Aquela raposa assustou as princesas e aquele objeto dourado na boca do animal, que parecia uma espécie de chave, despertou muito a curiosidade de Carole. Ela sentia como se aquilo tivesse relação com os seus sonhos e com o que a velha senhora havia falado naquele dia. Ela estava com seu braço enganchado ao de Dimitri. Ele e os irmãos se entreolharam, como se conversassem com os olhares, até que um deles resolveu se pronunciar.- Por que aquela pequena raposa estava carregando uma chave? Isso não faz nenhum sentido. - Dimitri falou, passando a mão pelos cabelos claros.
- O que faremos? Os nossos pais estão nos esperando. - Carole os lembrou.
- Acho que poderíamos ir atrás dela. O que acham? - Alexis sugeriu. Talvez ele estivesse certo. Ele era o mais curioso dois três irmãos.
- Eu acredito que devemos fazer isso, Alexis. - Jehane olhou para o ruivo ao seu lado.
- Não acho que seja uma boa ideia, pessoal. Olhem como está escuro nesta noite. Além disso, a raposa entrou na mata. Não é bom fazer o o mesmo. - Jérome estava preocupado com segurança de todos. Ele sabia que ladrões e oportunistas ficavam naquela floresta à noite.
- Nós podemos ir todos juntos, então. Quanto mais gente melhor. Se estivermos acompanhados, estaremos mais seguros. - Francette alvitrou.
- Tudo bem, nós vamos, apenas para ver onde ela foi. Eu sinto um mal pressentimento em relação a essa raposa, se querem saber. - Dimitri sabia que alguma coisa estava errada. - Onde vocês deixam os cavalos? - Ele perguntou.
- O estábulo fica naquela direção. - Carole apontou para o velho estábulo do castelo.
- Vamos fazer o seguinte: eu, Jerome e Alexis vamos pegar os cavalos e vocês podem nos esperar aqui. Vamos a cavalo, que é melhor e mais seguro. - Dimitri sugeriu.
- Está certo. - Carole sorriu e esse sorriso distraiu Dimitri por um momento.
Ele se recompôs e com um gesto, pediu que os irmãos o seguissem. Os irmãos saíram do lado das princesas e adentraram o estábulo. Viram vários cavalos magníficos, fortes e com pelagem brilhante e escura. Dimitri se aproximou do andaluz potente e robusto à sua frente, acariciando do animal. Logo conquistou a sua confiança, assim como Alexis e Jérome também ganharam a confiança dos outros andaluzes. Os três arrearam os cavalos e colocaram as selas de couro. Depois de subirem nos animais, voltaram para as princesas, que os aguardavam.
- Vocês podem subir nos cavalos. - Dimitri aconselhou.
Elas assentiram e com cuidado devido aos longos vestidos, as irmãs subiram nos animais com seus respectivos parceiros de dança no baile. Cada uma delas conseguia sentir o corpo esquentar e uma onda de calor aquecer, pois estavam muito próximas aos seus amados. Com destreza e jeito para conduzir o andaluz, Dimitri saiu primeiro levando Carole consigo.
Alexis e Jerome seguiram o irmão e cavalgaram por entre o labirinto do jardim, até que acharam uma passagem para o bosque. A iluminação das lamparinas foi sendo deixada para trás, e eles cavalgaram cada vez mais para dentro da floresta. Cavalgaram mais e mais, entretanto, ninguém conseguia ver onde a raposa tinha ido. Aquela floresta emanava perigo, riscos e ameaças. A luz branca da lua banhava o matagal, entranhando-se pelas folhas daquelas árvores assustadoras.
Conforme se movimentavam por ali, o barulho de pisar nas folhas era ouvido. Eles olharam em volta e tudo estava na completa escuridão, deixando aquele bosque cada vez mais tenebroso. Havia uma neblina baixa, dificultando a visão. O clima estava gélido, causando calafrios nas princesas, que não estavam devidamente vestidas para aquele tipo de ambiente. Os cavalos começaram a se assustar e começaram a andar sem controle.
Eles foram surpreendidos por uma revoada de morcegos que passou sobre eles. As irmãs detestavam morcegose gritaram de medo. Os animais levaram um susto e relincharam excessivamente. Dimitri não conseguiu domar seu cavalo, tampouco seus irmãos. O ar começou a ficar absurdamente frio. Dimitri se deu conta de onde eles estavam. Aquele lugar era um dos piores para se ficar. Ele já estivera naquele lugar antes durante uma caçada com o pai.
Dimitri sabia que aquele local era pávido e assombrado. Observou em volta e percebeu que os galhos das copas das árvores começaram a ficar retorcidos, como se tivessem sido privados de nutrientes e água. Ele viu uma coruja o encarar atentamente, os olhos amarelos, assustadores. Dimitri voltou à realidade, quando viu uma matilha de lobos atrás deles. Eles rangiam os dentes, como se logo os atacariam.
Os cavalos assustaram-se ainda mais. Galopando sem direção, relinchando e apavorados com a matilha. Dimitri e os irmãos se seguraram para não cair dos animais e apenas tentavam acalmá-los, mesmo que sem sucesso. Dimitri percebeu que seguir aquela raposa fora um tremendo erro e agora, ele e os irmãos estavam perdidos com as filhas do rei.
Os cavalos galopavam rapidamente, fugindo dos lobos. Alexis já estava suando de nervoso e seu coração batendo aos pulos. Enquanto os cavalos estavam sem controle, ele observou os troncos grossos das árvores, recobertos de musgo. Naquela parte da floresta, a luz lunar quase não passava pelas copas das árvores, de tão densas que as folhas eram.A neblina continuava a bloquear a vista à frente deles e o farfalhar das folhas era aterrorizante, deixando Alexis arrepiado de medo. O ar estava cada vez mais frio e começou ficar rarefeito. Apenas Dimitri sabia que eles estavam no pé de uma alta montanha.
Esse monte era gelado e deixava todo seu entorno frio e gélido. Os lobos famintos continuavam a encalçá-los ferozmente, uivando e correndo rapidamente. Dimitri estava apavorado. Ele não sabia se eles poderiam sair daquela situação vivos ou não. A escuridão estava para todo o lado. Corvos já estavam voando sobre eles, amedrontando-os. A sensação era horrível. O pavor parecia tomar conta das princesas, que não conseguiam fazer outra coisa, a não ser gritar.
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Segredos da Floresta - Duologia Magia do Universo - Conto I (COMPLETO)
Fiksi SejarahHá quem diga que magia não existe, ou que foi apenas uma invenção dos tempos antigos. No entanto, não foi bem isso que ocorreu na Idade Média, no reino de Le Arbington, uma pequena nação que fazia fronteira com a França. À época, uma profecia circun...