Só palavras e cartas

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Os  Ibéricos  fugiam para  escapar  das  garras   do  romano que  queria separar os  pequenos .  Antonio  não  era  muito  forte  e  ficava  mais  cansado  do  que  o  seu  irmão  mais  velho .  Henrique  preocupava-se com  a fraqueza e  muitas  vezes  pegava   nele nas  cavalitas . Como  sempre  gritou  e  puxou  Espanha  para  as   suas  costas  para  o  outro  subir com  facilidade . 

Assim  era  mais  rápido   mas  a  costas  de  Portugal  não  aguentavam  com  tamanha pressão . Uma  dor  intensa ardia  no   seu  coração ,  ele  era  a  causa da  morte  da  mãe . Roma não  gostava dele  preferia Espanha por  ser  mais  jovem . Mas isso  não  impedia que a  relação  entre  os  dois  irmão  fosse interrompida . 

No  começo  Portugal não  gostou  da  ideia de  ter  um  irmão , achava  que as  atenções iriam  só para  ele . Não  se  enganou . Isso  acontecia  muitas  vezes  porém Espanha dava  mais  atenção  a  Henrique . Ficou  tão  impressionado e  jurou  proteger o mais  novo , não  só  porque  devia mas também  devido  ao  amor  entre os  dois . 

Antonio  sabia  que  Portugal estava triste com  o  império  romano ... sempre  a  ser  esquecido a  ser  vendado da  verdade . Não  era  justo ... 

- E-Espanha não  aguento  mais ... - Portugal  caiu numa   poça  de  lama  . 

Roma estava  cada  vez  mais  perto deles  e ambos  já não  tinham  forças  para  continuar  o  percurso . "Ele  vai  apanhá-lo ... não  vou  conseguir  cumprir  a  promessa  que  fiz à  minha mãe . MALDITO . MALDITO . ÉS TÃO  FRACO QUE  NEM  CONSEGUES  PROTEGER O  TEU IRMÃO DO INIMIGO "  . 

- Já  estou  cá ! Eu  ganhei !  Agora  a  vossa  península  é minha ! -  o  homem começou  a  falar  seriamente para  depois rir sarcasticamente - Não  és  forte  Henrique ! É  por  causa  disso  que  Espanha não  merece estar contigo ! 

- Eu  sei  que  não  sou  forte ,  mas  acima  de  tudo  tento ! TENTO  MAIS  QUE  TU ! 

- Nesse caso  .. acho  que  não  te  importas que  leve  o  teu  irmão  e  que  te    deixe  morrer à  fome ! 

Morrer à  fome era  um  destino  doloroso  e  relembrar  que  não  seria  capaz de  ver  o  seu irmão  mais  uma  vez deixava-o  furioso . 

- Durante  esse tempo ,  tentarás me  ultrapassar ... mas  acho  isso  impossível . Iberia não  iria  gostar  de  te  ver  morto por  isso  darei  mais  uma  chance . Viverás  numa  terra longínqua do  norte da  península e  eu  levarei Espanha para  a  península  Itálica . Deixarei  que  os  dois  troquem cartas também  para  aprenderem latim  facilmente . 

 Ele  não  podia  acreditar  com  as  declarações  feitas  pelo  o império  ... Como  assim ? Qual  será o  destino  de  Portugal  se  não  cumprir  a  sua  promessa ? morrerá  nas  chamas  do  inferno ? Será  atormentado  pela  angustia da  sua  falecida mãe ? Qual  é  a  verdade ?  Quem  é  ele ? Um  fardo  para o  seu  irmão ?  Uma  mentira ? 

A  sua  mente  estava  cada   vez  mais  confusa ,  cheia  de  remorsos . Gritos  por  toda a  parte . A  cor  do  céu já  não  era  azul ... Era  um  encarnado  para a   visão  de  Portugal . Ele  já  não  via  as  coisas  como  elas  realmente  eram . A sua  felicidade foi substituída pela  tristeza . Azul e  azul  nos  pensamentos  e  sangue no  que  via . 

- I-irmão ! Não quero ! Não  me  deixes  , por  favor ! 

- Eu  tenho  um  escravo grego comigo , ele é professor . Vais   viver  com  ele até  eu  morrer e  isso  nunca  irá  acontecer .  

- Não  quero  saber de  ti  ! Quero  estar  com  o  meu  irmão ! Não  podes  fazer  isso ! Isto  não  durará para  sempre ,  Eu  juro ! 

Roma  chamou  por soldados  para retirar Espanha  da lama e deixar  Portugal   cada  vez  mais  sujo . Henrique ainda  tentou  lutar  contra  os  soldados  com a pouca  força  que  lhe  restava .  Falhou . 

A  sua  energia fora  drenada  e  já  não  se  conseguia levantar  mais . O seu rosto  estava  a  ferver e  a cabeça  desligou-se do  corpo . Adormeceu  e  as  últimas  coisas que  conseguiu  ouvir  foram  os  gritos  de  Antonio  que  implorava  por  ajuda . 

A  noite  foi  somente a  chuva  a  bater  nas  árvores.  As  casas estavam tão  cuidadas  e  vozes  preocupadas  com o  estado  de saúde  de  Henrique . Ele  agora  estava  limpo e  coberto  de longas  camisas para aquecerem o  seu  corpo . Assim não  tinha contacto  com  o  frio  para  piorar a  sua condição . 

As  pestanas  batiam  uma  na  outra  num  movimente  constante  até  que  a  sua  visão  voltasse à  normalidade . À  sua  volta  podia  ver  claramente  uma  menina  de  cabelos escuros e  apanhados . Os  seus  olhos eram   azuis e  acalmavam . 

- Onde  estou ? 

- Estás  na   casa  do  meu  pai  , Heitor . 

- Heitor  ? Espera  um  pouco ... Em  que  parte da  península ? 

- Norte ... Que  me  lembre ...  Só  comecei    geografia à  pouco  tempo ... O  meu pai  é  um  óptimo  professor ...

- Professor ?! Ai  não ! Ele  conseguiu o  que  queria !  Não  foi ?

- Roma ? Sim .. por  algum  motivo  o  meu  pai  é  escravo ... Isso  também  me faz  de  escrava ... 

- Isso  não  é  lá  muito bom ... 

- Eu  sei ,  mas  decidimos não  ir  para Roma ... O meu  pai  acha que  existe  ordem lá  mas  ao  mesmo  tempo  é  uma  confusão imensa ... 

Os  dois  conversaram  mais  para  trocarem  umas  ideias  até  que  Heitor  apareceu . Era  alto e  era  vestido  por  um  longo manto vermelho . Aquele  vermelho  lembrava  o  mesmo  que  Roma  vestia  mas Henrique  tentou  se  manter  calmo para não preocupar . 

- Olá  rapaz . Vejo  que  já  falaste  com  a  minha  filha ,  lamento  mas  ela já  tem  um  casamento  planeado  hahaha ... pois  bem ... o  meu  nome  é  Heitor e  ela  chama-se Ágata .  Agora  serei  o  teu  professor  e  cuidarei  de  ti  até  morrer . Seja  bem vindo  à  sua  nova  casa ! 

- O-obrigado  senhor ! 

- Senhor ?  Podes  me  chamar de  pai !  Sem preocupações ! 


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