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Século 21, o século do conhecimento, das pesquisas, da tecnologia e das doenças psicológicas. O século das pressões e depressões, onde os mais velhos -os nascidos na época de ouro- exigem que conquistemos as mesmas coisas que eles, seja faculdade, casa, carro ou alguém. Um século onde as pessoas estão famintas por outras apenas para não sentirem a solidão, sedentos por relacionamentos ao mesmo tempo em que não querem comprometimento, pois manter algo gera desgaste. Jurar fidelidade te prende, é o que dizem, mas ficar preso no mundo das relações voláteis não é pior?

O século dos conflitos de interesse ou, quem sabe, das colaborações, ou do tirar proveito... ou, talvez, seja o século dos espertos, não dos inteligentes ou estudiosos, mas dos espertos -aqueles que possuem malícia em sua fala e em suas ações sempre para sair por cima de qualquer situação.

E para essas pessoas espertas, a tecnologia é uma arma voraz.

Com a tecnologia temos a internet, na internet temos as redes sociais e redes sociais geram grupos com interesses parecidos, porém, por mais que os inseridos no grupo concordem em algumas questões, em outras podem divergir totalmente. Com isso, os espertos agem e manipulam a seu favor, obviamente. 

A influência da tecnologia resulta na dinamicidade. Ser dinâmico envolve ter energia, realizar atividades, correr atrás de alguma coisa. Mas eu acho que muitos estão correndo atrás do vento, girando em círculos como um cachorrinho que insiste em tentar alcançar o próprio rabo.

Graças à tecnologia, padrões atingem as pessoas a todo instante. Cada um vidrado em seu smartphone, passando, rapidamente, de story em story, sendo bombardeados pelo cabelo perfeito, pela pele perfeita, pela vida sem defeitos, pelo relacionamento sem brigas... e busca-se, incansavelmente, alcançar algo impossível. Por mais que a grande maioria saiba que a perfeição da internet é regada a quilos de maquiagem e efeitos, preferem fechar os olhos e lutar por esse padrão.

Não posso dizer que sou um antitecnologia; acabemos com a evolução, vamos queimar os celulares e computadores! Não sou assim. Gosto da tecnologia, mas o que fizeram e fazem com ela, a forma como deixam que ela vire uma corrente que se torna mais apertada dia a dia, ah, é disso que eu não gosto. Não gosto do controle que deixam nas mãos dela. 

Tendo isso como um pensamento base em minha vida, passo meus intervalos na biblioteca da universidade. Enquanto todos estão dispostos em mesas pesquisando em seus notebooks e fazendo seus resumos digitalizados, estou sentado entre as últimas estantes repletas de livros. Com, pasmem, uma caneta, escrevo um fichamento que o professor pediu. 

Serei sincero em dizer que minha mão já dói um pouco, pois estou na quarta página, mas a minha mente está em uma ótima linha de raciocínio para dar uma pausa agora. Como deixei claro não ser um opositor da tecnologia, logo tenho meu fone de ouvido conectado ao celular que reproduz um ótimo lo-fi para estudar.

Envolto numa atividade que leva tempo, que precisa de calma, não sou atrapalhado por nada externo. Bom, isso até um livro despencar sobre minha cabeça. Depois de massagear, com minha mão, o local atingido, vi entre os livros na estante que um casal se beijava de forma quase animalesca e, muito provavelmente, seu contato intenso fez com que o livro caísse. 

Remetendo-me a Newton, que desenvolveu a teoria da gravitação universal por causa de uma maçã que caiu em sua cabeça, analisei o livro e o tomei em minhas mãos. Desejei que trouxesse respostas para mim. Uma luz para a minha escuridão.   

Amissa Lumina? — Li o título bem baixo, era um nome diferente.

Sua capa dura tinha a tonalidade bege, com bordas detalhadas e douradas. Depois de analisar seu exterior e comprovar que a sinopse não estava na parte de trás, abri o livro e na primeira página continha seu título seguido da seguinte frase: 

LightsOnde histórias criam vida. Descubra agora