CAPÍTULO 2

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Um tempo se passou e o sonho se repetia, o mesmo dragão e a mesma luta, até a morte. Carole estava começando a ficar com medo, pois não entendia o motivo de sonhar com aquela criatura, que sequer existia! Confusa e disposta a descobrir o por que daquele sonho esquisito, Carole foi atrás de respostas.

Em meio à madrugada e à escuridão do castelo, a princesa saiu da sua cama com cautela para não acordar as irmãs. Caminhando na ponta dos pés para não fazer ruídos, ela seguiu pelos corredores de pedra do castelo, onde lamparinas iluminavam parcamente o caminho. Os corredores largos eram em formato de arco e um deles levava até a velha escada da torre. Carole continuou andando e subiu pela escada em formato de caracol.

A escadaria subia diretamente para a ala mais alta do palácio. Lá, ficava a biblioteca real, com exemplares raros, de conhecimento matemático, médico, científico, econômico e claro, místico. Com prudência, Carole se aproximou da porta e a abriu lentamente. Ela amava ler e conhecia aquele ambiente com a palma de sua mão. A princesa sabia descrever as prateleiras, que eram tão altas que precisavam de escadas para se alcançar as obras.

Às vezes, ela e as irmãs tinham aulas ali, com os professores que lhe ensinavam sobre economia, ciência e medicina. Ela se sentou à mesa principal, onde costumava ficar enquanto se perdia entre as páginas do livros. Ela observou em volta e com a lamparina em mãos, que retirara do corredor, viu a luz refletir em um conjunto de obras que tinham uma parte em ouro.

Havia fileiras e mais fileiras de exemplares escritos por outros povos, que viviam naquele continente ou em um mais longínquo, onde havia uma grande nação de guerreiros. Carole acercou-se dos volumes sobre mitologia e pegou um livro empoeirado. Queria inteirar-se do que era aquele sonho. Talvez os livros poderiam ajudá-la a entender sobre sonhos ou sobre dragões.

Abriu o livro e se sentou novamente à mesa. Folheou as primeiras páginas e ficou observando as figuras de cavaleiros, duelos e de grandes bosques. A caligrafia dos textos era feita com canetas de pena, com traços finos e precisos. Ainda procurando pelas informações sobre dragões, Carole finalmente encontrou o que buscava. Ele começou a ler os escritos em latim, língua que havia aprendido desde criança e logo percebeu que a mesma profecia da qual a velha havia falado, também estava no livro.

Lendo com mais atenção, Carole descobriu que os tais tesouros que a mulher havia mencionado, foram criados por uma instituição secreta de magos da floresta, os Magos de Órion, para afugentar os inimigos do Reino Le Arbington. Também dizia que apenas três mulheres de bom coração achariam o tesouro.

Carole não acreditava naquilo, não conseguia. O que aquilo tinha a ver com seus pesadelos? Ela guardou o livro e tentou procurar em outros, apenas encontrou que a mitologia dos dragões vinha de milhares anos antes, em escritas rupestres do outro lado do mundo. Eles eram representados como serpentes gigantes e também que o mito teria origem nos povos que viviam bem ao norte da França, na Britania, os vikings.

Apesar de entender a origem do mito das criaturas, Carole ainda buscava sobre sonhos. Exausta, ela nem havia percebido o longo período que passou na biblioteca. Ela retornou ao quarto com a ponto dos pés, bocejando de sono. Quando chegou, não demorou a dormir, pois estava cansada.

Na manhã seguinte, o sol iluminava o céu e os raios entravam pelas janelas em forma de arco do recinto. Jehanne acordou primeiro e cutucou as outras irmãs para que despertassem também.

- Bom dia! Olhem como o céu está lindo! - Exclamou Jehanne, levantando-se da cama. - Vocês não vão levantar?

- Já vamos. - Carole respondeu, depois bocejou e esticou os braços

- Estou indo me vestir. - Francette respondeu, enquanto saía da cama.

As três irmãs vestiram seus vestidos longos e rodados. Carole gostava de azul, mas sua vestimenta tinha rendas em dourado. No cabelo, colocou uma presilha também dourada para enfeitar as os fios castanhos. À Francette apetecia cor de rosa e então, usou um vestido de tom claro, deixando o longo cabelo loiro solto. E Jehane, que tinha encanto por tons de verde, usou uma vestimenta da mesma cor.

Já prontas, elas desceram a longa escada de pedra, que dava acesso ao salão de banquetes do castelo. O ambiente era amplo, com uma mesa comprida para receber a alta corte de Le Arbington. Sobre a mesa, havia uma toalha vermelha e um apetitoso banquete para o café da manhã. Frutas frescas e pães recém assados.

Colocada no sentido norte, a mesa ficava à frente do trono. Os dois governantes estavam sentados e aguardando ansiosamente as filhas, pois or ecisavam falar algo importante a elas. O rei Edouard já estava com mais de cinquenta anos. Sentia-se cansado e velho, e sabia que, em algum momento, suas filhas precisariam assumir o lugar dele e da esposa. A rainha Desireè também pensava o mesmo. Ela estava com quarenta e cinco anos, mas ainda sim, conservava muita beleza.

O povo de Le Arbington dizia que as princesam puxaram a beleza da mãe e isso é ra verdade. Carole, Jehane e Francette se aproximaram dos pais. Ainda estavam com muito sono, mas as obrigações reais as chamavam. Sentaram-se à mesa com seus pais. Francette observava as armaduras prateadas e lanças pontiagudas que ficavam longe da mesa. Numa parte alta do parede, ela viu uma cabeça de alce pendurada, resultado das caçadas do pai e de seus fiéis cavalheiros. Torcendo o nariz, ela pensou em como detestava aquelas caçadas, pois era contra matar os pobres animais.

- Bom dia, mãe e pai. Como vocês estão? - Francette perguntou. Em seguida, cortou pegou um pedaço de pão e passou geleia de mirtilos, uma fruta típica da região.

- Bom dia, filha. Estamos bem. - Respondeu a rainha.

- Temos algo importante para contar a vocês. Algo que é importante para o futuro de vocês. - Avisou o pai.

- Do que se trata? - Jehane estava curiosa.

- Nós organizamos um baile para amanhã à noite. Eu e sua mãe pensamos que já está na hora de vocês se casarem. Nós falamos com o nosso amigo, que é barão Baptiste de Poitier e ele confirmou a presença de seus três filhos.

- Nós somos novas, como querem que nos casemos com vinte anos de idade? - Indagou Jehanne, confrontando seus pais.

- Como ousa discordar de seu pai? - O rei levantou a voz para a filha.

- Nós apenas estamos pensando no futuro de vocês, Jehane. Por favor, escute seu pai. - Pediu a rainha Desireè.

- Tudo bem, mas e se nós não gostarmos do filho do barão, o que vocês farão? - Jehane não gostou nada da ideia de se casar.

- Não se preocupe, filha. Nós convidamos também outros príncipes de reinos vizinhos.

- Tomara que eles sejam boas pessoas. - Jehane não estava preocupada com o baile. Para ela, não fazia diferença essa festança.

Gostaria que os pais não pensassem daquele jeito. No entanto, ela sabia que os casamentos arranjados eram comuns e nada poderia fazer contra. Às vezes, desejava não ser uma princesa, mas alguém comum, sem títulos, para não ter que passar por aquilo. Dando de ombros, ela continuou a comer, tentando afastar esses pensamentos.

Segredos da Floresta - Duologia Magia do Universo - Conto I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora