Bônus: Um dia após o outro

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Manhã seguinte à festa de aniversário de Steve


Está muito quente. Muito muito quente. Quem foi que abriu a cortina? Está muito quente mesmo! Não acredito que eu vou ter que me mexer. Suspiro. Não queria voltar a realidade depois da noite passada. Abro meus olhos de vagar e analiso o ambiente. Ele não está do meu lado. Merda. Ele já se arrependeu. Acho que posso voltar a ideia inicial e culpar a bebida. Eu, definitivamente, farei isso. Tenho que aproveitar que ele não está do meu lado e sair daqui. Me levanto preguiçosamente da cama deixando o lençol cair em meu colo. Onde estão as minhas roupas? Ao procurar minhas roupas, meu olhar para na varanda e meu plano vai por água a baixo. Lá está ele, me olhando encostado na porta que separa a varanda do quarto. Ele vai querer conversar, eu sei que ele vai e, na verdade, ficaria frustrada se ele não quisesse.

O encaro me perguntando o que eu devo fazer. Eu corro? Pergunto o que aconteceu de noite e culpo a bebida? Converso e digo que estou gostando dele? Droga. Eu não sei o que fazer nesses casos de romance, não fui treinada para isso. O que se faz agora? Eu quero muito fugir. Seu olhar não me passa nada, absolutamente nada! Nem arrependimento, nem confusão, nem ódio e nem amor. Ele só está me olhando. Ainda dá tempo de fugir desses olhos que parecem estar olhando a minha alma, só levanta Natasha, levanta e corre.

- Você não está pensando em fugir daqui, certo Romanoff? – ele descobriu. – Temos muita coisa para conversar. – estar apaixonada significa perder a fala? Porque eu não estou conseguindo nem raciocinar o que eu devo fazer. Rogers, o que você fez comigo? – Mas eu não quero conversar com uma estátua, nem obrigar você a ficar aqui, então essa é uma decisão só sua Romanoff.

Se eu conseguisse decidir, estava ótimo. Você está se saindo uma bela agente treinada pelos piores dos piores da KGB Natasha. Enquanto decido, levanto da cama e começo a catar a minha roupa espalhada ao redor da cama e a me vestir. Nesse meio tempo, olho de relance para Steve, que tinha um olhar desapontado e voltado ao chão, e vejo que ele decide virar de costas para o quarto. Ao terminar de me arrumar, dou uma leve passada de mão nos meus cabelos suspirando e voltando a sentar na cama. É isso, não tem mais jeito, acabou e boa sorte Natasha, assuma o que existe dentro de seu coração e suma do mapa depois da rejeição do queridinho da América.

- Quer conversar de costas para mim mesmo? – pergunto tentando ser a Natasha de sempre e falhando miseravelmente já a frase não saiu irônica como o pretendido. Steve se vira e olha para mim incrédulo. – Eu não fui treinada para fugir Rogers, você deveria saber disso. Não tenho o que esconder, então pergunte.

Ele se senta ao meu lado da cama. Esperemos a bomba vir, ela deve vir cortando o resto do meu coração, mas devemos fazer a egípcia, lembre-se disso Romanoff.

- Por quê?

- Essa é a sua pergunta Capitão?

- Sim.

- Seja mais específico.

- Por que você veio aqui no meu quarto para me seduzir?

- Porque eu quis. Mas seduzir não seria a palavra correta.

- Então qual seria Romanoff?

- Eu também estou tentando entender qual é a palavra correta, mas sei que seduzir não é.

- Então você não veio aqui só para me usar? – é um babaca mesmo.

- Eu não estava em missão Steve.

- Mas estava bêbada e carente.

- Você sabe tanto quanto eu que eu não estava mais bêbada no momento em que eu comecei a massagem.

- Mas estava carente.

- Sim.

- Claro. – diz ele com desdém.

- Que monstro você pensa que eu sou para pensar que eu entraria no quarto do meu melhor amigo só para usar ele como brinquedo sexual?

- Você não entende Nat.

- Nem você pelo visto.

- Para você foi só uma noite, uma noite que acontece só uma vez e está tudo bem porque você está acostumada. Mas eu não consigo ser assim. Eu nunca vou prender você, mas eu não consigo tratar você da mesma forma e fingir que nada aconteceu.

- E quem disse que eu quero fazer isso Rogers?

- É o que todo mundo acha e fala.

- Ah! Qual é Steve! Você me conhece melhor que qualquer pessoa aqui, mas prefere reproduzir a fala deles? E o que o Steve Rogers acha? Ele concorda?

- Não.

- Então me ajuda a entender o que você está realmente pensando Steve. O que você realmente pensa?

- Eu acho que você entrou aqui porque quis sentir algo diferente. Acho que a Natasha que foi treinada para não sentir nada, quer sentir, quer algo diferente na sua vida monótona, quer saber se o que falam sobre o amor é verdade, que não é coisa de criança. Acho que você tem esperanças que eu esteja procurando a mesma coisa.

- E você está?

- Eu já encontrei.

- Eu não nasci para ser presa a ninguém Steve...

- Eu sei, eu sei. – diz ele me interrompendo. – Mas eu estou cansado de fingir que o que eu estou sentindo por você não existe. Porque eu gosto de você Nat, gosto bastante para, pelo menos tentar.

- Steve...

- Eu nunca vou esquecer essa noite. Não me peça para fingir que nada aconteceu, por favor. Porque eu nunca senti isso o que eu estou sentindo por você, e eu só te peço para você pensar. Eu não quero um casamento, o cara que sonhava com isso ficou no gelo, mas não quero deixar você escapar novamente das minhas mãos por puro medo e outro vir ao seu encontro e aproveitar o que eu perdi. Eu preciso tentar.

- Eu não nasci para ficar presa a ninguém Steve, mas porque eu não sei o que é isso. Eu espero que você tenha paciência para me ensinar, porque eu estou tão ferrada quanto você Soldado e também não consigo mais fingir. Mas que esse seja nosso segredo durante um tempo, é a única coisa que eu peço. – "pois eu ainda não aguentaria as críticas das pessoas" completo em pensamento.

Steve me encara por alguns segundos digerindo o que escutou, mas logo em seguida me beija dando sua resposta para mim. Eu não sei o que vai acontecer comigo daqui para frente, mas eu quero tentar ser feliz como nunca me permiti antes na minha vida e com o cara que teve sua felicidade interrompida anos atrás por uma guerra. Ele merece toda a felicidade do mundo e eu farei de tudo para ajudá-lo a ter. Já que ele me escolheu, eu o escolherei também.

- Me ensine a amar, Soldado. – disse quase suplicando entre o beijo.

- Esse vai ser nosso segredo agente.

It's Been a Long, Long Time - Romanogers (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora