A morte

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Porque eles são tão frios?
Esses mil rostos
Com suas mãos em meu pescoço
Espremendo até o osso
Ainda sinto-as presas como cinto de couro
Mesmo depois de ausente
A dor se tornou presente
Revivendo em minha mente-cadaver
O fantasma de minha própria alma

Porque elas são tão frias?
Me fazem pensar
Por onde passaram
Onde eu irei parar

Fria
Em seus braços
Alguém que costumava pulsar cores quentes de uma paixão de verão ardente
Hoje fria, como o chão de um banheiro;
Paredes de uma hospital
Enrolada em plástico preto;
Sem preço; porém etiquetada
apenas uma peça barata
Uma blusa usada que ninguém quer comprar
Assim valendo nada sobre a vida que levava

Fria
Aqui estou eu
Ainda há a poeira em minhas roupas
Terra entre meus dedos
E sangue em meus dentes
Agora jás morta
A própria morte me carregava
Com sua coluna torta
Seus dedos calejados
E mãos frias
Tão frias quando as minhas
Ela fazia certeza de não me largar
Como uma mãe carregando seu recém nacido
Ela me largou gentilmente sobre minha sepultura
E despediu-se com um sóbrio "Olá"

Leia antes de eu partirOnde histórias criam vida. Descubra agora