Desperto a sorrir. Olho as horas, acordei uma hora antes do despertador tocar, mas dormi bem, muito bem. Recordo-me da conversa que tive com ela na noite anterior. Tinha vontade de acordar a seu lado, dar-lhe um suave beijinho de bom dia sem a acordar, pois sei que ela adora dormir. Pego no telemóvel com intenção de lhe enviar uma mensagem de bons dias, mas não a quero acordar, então acabo por não enviar. Levanto-me e despacho-me para ir trabalhar. Na viagem de carro, a música faz a minha mente viajar. Viaja em direcção a ela. Em direcção ao seu jeito tão querido e provocante que me deixa fora de mim. A viagem é mais curta que o normal, nem me apercebi por ao trabalho chegar. Durante todo o turno, cada pequeno detalhe fá-la surgir na minha mente. Sirvo um e outro café... e vejo aquele sorriso e olhar provocante a despertar-me mais do que qualquer cafeina. Desejo tocar-lhe, sentir o seu toque e o seu sabor. "Pode servir-me uma torta de laranja, se faz favor?", pergunta-me um cliente. Laranja... será esse o sabor nos seus lábios se a beijar? Sirvo a fatia de torta ao senhor, completamente alheia da realidade. Vejo o meu colega a rir enquanto me observa. Quando passo por ele, oiço-o dizer "Não sei que raio andas tu a fumar... mas estás ainda mais sorridente que o habitual". Sorrio e ignoro o comentário, servindo um compal de frutos vermelhos a outro cliente. Frutos vermelhos... como adorava pousar alguns sobre o corpo deitado dela e trincar levemente um morango e um pouco da sua pele. O sumo do morango escorreria pelo corpo dela... que eu adoraria depois lamber para sentir o seu sabor misturado com o do morango, que desde criança que gosto. Sinto-me a sorrir e oiço a minha colega perguntar "Estás a rir do quê?". Não penso duas vezes ao responder "Da tua conversa de há bocado", e ela solta uma gargalhada, acreditando na minha mentira. "Lina, tiras aí uma imperial?", pede o meu colega. Assim o faço. Olho para as bolhas da imperial e recordo-me de quando ela me escreveu "Fico cheia de fogo quando estou bêbeda" numa das mensagens que trocamos. Mordo o lábio inferior ao pensar na ideia. À minha frente surge outro cliente que me pede um Licor Beirão. Sirvo-o, imaginando a bebida a percorrer o corpo dela e eu ansiosa por saboreá-la. Passo a língua pelos lábios. É frustrante não a ter por perto nestas alturas que a minha mente começa a vaguear, mas ainda assim, sabe muito bem com ela fantasiar. O movimento da pastelaria acalma e a minha mente também. Lembro-me então da sua voz, do som dos seus lábios a beijarem o seu gato. O gato que eu invejei por segundos por ele ter o privilégio de sentir os seus lábios a tocarem-lhe. A minha mente desliga novamente. A conversa dos meus colegas é apenas som de fundo. Olho para a rua... vejo passar uma rapariga loira, com água a escorrer-lhe no corpo da cabeça aos pés... imagino uma outra loira, a que não me sai da cabeça, comigo no duche. A água a escorrer-lhe pelo corpo. Está vestida, as roupas encharcadas. Quero arrancar cada peça de roupa colada à sua pele. Quero-a despida para mim. Quero-a! "Até amanhã Lina", diz a minha colega que termina hoje o turno uma hora antes de mim. Respondo automaticamente e relembro-me que vou trabalhar uma hora sozinha com o único colega do sexo masculino. Pelo canto do olho, reparo que me olha fixamente para baixo do meu queixo. Viro-me para ele e olho-o directamente nos olhos. Ele atrapalha-se todo para olhar para os meus. Eu aviso que vou lanchar e dirijo-me à cozinha. Observo o telemóvel e leio a resposta dela ao que lhe perguntei anteriormente, se já fez sexo no cinema. A sua resposta é negativa, mas a ideia parece agradar. Então a minha mente volta a sonhar... vendo-a na fraca luz do grande ecrã, a assistir ao filme. Aproximo-me e beijo-a na face. Ela sorri e olha para mim. Derreto-me com o seu olhar e beijo-a na boca. Uma das minhas mãos toca-lhe no cabelo, a outra desliza até à sua cintura. Sinto-a sorrir por entre os beijos e esqueço tudo à volta. Tanto que me assusto quando a porta se abre e o meu colega diz "Fazes uma tosta mista?". Rapidamente o tempo passa e depois do trabalho vou dar um mergulho à praia. Dirijo-me logo para o mar. A praia está cheia de pessoas e não me sinto confortável com multidões. Por isso nado para longe. Paro e olho para trás. Adoro estar dentro de água, longe da multidão. Sinto-me a relaxar e deixo o corpo flutuar à superfície. Relembro-me do seu riso. Imagino-me no mar com ela. Ela a rir-se, eu a aproximar-me dela, a mordiscar a sua pele salgada. Ela adora ser mordiscada e aproxima-se, beijando-me. Tenho noção que é tudo apenas fantasia, então mergulho e regresso a casa. Tomo um duche na tentativa de acalmar o corpo. Os músculos estão relaxados, mas a mente está bem desperta. Deito-me na cama e fecho os olhos. Desperto com o leve beijo na bochecha. Abro os olhos e vejo-a deitada na cama, agora a beijar-me na testa. Agarro-a pela cintura e puxo-a para mim, beijando-a na boca já intensamente. Cada imaginação ao longo do dia quase me levou à loucura. Agora quero ir à loucura com ela. Quero fazê-la perder o controlo, despertar o diabo que ela diz ter dentro de si. Tem vestido uma saia e uma blusa que eu anseio por lhe tirar. Empurro-a contra a cama e beijo-a. Procuro uma fita e vendo-lhe os olhos, quero que ela sinta cada pormenor com mais intensidade. Os meus lábios começam por lhe beijar a barriga, à medida que vou subindo a blusa para lha despir. Vou mordendo cada centímetro da sua pele. Tiro-lhe a blusa quando os meus lábios encontram o seu sutiã. Passo a língua pelos contornos do sutiã, enquanto as minhas unhas deslizam suavemente nas suas pernas, causando-lhe arrepios. Tiro-lhe o sutiã e amarro os seus pulsos à cama. Gosto de a ver assim, indefesa, vulnerável. Sinto o meu diabo a querer atacá-la, mas ainda não é altura. Beijo-a novamente na boca, carinhosamente. Ela corresponde-me, mas sei que anseia pelo diabinho em mim. Os meus beijos vão descendo para o pescoço e a sua respiração começa a acelerar. As minhas mãos procuram os seus seios, acariciando-lhos enquanto lhe mordisco o ombro. Ela solta um suspiro que me pede para que continuo. A minha boca segue a linha do seu corpo, os meus dentes cravam-se muito gentilmente nos seus seios, fazendo-a contorcer-se levemente. Mas sei que ela anseia por mais. Passo a língua uma e outra vez nos seios e continuo a descer. Vou beijando e mordiscando a sua pele e a sua boca solta suspiros impacientes por mais. Mas quero mesmo levá-la à loucura. Os meus lábios tocam na sua saia, as minhas mãos despem-na. As suas pernas ajudam com os movimentos, ansiosas pelo que se segue. Passo a língua nas suas cuecas e vejo a sua pele arrepiar ligeiramente. Sorrio e cravo os dentes nas suas cuecas, despindo-as. Olho para o seu corpo despido e sinto o meu corpo a aquecer e o diabo a despertar. Beijo-a suavemente na boca e depois desço directamente para as suas pernas. Beijo-as e mordisco-as, enquanto as minhas mãos sobem acariciam novamente os seus seios. Os meus lábios deslizam até à sua virilha, procurando dar-lhe mais prazer. Passo a língua nas suas virilhas e ela solta um pequeno gemido que me pede mais. Estou cansada de controlar o diabinho. Sinto-me a perder o controle sobre mim mesma. Os meus dentes cravam-se suavemente nos seus lábios vaginais. A minha pulsação acelera mais. A minha língua começa a explorar, lentamente. Mas o meu diabinho anseia por gemidos, obrigando todo o meu corpo a se soltar. Abro mais as suas pernas, para puder saborear o máximo possível. A minha língua penetra-a, fazendo-a gemer de prazer, depois passeia pelo seu clitóris, fazendo-a gemer novamente. Os seus gemidos fazem o meu corpo vibrar e ansiar por mais. As minhas mãos voltam a descer, tocando no seu clitóris dela enquanto volto a penetrá-la com a língua. Depois volto a passear a língua no clitóris, mas desta vez um dos meus dedos desliza para dentro dela. Ela está demasiado molhada para que apenas um dedo lhe dê prazer. Por isso meto mais um e depois um terceiro. Acelero os movimentos dos dedos e língua, até os gemidos dela serem suficientemente intensos e o seu corpo se contorcer todo. A minha boca sobe novamente, enquanto a penetro com 3 dedos e lhe toco no clitóris com outro, sentindo-a bem molhada. Volto novamente beijar e morder o pescoço, agora com força, deixando marca. A respiração dela está acelerada, beijo-a para lhe tirar o fôlego, depois mordo o ombro com força e oiço-a soltar o gemido que me diz que atingiu o orgasmo. A pouco e pouco sinto os seus músculos a relaxar. Desamarro-a e tiro-lhe a venda. Ela olha-me, sorrindo, e abraça-me. Beijo-a suavemente e depois dou um beijinho no seu pescoço, por cima da marca que os meus dentes lhe deixaram. E acordo sozinha. Olho para o lado desejando tê-la ali, mas não está. Sorrio na mesma, na esperança de que um dia acontecerá.
Silves, 19 de Agosto de 2015
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Libertas Palavras
PoetryPorque as palavras existem Para serem faladas, escritas e ditas... Não caladas, apagadas e escondidas!