CAPÍTULO 5

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Jérome também estava aturdido, porém, isso não o impediu de raciocinar. Mesmo em meio àquela escuridão, ele conseguiu ver uma caverna que parecia segura. Eles haviam se perdido, não sabiam mais onde estavam. Se tentassem retornar ao castelo, a situação poderia piorar. Então, talvez aquela caverna fosse a solução por hora. Jérome passou a mão pelo cabelo, estava nervoso. Atrás dele, ainda tinha que segurar Francette. Além disso, conduzir o cavalo naquela floresta amedrontadora.

Ele assobiou para Dimitri e Alexis, para que o seguissem. Os lobos continuavam a segui-los. Com muita rapidez, Jérome conseguiu coordenar o cavalo por entre as árvores grossas e aos poucos, aproximou-se da gruta soturna. Os irmãos conseguiram ir atrás dele e foram despistando os lobos. Chegaram na entrada da caverna e a adentraram. O ambiente tinha muito menos iluminação do que o de fora.

Eles desceram dos cavalos, e ajudaram as princesas a fazer o mesmo. Os lobos não estavam mais os encalçando. Eles progrediram juntos, segurando as rédeas dos cavalos nas mãos. Tentaram observar se havia perigo. Pisavam no chão duro de pedra e nem sequer sabiam onde aquele lugar daria. Andaram mais à frente e pararam em seguida.

- Talvez devêssemos fazer uma fogueira – Sugeriu Jérome, ajeitando a lapela do traje de baile.

- Tem razão, Jérome. Está muito frio nessa caverna. Vamos lá fora pegar lenha, mas com cuidado. - Dimitri concordou com o irmão.

- Certo. - Jérome assentiu. - Alexis, fique aqui cuidando das princesas e ajude-as a se acalmar.

- Claro. Deixem comigo. - Alexis respondeu.

Alexis puxou a espada, que estava guardada ao lado da calça, embaixo da sua túnica de festa. Carole, Francette e Jehane colocaram-se perto dele, aguardando que os outros três irmãos voltassem. Os três cavalos tiveram suas cordas presas numa pedra. Enquanto isso, Dimitri e Jérome procuravam pedaços de madeira naquele bosque, não muito distante da entrada da gruta. Olharam em volta, até que achavam uma árvore velha, com galhos soltando-se do caule putrefado.

Os dois alcançaram vários feixes de madeira, que seriam perfeitas para uma fogueira. Pegando o máximo de lenha que aguentavam carregar, os homens retornaram à caverna. Quando entraram nela, Alexis pegou um pouco da madeira a fim de ajudá-los. Eles puseram-na no chão, em um vão entre as rochas. Entretanto, havia outro problema. Nenhum deles tinha uma tocha ou lamparina para produzir fogo.

Mesmo com esse empecilho, Alexis teve uma ideia. Ele apanhou um pouco de madeira seca que os seus irmãos tinham trazido e a colocou ao lado da vala. Depois, pegou uma pedra e colocou-a no chã, atritando um graveto contra esses pedregulhos. Após vários segundos friccionando o material, obteve uma pequena faísca. Assoprou um pouco, e jogou o graveto incandescido nos feixes de madeira.

Eles estavam cansados, com estresse emocional e físico, devido à fuga dos lobos e ao frio que estava fora da gruta. Pouco a pouco, a fogueira foi se acendendo mais e deixando o seu redor mais quente e agradável. Os irmãos nobres se sentaram ao redor dela e as princesas aconchegaram-se a eles. Não tardou muito até que o sono chegasse e eles dormiram em poucos estantes, devido à exaustão. Nem sabiam do perigo que estava muito próximo a eles.

Horas mais tarde, Jehane foi a primeira a despertar. Ajeitou o corpo e observou o que seu vestido estava rasgado e sujo de terra. Não estava preocupada com isso e sim na segurança de todos, para que voltassem vivos e seguros para o castelo. Ela pensou nos pais, que não sabiam o seu paradeiro. Deviam estar muito preocupados. Ela prendeu os longos cabelos ruivos num coque frouxo e em seguida, olhou onde as irmãs dormiam.

Ela sentia um mal pressentimento. De repente, Jehane viu um longo rabo vermelho entre as pedras ao fundo da caverna. Ela se assustou e aquela cauda começara a mexer. Ele se movia de um lado para o outro. Jehane olhou para cima e ficou chocada. Não conseguia se mexer, ou sair do lugar. Uma enorme cabeça vermelha, com chifres acima dela. Fumaça saindo pelas narinas, um enorme corpo vermelho e asas gigantes.

Aquela terrível criatura tinha aterrorizantes olhos amarelos e parecia estar perto de matar a princesa. A única coisa que Jehane pôde fazer foi gritar o mais alto possível. Os seus seguidos gritos acordaram suas irmas e os homens. Os príncipes pegaram suas espadas e se colocaram à frente de Jehane, que correu na hora. A besta começou a soltar jatos quentes de fogo para todo lado. Por sorte, os bravos guerreiros que estavam ali conseguiram desviar deles.

Na mesma hora, Carole se lembrou do seu sonho, que tivera há pouco tempo. O seu pesadelo estava ali, bem diante dela. Ela não deixaria que aquele dragão matasse as pessoas que gostava. Com uita coragem e num movimento rápido e certeiro, pegou a espada brilhante e pontiaguda de Dimitri e lançou em direção ao pescoço do dragão vermelho. Carole viu o animal se remexer, cambalear e então, por fim, ele caiu ao chão, morto.

- O que você fez, Carole? – Dimitri perguntou a ela.

- Ele ia nos matar! Queria que eu ficasse parada? - Ela respondeu alterada.

- O que é essa coisa? - Jehane questionou, vendo o corpo vermelho da criatura jazendo no chão.

- Eu não contei a vocês. Há algum tempo, eu sonhei repetidamente com esse dragão. Eu sonhei que lutava com ele, como acabou de acontecer. Parece que não levei aquele pesadelo muito a sério.

- Não faz sentido. Dragões não existem! - Alexis se pronunciou.

Eles continuavam a conversar sobre a criatura. Mas o eles não sabiam era que a primeira prova da profecia era matá-la. Haviam passado pelo primeiro teste. Eles dialogavam em forma de roda, entretanto, Carole saiu dela e foi em direção a uma rocha que lhe chamava a atenção. A pedra mudava de cor, que ia do verde ao roxo. Era distinta das outras. Carole passou a mão pela pedra colorida e sentiu que ela tinha uma espécie de inscrição.

- Pessoal, venham ver isso! - Ela chamou a todos e os cinco se acercaram ao seu lado.

- O que é isso? - Francette perguntou.

- Eu não sei. Essa pedra tem alguns relevos estranhos. Veja, Dimitri. - Ela passou a pedra para as mãos dele e ele olhou para os irmãos.

- Isso é a pedra criada pelos antigos Magos de Órion, um grupo secreto que lutava com magia contra os inimigos, na região das grandes montanhas. Essa pedra deve ter algo a ver com a profecia que falou, Carole. Eu lembro que nosso pai falava desses objetos quando nós éramos pequenos, mas nunca pensei que fossem reais. Os magos criaram esses objetos mágicos para proteger o povo. - Dimitri explicou.

- Vejam, a luz colorida parece seguir uma trilha. O que é aquilo? - Jehane indagou.

Eles olharam com mais atenção. A pequena trilha da luz seguia para uma espécie de símbolo em forma de gota. Discutiram mais sobre as histórias antigas e chegaram à conclusão de que aquela pedra mágica era, na verdade, um mapa para algo. Os nobres pensaram mais um pouco e Dimitri deduziu que aquele símbolo apontava para um lago ali perto. Eles saíram da caverna com os andaluzes e perceberam quanto mais se aproximavam da lagoa, mais a pedra brilhava.

Segredos da Floresta - Duologia Magia do Universo - Conto I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora