Senti meu rosto arder e o melado desceu, como que esses cara consegue ser assim? Fazer isso? Não tem noção que dói e que como eles eu sou humana?
- Gosta de esbanjar dinheiro de tráfico, pagar de primeira dama né, de fielzona, gosta agora vagabunda? - um deles falou e meteu outro tapa, puta merda, eu não aguento mais.
Fechei os olhos com força e um silêncio ecoou, minha mente flutuou e eu fiquei tontíssima.
Me ajuda, eu preciso de ajuda, eu estava sim errada, toda maconha que tinha ali eu sabia e estava ciente, o sangue do garoto que foi morto foi também por minha culpa.
Como fui tão burra? Como pude fazer alguém se sacrificar por mim, porra.
Ele estava morto ali e poderia ser eu, estavamos no mesmo local, na mesma hora, com os mesmos problemas, necessidades.
Coisas que morador de favela passa, sem se vitimizar mas sim mostrando a realidade.
Não adianta negar, não adianta fingir que não vê, isso existe, e sempre esteve aos nossos olhos. E eu, não entendo porque favelado não é nada nessa sociedade de merda, lixos.
Consegui me mover e fui até o garoto, estavamos juntos na mesma sala, ele já morto, não aguentou as pauladas, e eu vi tudo, sem nem poder fazer nada.
Faz a porra do teu trabalho, mas não machuca ninguém, você não consegue diferenciar uma criança de um bandido? Claro que consegue.
Você não viu a mochilinha dela cara? Fala ai se não viu, porque era negra era bandido?
80 tiros cara, 80, não são oito, são oitenta. Acha pouco? Inocentes cara.
Sei que sou errada mas puta que pariu, eu só queria o fim disso tudo, me livrar.
- Vamos ver teu maridinho? - um deles perguntou e nem me mexi, fui puxada e logo estava em um carro forte.
Junto com vários policiais, tudo blindado, guerra caralho.
Tomara que meu preto esteja bem, que ele esteja salvo e que ele saia desse morro infeliz.
Vozes eram acoadas ali, vários números e eu não entendia nada, a dor tomava conta de mim toda.
"A missão é o chefe, ele vai cair por causa da mulher."
Pude ouvir e entrei em desespero, eu suava frio e meu peito estava acelerado, fogos soltados e eu nunca tinha visto antes uma multidão de policiais daquela.
Lá estava ele, armado até os dentes, com máscaras de palhaço, seu peito desnudo estava arranhado, assim como sua barriga estava vermelha, ele estava nervoso e qualquer um dali poderia sentir.
Eu o amo, e por isso me faço passar por coisas absurdas.
//deixem a estrelinha e comentem oque estão achando, obrigadinha. 💖
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Fabiana. 🌹 [Morro.]
Ficção Adolescente✨ amor. (s.m) é o resumo do infinito, é o laço entre dois corações, é um sorriso frouxo demais. é quando a gente escuta o mundo inteiro no silêncio de alguém. é o ópio do coração, é um cafuné bem feito, é encontrar um lar em outro peito. ás vezes te...