arrival of birds

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Entre esboços desajeitados, cores diversas e ideias quase perdidas, o quadro de Jimin estava começando a alcançar a finalização.

Um artista nunca se contenta com um trabalho seu, porque em sua mente ele está muito melhor, mas aquele era o máximo que ele conseguiria exteriorizar a própria imaginação por meio do talento e esforço.

A dor nos pulsos e braços de Jimin era evidente e aumentava a cada semana mais próxima da apresentação.

Todos os outros alunos, imersos em seus universos atrás dos cavaletes, carregavam expressões tensas e ansiosas.

Jungkook, que tinha sua música quase finalizada, esperava os outros saírem e sentava perto da janela da sala de pintura, observando Jimin trabalhar. Este apenas dava leves retoques em seu trabalho, não arriscando modificar a obra substancialmente quando seus traços vacilavam por estar sendo alvo da atenção dos olhos do outro.

Quando a ausência de movimento do lado de fora inesperadamente chamava a atenção de Jungkook para si, Jimin o olhava por cima do cavalete, admirando-o.

Ele vestia calça jeans surradas, uma camiseta branca perfeitamente limpa que contrastava com os converse encardidos. Com a cabeça encostada no vidro, perdido em seus próprios pensamentos como denunciava a expressão distante, Jimin desejou pintá-lo, e assim o fez, desviando o olhar quando o outro olhava para si.

— Eu sei que você está me desenhando — Ele disse, fechando os olhos quando os raios de sol alcançaram o local onde ele estava. A pele pálida ganhou um tom dourado; Jimin alternou o olhar entre seus amarelos.

— Não estou — Jimin mentiu, terminando de esboçar os prédios descascados visíveis da janela atrás dele.

— Tudo bem, porque eu já fiz música sobre você.

Jimin piscou, desviando os olhos do esboço para o objeto dele, que agora olhava para a rua distraído, sem ideia do impacto de suas palavras.

— Ela tem um nome?

— Ela? Elas.

Jungkook olhou para Jimin, e sorriu um sorriso repleto de honestidade e felicidade genuína, tirando os fios mesclados de preto e azul dos olhos.

Jimin havia passado a vida buscando inspiração em coisas e pessoas alheias, pintando ideias e pessoas, olhando para todos de uma forma singular e artística, e nunca fora alvo da inspiração de alguém. Ouvir aquilo em voz alta, da pessoa mais talentosa que já cruzara os caminhos de sua existência fez seu coração falhar uma batida e acelerar para compensar a falta desta.

Sem querer, Jimin se deu conta que estava apaixonado por Jungkook desde que aquela tinta se derramou no corredor. E a marca permanente que ela havia deixado ali era mera metáfora para a marca que Jungkook estava deixando em si. Aquilo, ao mesmo tempo que enchia seus olhos d'água e seu peito de sentimentos inéditos, causava um medo que o fez engolir seco.

Mas aqueles momentos de distração e ponderação não duraram muito.

Jungkook passava todo o tempo com o professor de piano, Yoongi, na sala de música, e pelas espiadas de Jimin, seu pai o escoltava para fora do prédio precocemente com muita frequência.

Então, ele desapareceu novamente.

Jimin gostaria de fazer parte da vida dele, mas parecia que o mundo de música e cores que eles construíram naquele prédio abandonado não era o único de Jungkook.

— Está muito bom, Jimin! — Sua professora japonesa, Misa, cumprimentou, admirada com o resultado final do quadro. — Isso é... — Ela olhou para Jimin com uma expressão desconfiada e, antes que pudesse analisar o quadro outra vez, Jimin o cobriu, com as bochechas e orelhas queimando.

Cinco Segredos de Beethoven | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora