A luz que te leva até em casa.

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Amissa Lumina se transformou em uma grande questão para mim. Eu normalmente conseguia entender os pontos e concordava facilmente com as questões levantadas, mas questionar a última carta abriu meus olhos para outras coisas.

As letras, a forma que as palavras foram impressas no livro, cada carta levava uma caligrafia diferente, que pertencia a uma pessoa que talvez eu conhecesse ou não, que possuía uma perspectiva contraria ou igual a minha, mas no final ainda nos encontrávamos no mesmo ponto. O livro servia para iluminar mentes, as levando a um exercício mental que normalmente era perigoso.

Cada tema era tratado de forma poética e verdadeira, então parecia certo afirmar que as cartas foram escritas no momento em que essas pessoas passaram por aquelas situações. Quando um clarão invadiu seus olhos, quando elas puderam finalmente ver, perceber e então entender.

Eu me sentia um intruso apenas aprendendo com as experiencias ali expostas, usando o direito inexistente de julgar o que estava escrito. Não havia como conhecer todos os contextos, as linhas que foram apagadas no processo, mas ainda assim, mesmo com a minha mente entrando em colapso vez ou outra, mesmo que com as situações acontecendo em cadeia e me fazendo socialmente instável, eu era agradecido por ter tido a chance de questionar através de um ponto de vista mais amplo. Por isso parecia certo deixar alguma contribuição, só não achei que seria tão difícil.

-Isso não dói?- solto os fios do meu cabelo, abaixando minhas mãos até que elas estivessem na escrivaninha em frente a mim. Meu irmão estava deitado na minha cama, ele havia se esgueirado para lá logo depois do lanche da tarde, usando a costumeira desculpa de que seu quarto era mais escuro que o meu, o que fazia a leitura de seus mangás ser desconfortável.- É um trabalho difícil?

Olho para as folhas amassadas no chão e na escrivaninha, eu estava realmente tentando achar algo para passar, percebendo no processo que talvez eu não fosse a melhor pessoa para ensinar alguém sobre qualquer coisa.

-É do tipo que te faz pensar muito.- ele reage com uma careta.

-Você é inteligente, hyung, mas as vezes precisa pensar muito. Acontece comigo também. - volta para sua leitura.

-Jihyun, no que você precisa pensar muito as vezes? - ele dá de ombros.

-Sobre coisas, penso sobre coisas importantes.

-Como o que? - me viro na cadeira, ficando de frente para ele.

-Penso sobre o que fazer, como fazer.

-E o que são essas coisas importantes?

-Não sei, coisas importantes.

-Que coisas, Jihyun, desenvolva uma resposta...- insisto e ele suspira, se levantando da cama e calçando seus chinelos.- Onde você vai?

-Eu quero ler, hyung, preciso devolver amanhã!- levanta o mangá, os heróis coloridos tomando toda a capa.- Pra quê tanta pergunta? - ele provavelmente percebeu algo em meu rosto, então ficou parado no meio do quarto, me olhando.

-Estou procurando algo, um assunto, talvez um tema...

-Isso não faz muito sentido.- me oferta outra careta.- Talvez se você ficar sozinho, pense melhor.- começa a se afastar, ficando de costas para mim.- É como quando você lê os mapas pro papai, você só acha o caminho quando nós te deixamos quieto.

Jihyun sai do quarto e eu demoro um tempo antes de conseguir virar para a folha de papel, pegar uma caneta e começar a escrever.

15 de outubro.

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