hanahaki disease.

more flowers;

havia alguns dias que as dores no peito e tosses se tornaram parte de minha rotina, eu sabia o que isso significava mas convencia a mim mesmo que logo iria passar.

não passou.

quando eu lhe vi aos beijos com aquele garoto eu me senti um completo tolo, por que ainda continuava a te amar? por que não conseguia simplesmente deixar de te amar?

me engasguei de repente, colocando a mão na boca.

havia uma pétala manchada de sangue em minha mão.

era de uma rosa. uma rosa vermelha.

era óbvio que eu não queria acreditar naquilo, hanahaki não era algo tão comum.

não era, só poderia ser uma coincidência, certo?

eu realmente tentava acreditar nisso.

notei que atraía alguns olhares estranhos, era de se esperar, estava estático no corredor com os olhos transbordando em angústia e minhas mãos ainda cobrindo a boca. naquela manhã, eu me apressei em me esconder em uma das cabines do banheiro - mais precisamente na última - me encontrava em um estado deplorável: as vestes todas amassadas, os cabelos emaranhados, os lábios com um gosto marcante de ferro e uma expressão de desespero.

eu queria chorar novamente, eu era um fraco, um idiota, um covarde, apenas não conseguia encarar você seguindo em frente sem nem ao menos lembrar de nós, um completo egoísta.

já fazem dois meses desde que tudo isso aconteceu, mas nada mudou.

as coisas só pioraram.

você, aurora, já havia notado o que andava acontecendo comigo. havia notado os rotineiros resquícios de sangue em meus lábios. havia notado os - agora botões - de suas flores favoritas sendo cuspidos a força.

você riu.

você gargalhou de meu sofrimento, assim que viu a flor em minhas mãos, você gargalhou, aurora. tu não és mais a mesma, desde aquele último dia, daquele maldito verão.

você é desumana, tão cruel e estúpida.

talvez, o estúpido seja eu, por ter te amado tão loucamente e profundamente, por ter acreditado naquela aurora, por ter fingido que estava tudo bem por meses, por ter achado que, em algum momento, você voltaria para os meus braços.

mas você nunca esteve verdadeiramente neles.

você me abraçava enquanto pensava nele, você sempre esteve com ele, e nunca comigo. juntando todas as peças agora eu entendo.

mas já era tarde demais para entender.