Romance Intercontinental

Capítulo 4 Henry

Faltavam 15 minutos para meu intervalo acabar, quando o Tom voltou para me buscar, junto com uma Stella quase histérica.

- Caramba Henry! Você já devia estar vestido.

- Relaxa Stella, nós temos tempo.

- O que tinha de tão interessante nesta livraria que você demorou tanto?

Eu troquei um olhar de cumplicidade com o Tom antes de responder.

- Na verdade, tinha sim, algo muito interessante. Mas você não gostaria Stella.

- Me diga o que é, e eu julgarei isso.

- Um livro sobre o Brasil... Descrevia as belezas naturais daquele lugar.

- Você tem razão. Não me interessa. Detestei aquele país quando estivemos lá.

- Mas por quê? Eu gostei muito do Rio de Janeiro.

- Um lugar de gente estranha. Uma mistura louca de figuras que você não consegue entender. E os fãs? Uns histéricos. Era quase impossível fazer qualquer evento com toda aquela gritaria.

- Você é muito elitista Stella. Foi justamente a diversidade do lugar que me encantou.

- Bem chega desse assunto. Estão todos te esperando no set. Vamos logo.

Seguimos atrás dela, e o Tom falou baixinho que mandou alguém

segui-la e que deveria ter notícias em breve. Eu estava ansioso, mas não tinha alternativa, a não ser esperar.

Encontrei com o pessoal da Rosemary Water e depois de colocar o figurino, recomeçamos a sessão de fotos.

Em alguns momentos, eu olhava para o Tom, e ele só negava com a cabeça para dizer que ainda não tinha notícias do espião.

Já era quase noite, quando o vi atender o telefone, e ele fez sinal de positivo para mim. Graças a Deus, as fotos já tinham terminado e eu poderia voltar para o hotel e saber de tudo.

Depois de um longo banho e um jantar rápido com Stella, fui à procura do Tom no quarto dele.

- Conseguiu se livrar fácil da fera?

- Não fale assim de Stella. Mas sim, disse que estava cansado e ela acreditou. Mas me conta o que descobriu.

- Meu espião inventou uma história e conseguiu se aproximar dela. Disse que descobriu que ela está a trabalho aqui, e que fotografia é um hobby. Está hospedada em uma casa, que parece ser da amiga baixinha. Fica a três quadras daqui.

- Só isso? Não me ajuda muito...

- Sim, mas ele disse que ouviu ela falando que vai voltar na praia amanhã, por volta das cinco da manhã. Algo referente a luz ideal para fotos. Pensei que você poderia ir correr na praia cedo e acidentalmente encontrar com ela. O que acha?

- É mais cedo do que eu costumo correr, mas acho que vai valer a pena. Você me cobre com a Stella caso eu demore a voltar?

- Lógico. Mas vou te avisar de novo. você tem que dar limites a Stella. Esse controle que ela exerce sobre você, ainda vai te causar problemas. Escuta o que estou te dizendo Henry.

- Já disse que está exagerando. Ela só é muito cuidadosa comigo.

Me despedi do Tom, voltei para meu quarto e me deitei pensando em como poderia abordá-la para que não parecesse uma armação. Resolvi verificar as redes sociais, e lá estavam as fotos que tirei na livraria. A tal da Chiara havia postado, e marcado a mim e a Julia.

Pude entrar na página dela, mas não havia muito o que descobrir. Ela era muito reservada em suas postagens. Apenas fotos com amigos e família, mas nada que me dessem detalhes sobre sua vida. Fiquei tentado a comentar, mas sabia que isso traria repercussões. Teria que esperar até o dia seguinte, e tentar descobrir eu mesmo.

Às quatro da manhã, eu levantei, tomei banho e fui para a praia em jejum. Quando cheguei ainda estava escuro, e eu não conseguia ver se ela já estava lá. Comecei a me aquecer, e uns dez minutos depois iniciei uma corrida leve pela beira da água onde a areia era mais firme.

A praia devia ter um quilometro e meio e eu estava na segunda volta quando vi alguém no canto esquerdo, que estava tentando pegar algo que o vento soprou para longe em minha direção.

Mesmo com a distância, eu tinha certeza de que era ela. E quando estava a uns 300 metros dela, encontrei o que ela perdeu. Era uma echarpe. Abaixei, peguei do chão e apressei a corrida para chegar até ela.