ETLCD 4 - ∆ Um passo à frente ∆

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Rafael Elen Richon🌀

— Como vamos fazer pra eles contarem a verdade, Landon. Se você for perguntar vão dizer que o que queremos ouvir. Não fomos nós, isso é um absurdo. — Cristian deitou-se no chão com as mãos abaixo da cabeça e a perna direita sobre a esquerda. Encarou o teto como se estivesse hipnotizado.

Andei novamente até a janela e apoiei meus braços sobre ela. Da janela da casa de Landon tenho uma visão privilegiada de uma floresta verde nas montanhas. A vista é belíssima, verde é minha cor preferida.

Não que admita em voz alta, ou seja bom em demostrar o que estou sentindo, mas o que aconteceu a três dias atrás não tem me deixado dormir. Nunca imaginei que a possibilidade de perder dois dos nossos, doía tanto, eu mesmo desejei milhões de vezes que cada um deles sumissem da face da terra. No entanto, quando vi os dois pendurados, com os olhos fechados, tão indefesos e entregues a morte, notei que ainda bate um coração dentro do meu peito. Um coração que cheguei a pensar que nem existia, me acomodei tanto com a vida que me foi outorgada que não deixei sentimento algum seja bom ou ruim, entrar, ou melhor, me dominar.

Quando a possibilidade de não conseguir dominar as emoções cresce, tenho meu lugar secreto, não tão secreto assim, Olívia com toda certeza abriu a boca em relação ao meu esconderijo.

— O que você acha, Rafael? — Landon perguntou. Tossir com as mãos cobrindo a boca, desfaçando que não estava atento em nada do que ele disse.

— O que vocês decidirem, tudo ok pra mim — respondi sem olhar para dentro do quarto.

— Então fechado, você vai usar vestido rosa no jantar — contou com um sorriso debochado.

— Está vendo, é melhor prestar atenção da próxima vez — Landon aconselhou fazendo uma careta.

— Tá legal — levantei as mãos em rendição —, não estava prestando atenção, ok. O que foi que você disse? — perguntei a Landon.

— Estava explicando que vamos usar as gotas da verdade no vinho servido durante o jantar. Então, responderão todas as perguntas que fizermos, sem nenhuma mentira — disse orgulhoso, como se fosse algo bom, por uma parte é, mas...

— Não faz essa cara! — protestou Cristian.

— Que cara, não estou fazendo cara nenhuma — me defendi.

— Você fez sim, a expressão de isso não vai prestar. — Fiz um gesto com as mãos no ar, deixando de lado a acusação.

— Então, diga meus caros, como iremos colocar as gotas da verdade no vinho...

— Nós iremos preparar o jantar, servir cada prato, cada taça de vinho... Vamos dizer que o jantar é uma forma de agradecimento por eles terem nos salvado. O ego de cada um vai ser tão elevado que se sentirão lisonjeados, dificilmente recusaram o convite — explicou, caminhando até a janela posicionou-se ao meu lado.

— E antes que pergunte aonde vamos conseguir as gotas, saiba que está diante de um gênio da química. — Se auto promoveu e minha única reação foi rir.

— Não iria perguntar, roubei alguns frascos do meu pai, então... — Deixei a frase morrer e dei de ombros.

— Não precisei roubar, eu mesmo fiz. As gotas que você tem ao entrar em contato com o vinho, muda a cor dele, tornando-a laranjada. Na minha fiz algumas modificações e ela não vai alterar em nada a cor do vinho e eles não desconfiaram — explicou orgulhoso, sentindo-se um Halfeld da vida.

— Ok, especialista! — Revirei os olhos cerrando os lábios.

Como o esperado nossos pais se sentiram lisonjeados e concordaram com o jantar. Os pais das meninas aceitaram o convite e o mais estranho de tudo foi que nenhuma delas perguntou o verdadeiro intuito do jantar. Não houve questionamentos e nem recusa de suas partes.

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