Eu te odeio...

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-Você ainda não me respondeu mocinha-diz o homem enquanto me encara.

-Nos conhecemos a alguns meses atrás, Melissa era da mesma igreja que eu, e fazíamos parte de um mesmo grupo, chamado, "Escolhidas para o Altar"-digo.

-Você conheceu ela na igreja? Você é da igreja?-pergunta espantado.

-Sim!-digo.

-Melissa odeia igrejas, e pessoas da igreja, então acho melhor você não falar com ela, ou pode 'dar ruim' pro seu lado-diz e deixa de me encarar.

-Por favor, eu preciso muito vê-la, precisamos conversar, de verdade eu...Eu te peço, por favor-digo.

-Mocinha, eu não quero ter problemas com a Melissa, mas se você insiste, ela esta no final do beco...Boa sorte, vai precisar-diz debochado.

-Obrigado, de qualquer forma!-digo e sigo para o final do beco.

-Obreira, a senhora não acha melhor voltarmos outro dia não? Não sei, podíamos voltar mais cedo, pois já está escuro-diz Julia.

-Fica tranquila menina, Deus é conosco-digo.

-Amém!-diz.

-Se você quiser voltar, não tem problema-digo.

-Não senhora, eu vou até o fim com a senhora!-diz.

-Amém!-digo com um meio sorriso.

Naquele beco, havia pessoas caídas com ferimentos, pessoas se drogando, mulheres entrando com homens casados em quartos para se prostituir, tinha de tudo um pouco, porém, eu não me importava, pois sabia que Deus estava conosco.

-Que pena gatinho, eu não posso sair daqui, mais sempre que quiser me ver eu estarei a sua espera-diz Melissa e em seguida beija o rapaz.

Ela estava usando em vestido apertado, com uma sandália alta. Seus cabelos estavam soltos, e sua maquiagem era pesada, escura. Ela estava muito diferente da Melissa que conheci. Meus olhos ficaram marejados, e algumas lágrimas banhavam meu rosto.

-Calma obreira-diz julia.

Aceno com a cabeça, e nos aproximamos de Melissa.

Arranhei a garganta chamando a atenção da mesma, e quando ela me viu seu sorriso se desfez.

-O que você está fazendo aqui?-pergunta séria.

-Melissa, eu preciso conversar com você-digo.

-Eu não tenho nada pra falar com você, Helena, será que já não me destruiu o suficiente hein? Já não me fez sofrer o bastante?-pergunta com raiva.

-Melissa, eu quero me desculpar, eu errei com você, eu estava cega, você tinha razão, eu era uma obreira morta, mais uma...Eu me escondia atrás do meu título, e me exibia por namorar o pastor Leandro, porém, eu só queria chamar atenção, ser mais que as outras obreiras...Inclusive, ser mais que você...Melissa você era a obreira mais dedicada de toda a catedral, era a melhor obreira na minha opinião, e por isso eu implicava tanto com você...Eu tinha inveja de você-digo sincera.

-Conta outra Helena, vai falar que se converteu de verdade agora? Hein? Por que eu não acredito, sua perdida, eu te odeio Helena e não te perdoo, nunca vou te perdoar-diz se virando.

-Ele não desistiu de você!-digo e abaixo a cabeça.

-O que você disse?-pergunta Melissa.

-Ele não desistiu de você!-digo a fitando nos olhos.

-Vá embora!-diz, enquanto acende seu cigarro de maconha.

-Eu vou mas eu irei voltar, Deus abençoe!-digo e me viro.

-Não se atreva a aparecer mais aqui, não sei o porque esta fazendo esse papelzinho de boa moça que mudou, mas você não me engana Helena. Eu já vou avisando, se você voltar, terá sérios problemas-diz.

-Deus abençoe!-digo e vou embora.

Quando saio daquele lugar, sento na praça e começo a chorar. Ela não merece sofrer assim, e o pior, é que foi tudo minha culpa. Eu vou salva-la, eu preciso resgatar ela, e não vou descansar enquanto eu não fazer isso.

-Ela vai mudar!-digo.

-Vai sim obreira, não vamos desistir dela!-diz Julia.

-Nunca!-digo.

Depois de deixar Julia em casa, fui embora para a minha casa. Chegando lá, encontrei meus pais e meu irmão muito preocupados, e quando eles notaram que eu cheirava a maconha eles se assustaram.

-Filha onde você estava, o que você estava fazendo Helena?-pergunta minha mãe.

-Fica calma mãe, eu estava perto da praça Zocalo, atrás de uma alma-digo.

-Mas Helena, você está cheirando a drogas-diz meu pai.

-Eu estava em um beco, lá era uma biqueira pai, porém, não se preocupe, eu estou bem-digo.

-Está maluca Helena, isso é perigoso, já são quase 9 horas da noite e você na rua, estávamos todos preocupados com você, eu e nossos amigos te ligamos várias vezes, e você nada de atender, por favor né?-diz meu irmão.

-Me perdoem, não era minha intenção preocupar vocês, eu apenas fui atrás da Melissa, e acabei demorando-digo.

-Tudo bem filha, mas não quero que isso se repita-diz meu pai me abraçando.

-Sim senhor pai-digo retribuindo o abraço.

Estávamos os quatro abraçados ,e eu vi o quanto Deus era incrível comigo, por me dar essa família maravilhosa!

A Obreira Real (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora