A Despedida do Amigo.

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"A gratidão de um amigo pode superar todas as barreiras, até a do Sobrenatural!"

Essa história que vou contar aconteceu com meu irmão por volta de 1986.

Na classe de meu irmão havia um rapaz (Daniel) muito tímido do qual todos tiravam sarro e faziam as maiores maldades que adolescentes são capazes nessa fase de idade quando encontram alguém como ele.

Meu irmão inquieto com a situação se aproximou do Daniel e se tornaram amigos. Ao longo da amizade foi descoberto o quanto a vida dele era difícil em todos os aspectos, pois ele era um músico, um poeta enfim, um adolescente voltado para a arte (ele não era gay) e claro que nas matérias que exigiam esforço físico ele ia muito mal pois não era prioridade para ele.

O pai dele, cuja família era conhecida na cidade, juntamente com o seu avô possuiam um centro espírita e davam ajuda aos jovens, mas mal sabiam as pessoas que aquele homem que era tão gentil com os jovens eraao mesmo tempo extremamente ditador e violento com o filho, querendo que fosse o melhor nos esportes e obrigando-o através das maiores atrocidades, e quando o objetivo não era atingido ele era espancado violentamente pelo pai, sendo que a família fingia que não via nada. Era revoltante saber que as faltas dele na escola eram por causa das surras que tomava do pai.

Morávamos em uma casa de 3 andares, e a porta do quarto de meu irmão era de frente para a escada.
Certo dia por volta das quatro horas da tarde, eu e minha mãe saímos e não avisamos meu irmão, que estava estudando em seu quarto.

Na volta encontramos meu irmão estranho, pois ele nos falou que seu amigo Daniel tinha estado lá pedindo leite pois que estava com muita dor de garganta.
Meu irmão não conseguiu dar o leite para ele, pois quando ele saiu para providenciar o seu amigo havia ido embora. Meu irmão contou e não demos muita importância porque talvez o amigo dele estivesse em pânico, pois era dia de mostrar o boletim ao pai e pensamos que ele estivesse sem saber como mostrar as notas vermelhas nos esportes sei lá. Quando estamos em uma saia justa fazemos coisas estranhas sem pensar, e foi o que pensamos, que ele estava meio perdido.

A noite tocou o telefone e era uma pessoa da escola avisando que o Daniel havia se enforcado por volta das quatro horas da tarde com a faixa de judô o qual era obrigado a usar pelo pai. Nunca conseguimos descobrir o que havia escrito no bilhete suicida, mas era destinado ao pai.
Meu irmão ficou muito mal e nós assustadas com todas essas informações e sobre a visita do amigo.

Mais tarde no velório, vimos que o semblante do Daniel no caixão era carrancudo, bravo.
Fomos para casa. Durante a noite meu irmão contou que o seu amigo Daniel havia voltado novamente pedir leite ele, pois estava com dificuldade para engolir e com dor de garganta. Meu irmão assustado quando viu a aparição do Daniel correu chamar minha mãe, mas ele já havia ido embora.

Depois disso meu irmão desceu até a cozinha e colocou um copo de leite, e em seguida foi dormir.

Durante a madrugada o seu amigo Danivel surgiu novamente, e agradeceu o leite, o qual segundo o amigo o ajudou a tirar todo o mal estar na garganta. Após isso ele se despediu do meu irmão e agradeceu também por ele ter sido amigo dele durante os poucos momentos felizes que teve ao seu lado e com a nossa família em nossa casa.

Na manhã seguinte no momento do enterro, pouco antes de fechar o caixão meu irmão foi vê-lo pela ultima vez, sendo que ele parecia estar sorrindo e em paz sem aquela carranca da noite anterior.

Muitas vezes para se ter paz, mesmo estando no além, é preciso a ajuda de um grande amigo!



#PrincesaTalibã:3

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