o mago

15 3 1
                                    

 Abro meus olhos lentamente e percebo que estou em uma floresta com árvores enormes que sufocam toda a luz. Não sei como cheguei neste lugar onde o vento gélido enrijece toda minha extensão corporal, e a noite ressalta a escuridão da minha alma. Ao olhar ao meu redor, percebo uma caverna atrás de uma moita e, ao analisá-la com cautela, avisto fagulhas de luz como de uma fogueira distante emanando de dentro daquele aprisco rochoso, fazendo crescer dentro de mim uma grande curiosidade em saber o que tinha naquele local.

Ao chegar à frente da gruta misteriosa, constato sua grandiosidade - confesso que estou com medo -, suas paredes são ásperas como lixa e tem cheiro de poeira. Andando lentamente em direção à luz, sinto minhas pernas tremerem, mas algo em minha mente me diz que preciso ver o que está acontecendo; as batidas das asas dos morcegos e o sibilar de cobras aceleram os batimentos do meu coração ansioso.

Assim que chego à fonte resplandecente fico embasbacada com o que vejo: um tipo de templo escondido com as paredes desenhadas de símbolos astrológicos como dos livros de constelação; na sala enorme antiga via-se um forro branco na parede central com uma rosa com vinte e duas pétalas ao centro; no piso, havia uma cruz dourada unida a uma rosa vermelha de quarenta e duas pétalas. No altar, uma cruz preta com uma rosa de vinte e cinco pétalas douradas; no teto havia uma pintura de seres híbridos: metade homem e metade animal com livros nas mãos lutando com pessoas com roupas pretas assustadoras, e aparentemente a morte esta guiando o grupo adversário - uma vez que é alguém com uma foice nas mãos; no centro do templo iluminado por tochas, uma tábula redonda que flutuava sob o chão com uma lapide ao centro.

Fantasmagoricamente vejo emergir de dentro do tumulo da mesa dez livros aparentemente antigos com símbolos estranhos desenhados em suas capas, formando um círculo sobre a borda da mesa; para ficar ainda mais estranho e assustador, os livros começaram a girar em um movimento centrípeto sobre a borda da mesa, como um carrossel de parque de diversões desenfreado. Cada livro possui uma cor distinta: vermelho, lilás, amarelo, verde, laranja, azul-marinho, marrom, violeta, rosa e dourado.

Enquanto rodavam freneticamente, algumas páginas de cada livro desprendiam-se do restante formando duas resmas ao centro do tumulo- o que me faz pensar que é algum tipo de ritual. Quando finalmente o movimento giratório sessou, outro acontecimento me deixou perplexa: os símbolos das paredes e dos livros começaram a emitir uma luz branca, como um farol dando sinal em alto mar, em direção as folhas que se soltaram, e com alguma magia se formam dois novos livros: um de capa preta e outro de capa branca.

Entusiasmada com o que eu tinha acabado de ver, fui até a mesa para olhar o que tinha naqueles livros na esperança de descobrir alguma coisa. Primeiro fui em direção dos livros branco e preto que estão ao centro, mas minha mão os atravessa como se eles não estivessem ali. Tento livro por livro, mas ainda não consigo tocar em nenhum. Até que no ultimo, o dourado, eu consigo toca-lo, o que me deixa muito empolgada.

Ao abri-lo com cuidado vejo o desenho de uma mulher com asas e olhos de borboleta, ela sorria como se soubesse que eu a estava vendo, sua pele morena parecia muito real e seus cabelos negros como uma pantera eram lindíssimos; em seu pescoço havia algo bastante curioso: um cordão com um pingente redondo- como uma esfera- com o desenho perfeito do planeta terra. Ao passar o dedo sobre o desenho daquela bijuteria interessante, senti que havia uma ponta de corda com um nó em seu pescoço, e ao termina de puxa-la com cuidado, o cordão já não estava mais desenhado naquele livro, mas estava em minhas mãos. As estrelas em volta do planeta do pingente brilham intensamente como um diamante. Rapidamente o coloquei em meu pescoço, o que eu não esperava é que, ao fazer isso, o meu nome, Isabela, apareceria em cima da ''mulher-borboleta'', escrito em um vermelho vivo, como sangue que acabou de sair de um machucado.

Não tive muito tempo para tentar entender o que estava acontecendo, pois fiquei apavorada quando duas pessoas encapuzadas com túnicas de clérigos que tampavam suas faces - um todo de branco e outro de preto - entraram na sala sem que eu percebesse. No entanto, por um algum motivo, eles não podiam me ver; um deles - o de roupagem branca- carregava um cajado prata, e o outro um cedro dourado com uma estrela de sete pontas vermelha. O dono do cajado estava preso com correntes gigantes, que são os motivos de seu murmúrio:

Zenion e o livro suicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora