Capítulo 1 - o crime no Copa

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CAPÍTULO 1 - o crime no Copa

ERAM por volta de uma da manhã quando Do Kyungsoo foi acordado pelo som seco de batidas em sua porta. Ecoou de modo incômodo, como uma mosca zanzando sobre seu ouvido, de modo que Kyungsoo sinceramente tentava ignorar e fingir que não era consigo, até que as batidas se tornassem cada vez mais ligeiras e mais fortes e o que eram somente batidas tornam-se gritos e berros e logo pedidos de ajuda, não pelo vizinho Do Kyungsoo, mas sim pelo policial Do Kyungsoo.

No susto, Kyungsoo levantou, não demorando muito tempo para calçar as pantufas que fazia parte do pijama e buscar o coldre junto com a própria arma. Ele abriu uma brecha da porta, a arma em mãos e o coldre na cintura. Do lado de fora, deparou-se com o empregado de um de seus vizinhos, alguém que ele não conhece, o empregado um pouco mais alto que si, com um uniforme que o Do reconhecia bem e muito mais magro. Os cabelos escuros e lisos estavam suados e os olhos em pânicos. Ao ver Kyungsoo e o cano da arma, o rapaz pareceu engolir o próprio susto, soltando de primeira:

— O senhor é policial?!

Ao que Kyungsoo simplesmente fez que sim, como quem pergunta o que o garoto quer saber com isso.

— Precisamos de ajuda, senhor, lá embaixo! — o menino diz — O Copa está pegando fogo! — e no mesmo momento Kyungsoo, alarmado, voltou-se para o apartamento somente para e buscar o distintivo, molhar um pouco a manga da blusa e descer os lances de escada, ainda de pijama e pantufas no pé em direção ao térreo.

O Copa, na mais sucinta palavra, era um bordel, ou uma casa de shows, a depender de como você encara o tipo de entretenimento e serviços que eram oferecidos lá. Havia de tudo, desde shows com atrações internacionais – sejam bandas ou prostitutas internacionais –, tudo dependia dos desejos dos clientes do Copa e esse era o lema da casa (talvez de programa, talvez de bebida ou talvez casa de show) até o ano de 1956 em uma madrugada entre uma e duas da manhã quando o Copa pegou fogo e um cadáver foi encontrado no estabelecimento.

Para Kyungsoo, era uma grande infelicidade ser um policial e, ao mesmo tempo, ser vizinho de um lugar como o Copa, em especial para um policial como ele que mantinha o zelo de seguir todas regras a risca. Sabia das atividades ilegais que haviam no Copa, mas não era como se tivesse poder para fechar o estabelecimento. Muito pelo contrário, os que frequentavam o Copa eram aqueles que tinham poder. De maneira que Kyungsoo via-se somente como um policial que tinha a infelicidade de morar no mesmo prédio que o bordel (porque para ele, aquilo era um bordel), somente alguns andares acima. Ele jamais imaginaria, porém, como sua presença ali seria útil naquela madrugada.

Havia muita fumaça do lado de fora, e muitas pessoas fugindo de dentro do prédio quando o policial finalmente alcançou o andar do Copa. Ele cobriu o próprio nariz com a parte molhada da manga do pijama quadriculado e seguiu para dentro quando o menino que havia ido atrás dele em seu próprio apartamento, o indicou a entrada do Copa com a cabeça pedindo para que fossem até lá.

Kyungsoo entrou e a primeira coisa que notou foi que, por mais que houvessem tantas pessoas gritando e os graus do ambiente parecessem aumentar cerca de 50° graus a cada passo dado, não havia, literalmente, fogo no Copa. Era somente fumaça e mais fumaça, e cada vez mais fumaça, e então somente uma espessa cortina cinza e pesada sobre seus olhos.

— Por que vocês não chamaram os bombeiros? — o Do questionou em dado momento, somente seguindo o menino que continuava corredores a dentro. Agora o menino também cobria o próprio rosto, de modo que sua voz soou nasalada quando respondeu:

— Já chamamos, mas depois do senhor. Ordens do senhor Zhang Yixing. — Zhang Yixing era o proprietário, o bilionário dono do Copa.

Pararam em um cômodo vazio em comparação aos outros, mais para a frente da casa de apresentações, e naquele instante, Kyungsoo notou que toda a fumaça parecia vir do chão. Haviam mais pessoas junto a si, e Kyungsoo sabia bem que não era nenhum bombeiro ou mesmo especialista em fogo, mas decidiu sozinho que não iria esperar até que o corpo de bombeiros da cidade aparecesse para prezar a segurança pública.

Noir | BAEKSOOWhere stories live. Discover now