CAPÍTULO I

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01/06

A HISTÓRIA que lhes narrarei não é, de nada, parecida com a de Galileu Evans, de fato, a única — possível — semelhança entre ambas está presente na premissa de que os protagonistas de ambas as histórias sofrem de um transtorno psicológico. Amalie Marie Pond foi diagnosticada com bipolaridade aos seis anos de idade e; desde então, tem passado por altos e baixos.

Não seria uma hipérbole dizer-vos que a história da garota alourada é tão trágica quanto a dos órfãos Baudelaire, embora ela não seja órfã e não haja um conde Olaf a persegui-la no intuito de lhe usurpar a fortuna que outrora fora de seus pais.

Sua família é pequena, apenas ela e seu pai; não há mais nenhum parente vivo; nenhum parente a quem possa recorrer quando uma crise se aproxima. Também não pode contar com seu pai, este raramente está presente, o homem de quarenta anos vive absorto em trabalho pois, aparentemente, isto o ajuda a esquecer-se da morte prematura de sua esposa, a dezesseis anos atrás.

Delphine Marie Pond faleceu aos vinte e seis anos enquanto dava à luz à Amalie, o que faz com que o aniversário da pobre garota seja completamente ignorado por seu progenitor.

Não que ele a culpe, por Deus! Edward jamais faria algo do tipo, ele tem plena ciência de que a filha não é culpada, porém a morte de sua esposa continua sendo algo deveras doloroso para ele e as coisas apenas pioraram com o tempo, quanto mais velha sua filha fica, mais parecida com a mãe ela se torna.

Não posso culpá-lo por querer se afastar de sua herdeira pois não sei o que faria caso algo parecido acontecesse comigo.

Você, caro leitor, deve ter percebido uma pequena diferença em minha narrativa, peço-lhe que não se assuste, esta é apenas a narrativa introdutória, que estou fazendo no intuito de separar esta história da última história narrada por mim e de fazê-lo conhecer um pouco do passado de nossa querida protagonista.

Voltemos nosso foco à Amalie Pond, que, neste exato momento, está a vestir seu inseparável casaco bege. Admito-vos que não está tão frio assim, visto que o sol está a iluminar e a aquecer as ruas estadunidenses.

Um jornal velho e de folhas desgastadas é apanhado e colocado – cuidadosamente – na mochila verde-limão. O casaco e o jornal são seus fiéis companheiros, sempre estão junto dela aonde quer que a garota vá. É tolice apegar-se a objetos, porém, neste caso em específico, é tudo o que ela possui.

Seu pai doou tudo o que pertenceu à falecida esposa; com exceção do casaco bege que esta usara em seu primeiro encontro; o mesmo casaco no qual nossa protagonista apegou-se.

Já devidamente arrumada, a garota deixa sua casa rumando em direção à praça central da cidade, ainda está cedo em demasia para trilhar seu caminho rumo à escola na qual estuda; o tempo remanescente é usado para a leitura do velho jornal enquanto sentada em um dos inúmeros bancos dispostos pela praça central.

É como se este fosse seu ritual diário, sair mais cedo de casa, encaminhar-se à praça, tirar o jornal da bolsa e lê-lo com minuciosidade, tal como se admirasse as palavras e as imagens presentes no mesmo.

Não muito longe do bairro nobre, um homem ajeita sua gravata borboleta, a cor azul turquesa fazendo com que o ruivo de seus fios emaranhados fique ainda mais "ardido", evidente. A pasta de couro é apanhada e uma última olhada é passada por entre as fotos emolduradas na parede bege; fotos estas que mostram um casal jovem e feliz.

E pensar que tudo mudou em um piscar de olhos, que a morte lhe usurpou, de maneira mais cruel, a mulher por quem foi perdidamente apaixonado durante a maior parte de sua vida. John não consegue seguir em frente apesar de se fazerem três longos anos que Helena se foi. Seus olhos ainda estão opacos e sem vida.

Um suspiro sôfrego escapa por entre seus lábios e ele finalmente deixa a casa. Seus amigos vivem dizendo que ele deve sair, conhecer novas mulheres, experimentar de novos amores, permitir-se sentir novamente, porém Smith sente que se o fizer estará abrindo mão das lembranças de sua amada.

Talvez seja idiotice pensar de tal forma, visto que seguir em frente não quer dizer, necessariamente, que você se esqueceu da pessoa amada, apenas quer dizer que você amadureceu e percebeu que seguir em frente é a melhor opção, que a pessoa com quem passou anos de sua vida gostaria de lhe ver feliz.

Contudo não cabe a mim julgar a decisão de John, tampouco esta tarefa pode ser incumbida a vocês, caros leitores, visto que cada um vive o luto à sua maneira; sim, tenho ciência de que já afirmei tal coisa anteriormente e que estou correndo o risco de ser repetitivo em demasia, entretanto creio que seja deveras importante deixar isto tão límpido quanto as águas cristalinas de um lago norueguês. É importante que entendamos isto de coração.

John anda calmamente através da calçada em paralelepípedos, o mesmo caminho que sempre trilha... O caminho que faz com que ele passe pela mesma praça onde Amalie lê seu jornal.

Smith a vê na praça todos os dias após ter optado por ir caminhando ao trabalho e a garota sempre está com seu jornal amarelado em mãos. Devo dizer-vos que o advogado nutre um certo grau de curiosidade para com a garota.

"Afinal, o que há de tão interessante em um jornal velho e desgastado que o faça capaz de prender a atenção de alguém que não aparenta ter mais de quinze anos?" —É exatamente isso o que se passa em sua mente sempre que a vê

Ele tentou se aproximar, dizer um olá, perguntar se a jovem necessitava de alguma ajuda, contudo o universo sempre dá um jeitinho de não permitir que tal coisa aconteça, tal como se este não fizesse questão alguma de que os dois forjassem uma amizade.

Uma vez mais John Smith passa em frente ao banco onde a garota lia o jornal, uma vez mais ele a vê, uma vez mais almeja falar com ela e uma vez mais o universo o atrapalha. Seu celular toca, era seu chefe quem ligava, a reunião fora adiantada e John encontra-se atrasado.

— Maldição! — O advogado pragueja em tom quase inaudível e apressa os passos.

— Maldição! — O advogado pragueja em tom quase inaudível e apressa os passos

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HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Comé que cês tão? Espero que estejam bem.

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Espero que tenham gostado. Deixem suas opiniões e críticas construtivas, aceitarei todas de bom grado, porém peço que sejam feitas com educação.

Ainda não há dias fixos para postagens, considerem o capitulo apenas uma degustação por hora.

Isso é tudo pessoal!

Tia Bia ama o cês!

Kissus da tia Bia!

Adote uma bipolar [ EM BREVE ]Onde histórias criam vida. Descubra agora