Epílogo

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O sol entrava pela janela. Eu havia dormido por cima dos meus livros.

Meu diário estava aberto no chão em uma página que possuía vinte dólares preso. Quando fui pegá-lo para observar, vi uma pulseira de couro preto em meu pulso.

Dá onde surgiu isso?

Coloquei o diário na cama e levantei. Já que estava vestida, nem trocaria de roupa. Apenas peguei a bolsa e desci as escadas.

— Bom dia, Sam. – disse meu pai enquanto tomava um café.

— Qual o cardápio de hoje? – brinquei.

— Cereal de frutas e cereal de...frutas. – ele brincou de volta.

— Vou passar no mercado e trazer algumas coisas gostosas para fazermos um jantar.

— Vai ter visita? – ele colocou a xícara no balcão.

— Não. Só acho que deveríamos voltar a ter os velhos hábitos. – dei um beijo em seu rosto e saí.

Amanda estava na frente de casa buzinando.

— Que demora, mulher. – ela tirou os óculos. – Mesma roupa de ontem? Não toma banho não?

— Não e nem escovo os dentes. – brinquei enquanto entrava no carro. – Acordei atrasada, me dá um chiclete.

Eu a observei e tive uma sensação tão ruim no peito.

— Que foi, maluca? – ela olhou para mim. – Tá me olhando com cara de enterro.

— Desde quando seu cabelo é azul? – perguntei.

— Desde ontem. – o sinal abriu e ela continou. – Minha mãe quase me matou. Mas ficou tudo bem. Mas, Sam...Eu não te mostrei o cabelo?

— Sei lá. Tô meio esquecida hoje.

Observei a paisagem passar rápido por mim. Estava faltando algo em meu coração e nas minhas memórias, mas eu não sabia o que era.

Amanda estacionou e nós descemos.

— Aula de que hoje? – ela perguntou enquanto andávamos nos corredores.

— Deixa eu ver. – peguei o cronograma. – Aula de... – alguém esbarrou em mim com força. – Olha por onde anda!

Ele se virou e me encarou.

— Desculpa, não tive a intenção... – ele arregalou aqueles olhos verdes e me olhou com espanto.

Ficamos alguns segundos nos encarando. Só que parecia uma eternidade.

Seu grupinho de amigos chegou. Um homem alto e loiro junto de duas crianças, também loiras. Deveriam ser irmãos. A menina usava uma presilha de borboleta e o menino óculos de aviador com lentes azuis.

Meu coração ficou apertado e quente. Meus olhos começaram a brotar lágrimas e eu não sabia o motivo.

— Sam, por que você tá chorando? – Amanda questionou exasperada. – Esse cara te machucou?

— Não, tô bem. – sequei os olhos. – Eu só tive a sensação de...Deixa pra lá.

Saí andando e Amanda veio ao meu lado.  Olhei para trás mais uma vez para ter a certeza de que aquele estranho conhecido ainda estivesse lá. E ele estava, sorrindo para mim e me olhando com aqueles olhos verdes igual montanhas.

Tʜᴇ Tɪᴍᴇ · Cᴏɴᴄʟᴜɪ́ᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora