O que realmente importa

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Os dias sempre me parecem os mesmos, as pessoas sempre me parecem as mesmas, apenas interessadas em seu "próprio umbigo" para perceber o mundo ao seu redor, mas eu em um infeliz contraponto posso as perceber, posso notá-las. Por notar os indivíduos a minha volta, digo que noto cada passo destes sem que me percebam, visto que não ando sendo exatamente quem eles – meu circulo de amigos – desejam que eu seja, um alguém que visa dar satisfações a sociedade sobre o que faz ou deixa de fazer, alguém que costuma ligar mais para carro do ano, o novo iphone, festas da alta sociedade do que para si, e é extremamente triste pensar que os seres humanos estão cada vez mais dando importância para bens materiais ou status social do que para sua própria saúde mental.

​ Machuca lembrar a cena da semana passada, enquanto fito o teto da república onde moro, localizada dentro do campus da universidade, aonde nesse momento todos os moradores da mesma encontram-se resolvendo mil coisas desnecessárias – ao meu ver – ao mesmo tempo que poderiam estar aproveitando as coisa simples da vida, mas infelizmente tudo se tornou uma verdadeira competição sobre quem tem mais, quem ganha mais, quem tem o celular mais caro ou quem possui a vestimenta digna de um príncipe, mas para que isso tudo se a vida é efêmera?

Tudo que eu queria era que Hoseok, Jungkook, Taehyung e Yoongi soubessem disso. Contudo, apenas voltando a cena da semana passada, onde encontrei uma garota desmaiada na sala de informática por má alimentação, falta de comida, horas seguintes ela se justificou dizendo que precisava – lê-se quase que como uma necessidade patológica – ficar mais magra para entrar no vestido perfeito para o baile de inverno da faculdade do sul, segundo a mesma, todo o sacrifício seria válido, pois as outras meninas ficariam doidinhas de inveja e os garotos simplesmente a reverenciariam. Pensei com pesar até aonde o ego seria capaz de levar alguém.

- Hyung? – A voz de Jungkook me despertou de meus pensamentos.

Ele está com duas sacolas de alguma grife cara e famosa na mão esquerda, seu sorriso evidencia o quanto ele se encontra em harmonia consigo mesmo somente pelo fato de ter adquirido algo tão caro e que provavelmente o maior exibiria sutilmente aos seus outros colegas de turma, quando mencionei que tudo é uma competição por status definitivamente não estava brincando, as pessoas costumam ser bem vorazes quando se trata de exibicionismo e ego em jogo.

— Deixe-me adivinhar.. — Me sentei no sofá creme com os dois cotovelos apoiados no joelho, não deixando de fitar um Jungkook pensativo acerca da minha resposta — Um terno novo pro baile de inferno? — Disse com uma pontada de irônia.

— Como adivinhou? — O mais novo forma um biquinho em seus lábios.

— Apenas chutei alto. — Menti. — Mas pra que outro terno? Achei que tivesse comprado um mês passado quando você e Taehyung me arrastaram para aquela loja... Qual o nome mesmo? — Pergunto ao moreno a minha frente.

— Ralph Lauren, hyung. – Responde entediado, já deveria ser a quinta vez no mês em que ele cita a loja para mim. – Minha nossa, você deveria parar de esquecer coisas tão importantes assim. – Murmura sentando-se na poltrona de couro a minha frente.

— Isso não é importante, Jeon. — Assumo um aspecto mais sério. — É só uma loja, pff, não muda muito nossas vidas. — Disse assumindo a culpa de estar travando a terceira guerra mundial com meu dongsaeng.

— Por favor, hyung. – Em três, dois, um... – A Ralph Lauren faz parte da gente, de quem somos, ela nos define, é simples. Pense bem, nós temos poder aquisitivo o suficiente para comprar lá e nós o fazemos. — Se justifica.
Belo e inútil discurso.

— Apenas diga tal asneira por vocês quatro, garoto. Deveriam gastar o tempo de vocês em outras coisas além de status social. – Respondo seriamente.

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