Romance Intercontinental

Capítulo 6 Henry

Sabia que estava sendo insistente, mas não podia perder a chance de passar mais um tempo com ela. Só em estar ali observando-a trabalhar, já era muito bom, e as fotos que ela tirou de mim, foram as melhores que eu já vi. Com certeza vou querer que ela me dê cópias.

A princípio achei que ela recusaria o convite, então coloquei todo meu charme e talento no sorriso e a convenci.

- E então Julia. Aceita meu convite?

- Não dá para recusar um pedido desses. Vamos lá. Estou morrendo de fome.

Seguimos para um bistrô ali perto, que estava aberto, mas bem vazio ainda. Encontramos uma mesa mais reservada e nos sentamos de frente um para o outro, por mais que eu quisesse ficar mais perto.

Depois que fizemos nossos pedidos, comecei a perguntar mais sobre ela.

- Bem, você disse que é designer. Me fale mais sobre isso.

- Meu trabalho hoje, consiste mais em pesquisa sobre tendências, e por isso a empresa me mandou para cá. Nossa clientela é de gente muito rica que adoram copiar os europeus.

- Deve ser um trabalho interessante. Faz com que as pessoas se sintam bem em seus lares, e te dá a oportunidade de viajar.

- Sim, mas é bem cansativo. Por ser fotógrafa também, meus chefes quiseram economizar em mão de obra, e me mandaram sozinha. Então, além da pesquisa e de fazer anotações, também tenho que fotografar. Mas a vantagem, é que conheço lugares lindos e pessoas incríveis.

- Vou tomar isso como um elogio.

Ela riu alto, e foi a coisa mais linda que eu já vi. Cada minuto que passava com ela, eu ficava mais encantado.

- Na verdade, eu estava falando da Chiara, mas vale para você também. Se não fosse o trabalho, como eu iria conhecer o Henry Cavill?

- Quem sabe... Se fosse mesmo nosso destino, eventualmente isso ia acontecer.

- Não que eu não acredite em destino Henry, mas acho muito difícil que isso acontecesse.

- Bem, eu acho que foi o destino que colocou nós dois na Itália e naquela livraria ao mesmo tempo. Você poderia estar em qualquer lugar na Europa, mas estava aqui.

- Pensando por este ângulo, sim. Já estive na Alemanha, França, Espanha e Portugal, e não era para eu estar aqui agora. Eu devia ter ido para Irlanda, mas como meu cronograma não é fechado, eu mudei o destino. Deixei Dublin para depois. Aí vem Reino Unido e Grécia.

- Sério? Você vai a Londres?

- Sim. Daqui a um mês mais ou menos.

- Está vendo? É o destino querendo que nos encontrássemos. Se não fosse aqui, com certeza seria em minha cidade.

- Nada pode garantir isso Henry.

Ela riu de novo daquele jeito lindo, e eu tive que me controlar para não a puxar em meus braços e beijá-la loucamente. O que estava acontecendo comigo?

Continuamos nessa conversa leve, e pude descobrir que ela era do Rio de Janeiro mesmo. Era solteira, tinha dois irmãos mais velhos e seus pais ainda eram vivos. Descobri mais sobre seus gostos, mas o que me deixou nervoso, foi saber que ela só estaria na cidade por mais quatro dias, e seu horário era muito apertado.

- Quer dizer que você vai embora no sábado?

- Na verdade, sábado é meu último dia. Parto para Dublin no domingo.

Eu estava pensando em algo para convencê-la a me encontrar de novo, quando o celular dela tocou. Eu fiquei apenas olhando, já que não conseguia entender quase nada do que ela falava.

"Bongiorno anche a..."*

*Bom dia para você também...

"Lo so ... Mi dispiace. Stavo bevendo um caffè con... um amico."*

*Eu sei... Desculpe. Estava tomando um café com... um amigo.

"Va bene... Sarò li tra dieci minuti. Ci vorra' del tempo. Bene Chiara..."*

*Certo... Estarei aí em dez minutos. Calma que vai dar tempo. Tchau Chiara.

Ela desligou e olhou para mim com um pequeno sorriso.

- Me desculpe Henry, mas preciso ir. Era a Chiara. Nós temos um horário num lugar muito difícil de acessar, e se eu perder, estou ferrada.

- Tudo bem, eu entendo.

Ela pegou a carteira na bolsa e já ia tirando dinheiro quando a interrompi.

- O que pensa que está fazendo?

- O quê? Você é machista? Vai dizer que não aceita dividir a conta...

- Não é isso. Mas eu te convidei, e por isso eu pago.

- Henry, não tem por que isso...

- Vamos fazer assim... Da próxima vez, nós rachamos. Pode ser?