Anna

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O funeral de minha mulher foi algo extremamente torturante para mim, o fim de sua vida trouxe o fim da minha junto.

Ainda lembro claramente da última vez em que Anna sorriu para mim, deitada naquela cama hospitalar. Ela sorria, enquanto eu lamentava, chorava, soluçava. Dizia a ela como seria diferente se tivéssemos descoberto seu tumor antes.

— Anna, me perdoe, por favor, me perdoe. Eu não sei o que farei daqui para frente, você é meu chão, meu tudo. — Suplico entre soluços e lágrimas.

— Tom, você sempre foi assim, e nunca mudará, não é? — Esboça tranquilidade mesmo em sua situação, seu sorriso gentil, como de um anjo, sempre me acalma, não importa o que aconteça.

Suas mãos tocam as minhas, suaves, estão muito finas. Me lança certa nostalgia de quando nos conhecemos.

— Nunca foi capaz de ver seu próprio potencial, sempre disse que eu era seu motivo de viver,  não estou desacreditando, saiba disso. Mas você verá que não é assim. Prometa-me, Tom, prometa-me que se eu não conseguir vencer esta luta, você viverá para você, e não pelos outros. Que fará cada segundo que tivemos nesses seis últimos anos terem valido a pena. Que irá se tornar uma pessoa que se orgulhará de todos seus feitos independente de quais forem. Consegue me prometer isso?

Tento engolir o choro e respondê-la.

— Eu prometo, Anna, farei de tudo para que nada seja em vão. — Meu choro toma conta novamente.

A partir daquele dia, eu aprendi a lutar. Mesmo que sempre perca, não iria me entregar de qualquer maneira, mesmo que tenha minhas recaídas e tenha quase morrido em uma delas. Eu farei com que tudo tenha um motivo para acontecer, serei alguém que salvará tudo que é amado neste mundo.

Caminhante dos Sonhos - TomOnde histórias criam vida. Descubra agora