz novo, e voltamos ao início, cordeiros consagrados, para ser teu sacrifício, como o filho pede o pão, nossa humilde oração, derrama Senhor neste canto, a unção do Espírito Santo...-Canto enquanto busco ao Espírito Santo pela madrugada.

A minha sede por Ele se tornou insaciável, eu sempre queria mais, muito mais. Enquanto mais eu O buscava mais eu O queria. O meu prazer se tornou falar dEle, e eu usava o que passei para alertar outras jovens. 

Passei a acompanhar cinco jovens, quais eu havia levado para a igreja, e embora todos me viam como um problema, elas me olhavam com esperança, como se eu pudesse ajuda-las a encontrar a saída, que elas tanto procuravam. É, elas estavam certas, eu podia sim!

"A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce (Provérbios 27.7)".

A Obreira Real (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora