Mais ninguém

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________Delegacia_______

– Tem que tomar alguma atitude!

A voz do prefeito ecoou pela sala do delegado, o que só o deixou ainda mais irritado. Se levantou encarando o homem mais baixo a sua frente.

– Você acha que eu sou mágico, Gabriel?!

– Mágico? Ah era só o que me faltava! - Gabriel sorriu com ironia fazendo sinais com as mãos demonstrando sua irritabilidade - Vai brincar agora? Com a situação em que estamos, Lúcifer?!

– Eu não estou de brincadeira! - o loiro deu um soco na mesa, o que fez Gabriel arregalar os olhos com tal atitude - Eu coloquei o toque de recolher! Mas o maldito serial killer não deixa rastros! Na verdade, parece que os corpos encontrados, foram até deixados de propósito, Gabriel!

– O que você quer dizer com isso? - o mais baixo colocou as mãos na cintura - Ele está jogando com a gente? É isso?

– É o que parece... - Lúcifer deu de ombros e voltou a se sentar novamente - Meus melhores homens estão atrás do maldito... Não sei mais o que posso fazer!

– Te digo o que pode fazer! - Gabriel deu dois passos ficando bem a frente da mesa do delegado - Ache-o, jogue-o na cadeira! Antes que a próxima vítima desse jogo doentio do assassino de Lawrence, seja alguma peça mais importante da cidade!

– Como quem...?

– Como... - Gabriel se afastou um pouco da mesa - o prefeito, por exemplo... - ele foi até a porta e a abriu - Ou, quem sabe o delegado da cidade... Senhor, Lúcifer Mark!

O prefeito saiu batendo a porta atrás de si, deixando o delegado um pouco mais preocupado do que antes... Aquilo não parecia tão importante... Na verdade empatia sempre lhe faltou, mas se sua própria vida, ou até mesmo seu emprego corressem perigo...? Aquilo acabara de mudar tudo.

Encontraria o assassino de Lawrence, nem se tivesse que procurar de casa em casa na cidade!

...

              ______Igreja_____

A semana se passou rapidamente, era domingo de manhã, a igreja já estava totalmente lotada. A missa seguiu calmamente, apesar do coração apertado e culpado por seus pecados, levava tudo em segredo, não que isso fosse durar muito mais tempo. Castiel sabia que teria que tomar alguma atitude, o pecado lhe dominou e Dean Winchester era o primeiro da fila aquele domingo. Estava ali, como todos, ou qualquer cidadão, até comprimentara algumas pessoas, fora impossível não olha-lo, não segui-lo por todos os cantos desde que pois o primeiro pé ali, Castiel o viu e sua alma quis sair pela boca, seu estômago embrulhou e sua respiração ficou pesada.

Dean Winchester lhe causava isso!

Uma hora e meia mais tarde, todos já haviam saído, a missa havia acabado. Castiel seguiu para o quarto dos fundos da igreja, vestiu sua bata normal. E saiu, foi para o carro, iria para casa, escreveria uma carta...

– Padre...

Aquela voz... Castiel se virou antes que pudesse abrir o veículo.

– Achei que tinha ido embora.

Disse encarando seriamente os olhos verdes a sua frente. O sol batia em seu rosto, ferindo seus olhos, mas os de Dean estavam protegidos pela sombra do chapéu caqui, e dessa vez, ele estava sério.

– Não... - ele deu um passo a frente, se aproximando e colocando a mão sobre o chapéu e o tirando, como sinal de educação - Podemos conversar? - ele olhou para a igreja, já com suas portas fechadas - Lá dentro?

– Tudo bem.

Castiel guardou as chaves de volta. Passou por Dean a caminho da porta pequena nos fundos da igreja, a abriu e entraram.

Caminharam juntos até a pequena sala dos fundos. Dean olhou pelo comodo onde jamais estivera. Havia um armário antigo, uma pequena mesa, e um sofá, onde Castiel se sentou, aparentemente cansado, estava diferente da última vez que o vira, o Padre Novak parecia outra pessoa...

– Sente-se. E fale. - ele cruzou os braços olhando para Dean - Matou mais alguém? Ou simplesmente veio condenar mais alguém ao inferno?

– Inferno...? - Dean caminhou pelo comodo, colocando seu chapéu em cima da pequena mesa, e se sentando ao lado do Padre - Por que acha que vai para o inferno, Padre?

– Ah Dean... - Castiel sorriu irônico, coisa que o deixava ainda mais diferente - Sabe o motivo.

– Eu sei, sei que vou pra lá... Por isso venho aqui. Deus me condenou, mas ele me fez assim. Mas você... - ele baixou o olhar - Nunca seria condenado.

– Não sei por que pensa assim...

– Não há pecado que o impeça de entrar no paraíso, Cas... Deus o perdoará.

Dean o olhou, e viu um leve sorriso de canto nos lábios do padre, que se levantou do sofá, caminhando até o armário ali, o abrindo e tirando de dentro uma garrafa, dois copos e o servindo com whisky.

– Deus perdoa, a quem se arrepende, Dean.

Virou uma dose e levou a outra até o loiro que o olhava curioso.

– Não se arrepende?

Dean virou a dose também.

– O que veio fazer aqui, Dean Winchester?

– Me confessar... Como sempre.

– Nesse caso... - Castiel voltou a garrafa e se serviu de mais uma dose da bebida e a virou mais uma vez - Fale.

– Confesso... Que desde que estive na sua casa, não matei mais ninguém.

Dean se levantou do sofá e foi até Castiel que apenas o olhava, tentando entender, tentando fazer sentido nas palavras do assassino.

– Dean eu... - Castiel baixou o olhar por um momento - Eu não acredito em você.

– Padre olhe para mim. - assim Castiel o fez - Eu não mentiria para um homem de Deus.

– Okay... - Castiel respirou fundo - O que eu faço com isso, Dean?

Os olhos azuis nos seus, Dean não resistiu ao impulso de sentir aqueles lábios mais uma vez. O segurou pelo rosto e o beijou. Castiel segurou em sua mão a afastando e o encarando em seguida.

– Me mostre...

– O que...? - Dean disse com a voz fraca.

– Me mostre tudo. Essa noite. Vou até você, Dean. Mas vá embora agora. Preciso de tempo.

Dean assentiu. Apenas isso. Pegou o chapéu caqui sobre a mesa e o vestiu. Dando um último olhar em Castiel e saindo em seguida.

– Deus...

O padre sussurrou para si mesmo... O que acabava de fazer...?

Olhou para a bebida sobre a mesa e pensou em guardá-la. Ou apenas acabar com o restante ali... Mas antes de tomar qualquer atitude ouviu passos e logo em seguida um rosto conhecido adentrara o quarto.

– Delegado...

Milésimo Pecado - Destiel (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora