The Times They Are A Changin

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06 de agosto de 2026

Dia 1

Adolf

18:00. A cidade é lentamente tomada pelo crepúsculo, e dentre toda sujeira que vem com ele eu estou no meio. Sinto uma enorme repulsa por essa cidade, o cheiro de sangue e fornicação está em todas as vielas, os moradores dela andam como vermes alienados por algo que não os levará a nada. Meu primeiro caso em semanas que merece a atenção devida, algo que não é dado pelos oficiais locais. "Pelos deuses por que justo aqui? " Me deparo com esse pensamento ao chegar ao local indicado pelo meu informante, e ao invés de encontrar as vielas sem saídas e os miseráveis que estou habituado, encontro um bairro nobre, isso mesmo nobre, cheios com suas ruas com uma iluminação excessiva e mansões e prédios luxuosos com os mais mórbidos e sórdidos segredos.

18:45. Chego ao prédio, qualquer que não soubesse o que tem ali dentro chamaria esse de um belo lugar para viver. Pego o kit de arrombamento que ganhei daquele que um dia chamei de amigo, não perco muito tempo com a fechadura, era uma simples; conforme subo as escadas pelas sombras escuto sons que vem das paredes vizinhas; a luxúria está impregnada em todos os tijolos, minha repulsa aumenta, porém livres são esses vermes, tenho assuntos mais importantes a tratar. "Minha doce rainha, por que não habitais mais minha insignificante vida"; sou tomado por esse devaneio e logo descubro o motivo, é o mesmo doce aroma eu usava quando desejava me surpreender ,porém sua origem não é tão divina, dessa vez é de uma garota na casa dos vintes, repleta com medo nos olhos - que por viver na miséria presta serviços tão indignos que não tem o valor para que sejam por mim relatados mais detalhadamente - está aparentemente acabada e fumando um cigarro aromático, em descendo as escadas a passos lento e leves; levou um susto quando percebeu minha presença, era tarde, todavia como ela não era meu alvo, nosso encontro acabou ali; percebi que seus passos se tornaram mais ligeiros e pesados, seria esse o anuncio de uma tragédia.

19:00. Chego finalmente ao sexto andar, procuro pelo quarto onde meu alvo está ressonando tranquilamente, 013, uma bela ironia, talvez realmente não fosse seu dia de sorte, novamente mais uma fechadura, dessa vez demoro mais para abri-la cuidadosamente, se for pego aqui é o fim. Enfim entro no recinto, o cenário como que me deparo mostra a verdadeira alma dele, nas paredes quadros de mais diferentes países retratando cenas em que a beleza e a jovialidade de uma época é o seu tema principal; estantes e mais estantes com livros em diversas línguas, os móveis de madeira entalhada e com o estofamento em uma vermelho vivo, são belos e dão um ar intelectual ao ambiente, porém se soubessem falar todos ficariam com os horrores em que se passaram nesse recinto, e um carpete de um veludo grotesco de uma cor avermelhada cobrindo todo o piso , não grande o suficiente para se tropeçar e acabar tendo um acidente, mas também não pequeno o suficiente para esconder as manchas do sangue de uma vítima deflorada antes de as leis permitirem tal ato.

19:06. Um barulho me desperta dos meus devaneios, espero cautelosamente o meu alvo, mas ao preparar para golpear a sombra que cruza por mim, fico congelado por alguns instantes, não era quem eu esperava, droga é só uma garotinha, fico com a minha guarda baixa e antes que eu perceba sou tomado por uma fúria incontrolável, o motivo, a garotinha está repleta de cicatrizes pelo seu corpo, indicando que quem quer que seja que a trouxe ali, vinha lhe torturando a um bom tempo.

Escuto um leve e seco estampido cruzando a sala, e depois de alguns segundos de um breve silencio, a garotinha saiu cambaleando e caiu contra a cortina, derrubando-a no chão, e assim escondendo uma parte do seu pequeno e frágil corpo maculado. A origem vem a ser possivelmente de uma 9mm com um silenciador acoplado e a origem é o outro lado da sala. Após longos e torturantes segundos de hesitação vou em direção ao lugar exato de onde veio a bala, e com uma fúria descontrolada ataco o atirador.

19:13. A partir desse momento só tenho fragmentos do que me aconteceu, por mais que eu tente lembrar somente uma imagem de um corpo dilacerado e o cheiro imundo de sangue coagulado me vem à mente. 

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