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    O alarme que indicava o término de mais um período soara e, com exceção dos alunos que cumpriam detenção e aqueles que frequentavam classes de reforço, todos já poderiam retornar às suas residências. Uma aglomeração se formara ao corredor e uma boa parcela de estudantes encaminhava-se à porta de saída do prédio. Steve, após esclarecer algumas dúvidas em relação ao conteúdo abordado, retirou-se também do ambiente de estudos.

    Diante o vasto corredor, constatava-se a presença de cartazes e anúncios por toda a parte. Às paredes, circulares a respeito do anuário, menções à peça organizada pelo clube de teatro, folhetos informativos — certamente propostos pela coordenadoria — que abordavam, dentre múltiplos temas, ações preventivas às infecções sexualmente transmissíveis e ironicamente dispensáveis ao público alvo: adolescentes imprudentes e convictos de que eram imunes a quaisquer adversidades; promoções à consciência ambiental e ecológica, embora a produção destes folhetos não contribuísse ao meio ambiente; e orientações de combate ao bullying. Ineficazes, sob sua perspectiva.

    Steve, desde que fora transferido à instituição, era frequentemente exposto a contextos bastante desfavoráveis. No entanto, o garoto optava por não recorrer à coordenadoria e insistia que acovardar-se não era uma opção.

    Dirigiu-se ao armário de número trinta e seis. Registrado com marcador permanente, lia-se o termo freak à porta de metal e Steve calculava mentalmente quando fora a última vez em que fizeram algo semelhante. Há duas semanas? Uma, talvez? Deveriam estar em algum canto do colégio orgulhando-se de, novamente, vandalizarem o armário de Steve, como se isto já não fosse batido o suficiente.

     — Esses otários não sabem mesmo inovar — Natasha concluiu, juntando-se ao garoto, dispondo uma de suas mãos sobre o ombro direito alheio.

    Natasha não possuía quaisquer dúvidas quanto à identidade do principal autor de tal feito; certa vez, cumprira quatro intermináveis horas de detenção após mandá-lo à enfermaria, devido à uma fratura.

    — Considerando que são um bando de imbecis, é até bastante razoável — pontuou despretensioso, alcançando o padlock à porta de seu armário. — Algo em mente para o projeto de química? — desviou-se subitamente do assunto, executando a sequência de números até que escutasse o destravar do cadeado.

    — Não. Clint e eu marcamos de nos encontrar no Joe's amanhã à tarde — mencionou Natasha. — Decidimos cabular os dois últimos períodos — o tom de sua voz se atenuou, não era sua intenção ser ouvida por terceiros.

    — Suponho que o projeto não seja sua prioridade — avaliou resoluto, organizando pacientemente seus pertences dentre o estreito espaço destinado aos seus materiais.

    — O que está insinuando? — disparou, cravando o par de íris verde-oliva à figura alheia.

    — Qual é, Nat? Esse lance entre vocês é meio óbvio — Natasha não afirmou, tampouco o refutou. Decerto, Steve teria motivos suficientes para sustentar esta tese, e o fato de que a garota se divertia diante tais especulações somente reforçava a sua teoria.

    — É... quem sabe?

2

    Os atletas deslocavam-se de uma extremidade à outra, transportando arduamente kettlebells, sob às ríspidas instruções do treinador Phillips. Samuel prestava assistência aos demais esportistas que, assíduos, realizavam a dinâmica previamente imposta, saltando sobre obstáculos dispostos ao gramado. Era início de temporada e toda a equipe visava a classificação. Dentro de quatro semanas, disputariam a partida decisiva e os jogadores não poderiam estar mais otimistas quanto à qualificação à próxima etapa. As expectativas eram altas, estudantes de todo o high school elaboravam cartazes e os espalhavam por toda a imediação da instituição. Durante as competições, as arquibancadas atingiam sua capacidade máxima, espectadores vestiam orgulhosamente as cores do time e bradavam incentivos aos Jackals.

    Em determinado momento, o estridente apito soou e imediatamente todos os rapazes suspenderam suas atividades e reuniram-se perante o treinador Phillips que se pôs a dissertar a respeito do desempenho de seus alunos, salientando seus pontos positivos e negativos e aconselhando-os. O time fora dispensado ao término de suas observações e os atletas, desta forma, se puseram a recolher todo o equipamento utilizado durante o treino.

    Bucky assistia a toda a movimentação de seus parceiros de equipe da arquibancada. Calçava seus costumeiros tênis em vez de chuteiras e vestia calças jeans no lugar de seus trajes esportivos. Questionava-se sobre o motivo de não ter simplesmente retornado à sua residência, posto que não havia quaisquer razões para não o fazer. Mas James permaneceu em seu assento, meditando sobre os mais recentes eventos. Fora suspenso dos treinos e, consequentemente, não disputaria a partida de sexta-feira à noite. Detestava o fato de ter um substituto e principalmente por tratar-se de Erik.

    Não muito distante de Barnes, Steve, que utilizava as escadas laterais de acesso às arquibancadas, o avistou e, a julgar pelas feições pouquíssimo amigáveis alheias, supôs que, muito provavelmente, James preferisse permanecer em sua própria companhia somente. No entanto, quando prestes a recuar, atentou-se às íris tão instigantes sobre si e estacou.

    O running back acenou, sugerindo que Steve se aproximasse e o garoto, decerto, não se opôs; dirigiu-se ao colega de classe, acomodando-se ao assento à sua esquerda.

    — Wilson está no vestiário, estão todos lá — informou-o James. — Era o que iria perguntar, certo?

    — Na verdade, não. Nos cruzamos agora há pouco — não intencionava ser indiscreto ou algo do tipo, Steve, no entanto, estaria mentindo caso afirmasse não ter a mínima curiosidade acerca do motivo pelo qual Bucky, supostamente, não participara do treino. — Você não me parece muito bem — comentou, tentando soar minimamente despretensioso.

    — Eu não estou — garantiu, categórico, corrigindo sua postura inadequada. — A senhora Price exigiu que eu fosse afastado dos treinos e, até que eu apresente bons resultados, eu não entrarei em campo.

    Durante breves instantes, houve apenas o silêncio. James contemplava o cenário melancólico à frente e, considerando o fato de que nuvens espessas e cinzentas dominavam o céu, Barnes deduziu que enfrentaria um intenso temporal em seu caminho para casa, posto que sua mãe não o cedera o carro. Steve, por outro lado, ponderava sobre o que responderia ao colega de classe, uma vez que o silêncio se tornara um tanto inoportuno.

    — Talvez eu possa ser útil — sugeriu irrefletidamente. — Digo, não é como se você não fosse capaz de atingir bons resultados sozinho, não me entenda mal — retificou-se, suas palavras atropelavam umas às outras.

    — Está realmente me oferecendo monitoria?

    — É uma proposta — indicou, oscilante.

    — Certo — Barnes, desta forma, voltou-se a Steve. — Quando começamos?

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⏰ Última atualização: Dec 23, 2019 ⏰

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