ETLCD 3 - ∆ Filhos de Caim ∆

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Landon Rafron🌀

Não é possível fugir do medo. Ele não pede licença, derrubando qualquer tipo de proteção que julgamos ter criado.
Primeiro o medo paralisa, depois consome e por último destrói.

É trivial, comum, sentir o medo buscando se apoderar do nosso eu quando situações desesperadoras surgem.
Fomos ensinados que os legítimos não são normais, por isso não devem de forma alguma demostrar medo, senti-lo é aceitável, se deixar dominar por ele é imperdoável.

Por causa disto, até diante dos corpos de Cristian e Clara amarrados por correntes de ferro no pescoço, pendurados a quase 10 metros de altura, nenhum de nós demostrou medo em suas fisionomias.

— Como vamos tirá-los de lá? — Olívia com seu ar de indiferença perguntou amarrando o cabelo acima da cabeça. Demostrando disponibilidade em lutar.

— Eles estão vivos? — questionei ríspido, elevando o som da voz, procurando ser ouvido diante da multidão eufórica.

— Depende de vocês. Falta 2 minutos para a asfixia está completa. — A voz grave ecoou por todos os lados. A multidão permaneceu gritando eufórica.

Ficamos por segundos pensando em como conseguiríamos alcançá-los a dez metros aproximadamente do solo.

— É muito alto, não vamos conseguir — Olívia foi realista — não sem os nossos poderes — concluiu.

— perdemos 30 segundos — Danielle disse focando o rosto da irmã desacordada, ao caminhar na direção dos dois corpos. — Ela é minha irmã, não vou deixar que morra — afirmou o mais fria que conseguiu fingir ao chegarmos abaixo dos dois pendurados.

— Façam alguma coisa, vocês não são os filhos de Sete? Os jovens mais poderosos do mundo? — A voz ecoou perguntando, gargalhando ao final de cada pergunta.

— Eles querem nos mostrar que somos fracos — deduzi engolindo em seco. Sua provocação era para constatar o que a muito tempo sabíamos. Todos dizem que somos os mais fortes, os melhores, os poderosos, no entanto, nunca me vi dessa forma. Fracasso, é a palavra que acompanhou meu desempenho até aqui. Não sei os outros, mas dificilmente pensem de outra forma.

— Nós não somos fracos — Danielle declarou alternando o olhar entre nós três. — Não agora, não nesse meio tempo que eles estão pendurados lá em cima precisando de nós.

— Fomos capazes de destruir aquela cela, não porque cada um individualmente usou os poderes que tem, porque eles nem estavam funcionando, e sim porque trabalhamos juntos. Não importa em quantas jaulas nos prenderem, juntos, vamos conseguir ser livre novamente — discursei, acreditando que enfim poderíamos deixar nossas diferenças de lado, e nos ver não apenas como atrapalho um na vida do outro.

— Sempre temos a disposição todos os nossos poderes, nunca ficamos sem eles em situação de perigo. Temos um poder que nenhuma jaula é capaz de paralisar, precisamos acreditar nele, agora. Senão, nada vai funcionar — Olívia nos surpreendeu ao dizer tais palavras. — Se tivermos fé, um no outro, vamos salvá-los — finalizou e pôs as mãos no centro. Fizemos o mesmo e juntos fechamos os olhos. Havia se passado 1 minuto e 30 segundos para que a asfixia se completasse.

Perdê-los não seria uma opção, nem que custasse o grande preço, o de estarmos unidos por um único propósito.

Não recordei exatamente o que aconteceu naqueles segundos, alguns dizem que uma bola transparente emanou de nosso meio, subindo até o corpo de Cristian e Clara, quebrando as correntes e os fazendo levitar até o chão, no instante que os corpos de nós quatro desfaleceu, porque o poder que despertamos foi muito mais forte do que qualquer outro. Há relatos também, de que nossos pais invadiram a casa onde estávamos escondidos no subsolo e no exato tempo que invadiram um filho de Caim atirou dardos de Halfeld em nossa direção, deixando todos inconscientes.

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