Three

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Capítulo três
Pov's Marília

Quase um mês havia se passado, e o Caio poderia chegar a qualquer momento. Hoje eu estava sozinha em casa, já que a minha mãe teve que fazer uma rápida viagem com a Maiara para resolver coisas pendentes da Agência, já que eu estava de licença e não poderia viajar de forma alguma. Por causa do meu estado, ela falou que voltaria pela noite.

Estava em casa entediada, sem fazer nada. E o Caio não parava quieto dentro de mim. Tomei um banho e decidi que ia na sorveteria que tem aqui na esquina de casa. Queria me refrescar já que aqui parece que estamos tendo uma amostra grátis do inferno de tão quente que está.

Quando estava trancando a porta para ir ao elevador, escutei o barulho sinalizando que estava fechando, e pedi para esperar. Assim que entrei, vi um homem barbudo, muito bonito por sinal. Nos cumprimentamos formalmente e a conversa parou. O elevador estava perto do térreo, quando sinto uma dorzinha leve e escuto um barulho de água caindo no chão, quando olho, me dou conta que a bolsa rompeu.

— A bolsa rompeu. - falei em tom de desespero mais para mim mesma do que para o tal homem que estava ao meu lado.

— Meu Deus! Tenta ficar calma. Consegue me dizer o número de algum parente? Do pai do seu filho? - ele perguntou.

— Sou mãe solteira. - falei. — Liga pra minha mãe. - disse enquanto ditava o número para ele.

Depois de uns minutos dele no telefone conversando com a minha mãe, se pronunciou.

— Ela me falou onde está guardada a bolsa que vai levar a maternidade. Como não vou deixar você aqui morrendo de dor esperando, te deixo no hospital, volto aqui pra buscar, e depois levo suas coisas para lá. Combinado? - falou ele tentando parecer calmo.

Até então não sabia o seu nome, mas estava eternamente grata por querer me ajudar. Me ajudou a entrar em seu carro, abrindo a porta e me dando apoio para sentar no banco. Quando me dei conta, já estávamos a caminho do hospital.

— Nossa, nessa correria toda nem me apresentei. Prazer, me chamo Henrique. Você é a? - perguntou quebrando o silêncio no carro.

— Me chamo Marília. - respondi um pouco tímida. — Você é novo no condomínio? - perguntei tentando esquecer um pouco a dor.

— Se tudo der certo, sim! Estou há quase um mês procurando apartamento, e nenhum me agradou. Essa é minha última tentativa. - falou sorrindo.

— Espero que consiga! O apartamento é muito bom. - quando terminei de falar, senti uma contração e no impulso apertei o braço do Henrique.

— Tá tudo bem? Estamos chegando no hospital. Será que consegue segurar um pouquinho aí? - perguntou nervoso.

— Acho que consigo sim. - falei, tentando mais uma vez contar as dores.

— Vamo combinar assim: toda vez que a dor tiver mais forte, você aperta o meu braço, pode ser? - sugeriu tentando me ajudar.

— Pode sim. Obrigada! - agradeci e comecei a pensar na sorte em que eu tinha em ter encontrado alguém tão generoso assim.

Chegamos no hospital e logo fizemos check-in na recepção e me encaminharam direto para um quarto. Lá iriam examinar a dilatação e saber se era melhor fazer cesária ou ter um parto normal.

Eu estava uma pilha, a ansiedade estava me consumindo e a dor que eu estava sentindo me deixava extremamente estressada, porém muito feliz em saber que o meu pinguinho de gente estaria chegando ao mundo. Mas, acho que como é normal nessas situações, o medo estava me consumindo, e saber que eu iria entrar sozinha na sala, me consumia mais ainda. O Henrique ainda estava ao meu lado, e percebendo a minha inquietação, começou a conversar comigo.

— Vai dar tudo certo, Marília. Já já o seu maior amor vai estar no mundo pra te preencher. - falou simpático, se aproximando da cama.

— É que eu to com medo. Minha mãe não está aqui, a minha melhor amiga também não. Não queria passar esse momento tão importante sozinha. - disse triste.

— Você não está sozinha. Com esse anjinho aí dentro, você sempre estará acompanhada. - falou e nessa hora que emocionei.

— Eu sei que pode parecer loucura, eu nem te conheço, mas não queria passar por isso sozinha. Você pode entrar na sala comigo? - pedi com lágrimas nos olhos. Eu realmente estava desesperada.

— É... cla... claro que posso. - respondeu nervoso.

— Não precisa ir se não quiser, tá? - falei sincera.

— Não tem essa opção. Nunca negaria algo dessa importância para alguém. E fico feliz em lhe passar essa confiança. - falou dando um sorriso.

O médico chegou e eu pude observar uma breve conversa dele com o Henrique. Em que o Henrique explicava que iria entrar comigo na sala. Depois, combinaram mais algumas coisas e o doutor veio até mim.

— Olá Marília! Me chamo Jonathan. - sorriu o senhor com um pouco de cabelos grisalhos. — Como você está se sentindo? - perguntou simpático.

— Com muita dor, Doutor. - falei sendo sincera. — As minhas contrações só fazem aumentar.

— É normal. Quando a bolsa rompeu, você entrou em trabalho de parto, e quanto mais o tempo passa, mais intensa as dores ficam. - explicou. — Mas quando você deu entrada no hospital, eu vi sua ficha, e lá tava que a Dra. Fernanda era sua obstetra. - falou e eu assenti com a cabeça. — Eu já entrei em contato com ela, e ela disse que já estava chegando. Pode ficar tranquila que é ela quem vai fazer o seu parto. - falou e eu me senti um pouco menos tensa.

Após um curto período de espera, Dra. Fernanda chegou, falou comigo, me tranquilizou mais um pouco, e me arrumou para irmos a sala de parto. Ia ser normal. Desde que soube da gravidez, nunca planejei como eu queria que fosse o parto, só pedia para que Deus fizesse o melhor para mim e para o Caio.

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