CAPÍTULO 4

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Aquela raposa assustou as princesas e aquele objeto dourado na boca do animal, que parecia uma espécie de chave, despertou muito a curiosidade de Carole. Ela sentia como se aquilo tivesse relação com os seus sonhos e com o que a velha senhora havia falado naquele dia. Ela estava com seu braço enganchado ao de Dimitri. Ele e os irmãos se entreolharam, como se conversassem com os olhares, até que um deles resolveu se pronunciar.

- Por que aquela pequena raposa estava carregando uma chave? Isso não faz nenhum sentido. - Dimitri falou, passando a mão pelos cabelos claros.

- O que faremos? Os nossos pais estão nos esperando. - Carole os lembrou.

- Acho que poderíamos ir atrás dela. O que acham? - Alexis sugeriu. Talvez ele estivesse certo. Ele era o mais curioso dois três irmãos.

- Eu acredito que devemos fazer isso, Alexis. - Jehane olhou para o ruivo ao seu lado.

- Não acho que seja uma boa ideia, pessoal. Olhem como está escuro nesta noite. Além disso, a raposa entrou na mata. Não é bom fazer o o mesmo. - Jérome estava preocupado com segurança de todos. Ele sabia que ladrões e oportunistas ficavam naquela floresta à noite.

- Nós podemos ir todos juntos, então. Quanto mais gente melhor. Se estivermos acompanhados, estaremos mais seguros. - Francette alvitrou.

- Tudo bem, nós vamos, apenas para ver onde ela foi. Eu sinto um mal pressentimento em relação a essa raposa, se querem saber. - Dimitri sabia que alguma coisa estava errada. - Onde vocês deixam os cavalos? - Ele perguntou.

- O estábulo fica naquela direção. - Carole apontou para o velho estábulo do castelo.

- Vamos fazer o seguinte: eu, Jerome e Alexis vamos pegar os cavalos e vocês podem nos esperar aqui. Vamos a cavalo, que é melhor e mais seguro. - Dimitri sugeriu.

- Está certo. - Carole sorriu e esse sorriso distraiu Dimitri por um momento.

Ele se recompôs e com um gesto, pediu que os irmãos o seguissem. Os irmãos saíram do lado das princesas e adentraram o estábulo. Viram vários cavalos magníficos, fortes e com pelagem brilhante e escura. Dimitri se aproximou do andaluz potente e robusto à sua frente, acariciando do animal. Logo conquistou a sua confiança, assim como Alexis e Jérome também ganharam a confiança dos outros andaluzes. Os três arrearam os cavalos e colocaram as selas de couro. Depois de subirem nos animais, voltaram para as princesas, que os aguardavam.

- Vocês podem subir nos cavalos. - Dimitri aconselhou.

Elas assentiram e com cuidado devido aos longos vestidos, as irmãs subiram nos animais com seus respectivos parceiros de dança no baile. Cada uma delas conseguia sentir o corpo esquentar e uma onda de calor aquecer, pois estavam muito próximas aos seus amados. Com destreza e jeito para conduzir o andaluz, Dimitri saiu primeiro levando Carole consigo.

Alexis e Jerome seguiram o irmão e cavalgaram por entre o labirinto do jardim, até que acharam uma passagem para o bosque. A iluminação das lamparinas foi sendo deixada para trás, e eles cavalgaram cada vez mais para dentro da floresta. Cavalgaram mais e mais, entretanto, ninguém conseguia ver onde a raposa tinha ido. Aquela floresta emanava perigo, riscos e ameaças. A luz branca da lua banhava o matagal, entranhando-se pelas folhas daquelas árvores assustadoras.

Conforme se movimentavam por ali, o barulho de pisar nas folhas era ouvido. Eles olharam em volta e tudo estava na completa escuridão, deixando aquele bosque cada vez mais tenebroso. Havia uma neblina baixa, dificultando a visão. O clima estava gélido, causando calafrios nas princesas, que não estavam devidamente vestidas para aquele tipo de ambiente. Os cavalos começaram a se assustar e começaram a andar sem controle.

Eles foram surpreendidos por uma revoada de morcegos que passou sobre eles. As irmãs detestavam morcegose gritaram de medo. Os animais levaram um susto e relincharam excessivamente. Dimitri não conseguiu domar seu cavalo, tampouco seus irmãos. O ar começou a ficar absurdamente frio. Dimitri se deu conta de onde eles estavam. Aquele lugar era um dos piores para se ficar. Ele já estivera naquele lugar antes durante uma caçada com o pai.

Dimitri sabia que aquele local era pávido e assombrado. Observou em volta e percebeu que os galhos das copas das árvores começaram a ficar retorcidos, como se tivessem sido privados de nutrientes e água. Ele viu uma coruja o encarar atentamente, os olhos amarelos, assustadores. Dimitri voltou à realidade, quando viu uma matilha de lobos atrás deles. Eles rangiam os dentes, como se logo os atacariam.

Os cavalos assustaram-se ainda mais. Galopando sem direção, relinchando e apavorados com a matilha. Dimitri e os irmãos se seguraram para não cair dos animais e apenas tentavam acalmá-los, mesmo que sem sucesso. Dimitri percebeu que seguir aquela raposa fora um tremendo erro e agora, ele e os irmãos estavam perdidos com as filhas do rei.
Os cavalos galopavam rapidamente, fugindo dos lobos. Alexis já estava suando de nervoso e seu coração batendo aos pulos. Enquanto os cavalos estavam sem controle, ele observou os troncos grossos das árvores, recobertos de musgo. Naquela parte da floresta, a luz lunar quase não passava pelas copas das árvores, de tão densas que as folhas eram.

A neblina continuava a bloquear a vista à frente deles e o farfalhar das folhas era aterrorizante, deixando Alexis arrepiado de medo. O ar estava cada vez mais frio e começou ficar rarefeito. Apenas Dimitri sabia que eles estavam no pé de uma alta montanha.

Esse monte era gelado e deixava todo seu entorno frio e gélido. Os lobos famintos continuavam a encalçá-los ferozmente, uivando e correndo rapidamente. Dimitri estava apavorado. Ele não sabia se eles poderiam sair daquela situação vivos ou não. A escuridão estava para todo o lado. Corvos já estavam voando sobre eles, amedrontando-os. A sensação era horrível. O pavor parecia tomar conta das princesas, que não conseguiam fazer outra coisa, a não ser gritar.

Segredos da Floresta - Duologia Magia do Universo - Conto I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora