IV

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A última coisa que me lembro é da dor dilacerante do tiro que recebi.

Quando acordei era de manhã. Demorei para entender e organizar os fatos, mas quando me mexi e senti aquela dor no abdômen, lembrei de tudo.

Aquele homem executou os irmãos mais novos de T.E.C..

Levantei com a maior força que encontrei, mas não consegui conter o grito de dor. Erik veio correndo e me deitou novamente.

— Não se mexe, Sam. – ele levantou minha blusa. – Droga, tá sangrando. Jay! Traz a caixa de primeiro socorros.

Jay veio correndo. Seus olhos estavam marejados. Eu só queria dizer: não chore pequeno, tudo vai ficar bem. Mas não conseguia.

Erik trocou os curativos.

— Não tenta levantar.

— Erik. Cadê o T.E.C? – falei com dificuldade.

— Falamos disso depois. Descansa um pouco.

Adormeci, mesmo não querendo fazer. Abri os olhos outra vez. Jay dormia em sua cama. Uma única luz era a fonte da casa e ela vinha da mesa de Erik. Ele parecia tentar se concentrar em algo, mas sem sucesso.

— Erik...

Ele se virou rapidamente e veio em meu encontro.

— O quê eu disse sobre não se levantar? – ele me ajudou a descer as escadas.

— O quê houve? – perguntei assim que sentei no sofá. – Me lembro do que aquele homem fez aos irmãos do T.E.C. e depois eu apaguei.

— Estávamos pulando a grade. Você era a mais lenta, então teve dificuldade, John pegou a arma do guarda e atirou em você. Você caiu e bateu a cabeça. – Erik olhava o chão. – Perdão, eu jurei proteger você e acabou que você levou um tiro. Jurei proteger o T.E.C, o Dylan e o Kalel, mas deixei eles serem executados...

— Erik, não foi sua culpa...

— Foi sim. – lágrimas escorriam de seu rosto e pingavam no chão.

Me arrastei no sofá e sentei mais perto dele para que eu o abraçasse sem sentir tanta dor.

— Ele mesmo disse que havia sido uma armadilha. Ele sabia que iríamos naquela noite e nos esperou. – olhei minha mão e depois da de Erik. – Podemos voltar no tempo...

— Não, Sam! Não cogite essa ideia. As realidades já estão bagunçadas demais.

— Mas podemos salvar Dylan e Kalel!

— Não, não podemos! Eles se foram! – Erik levantou bruscamente e foi para a sacada.

Jay havia acordado e observava tudo escondidinho lá de cima. Bebi um copo d'água antes de ir até ele.

— Obrigada por ter ajudado a tratar de mim.

Ele me olhou espantado e depois desviou o olhar.

— Não há de quê.

— Onde está a Ashley?

— Ela sumiu. Não a vemos faz dias.

Dias? Há quanto tempo estou dormindo?

— Ela é esperta. Já, já volta. – ele disse enquanto abraçava as próprias pernas.

— Você não gosta de gritos? Sei que parece uma pergunta boba, mas vejo que você fica muito incomodado. – me sentei na beirada da cama.

— Mamãe e papai brigavam muito antes de morrerem. Mas não foi sempre assim.

— Entendo...Bom, você deveria descansar.

Tʜᴇ Tɪᴍᴇ · Cᴏɴᴄʟᴜɪ́ᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora