Frutas e Galhos

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    Hoje, dia 3 de novembro de 1998, na cidade Porto do Sal noticiamos com muito pesar a morte de nossa queria e honrada Sra. Maria José Sertão Sá.

     E assim foi como o jornal da pequena cidade Porto do Sal naquela manhã de domingo, noticiou a morte de Dona Maria, para alguns só Maria, para outros Sra. Maria, mas para muitos ali ela era professora Maria, que lecionou na escola da cidadezinha por 32 anos, esteve de pé em frente ao quadro negro até sua morte, até então o motivo é desconhecido, Dona Maria José Sertão Sá, nunca foi casada, nasceu com esse nome e com ele morreu, mas teve filhos, teve tantos filhos, que outros os chamariam de alunos, mas Maria tinha amor na ponta dos dedos e ensinava com amor e por amor à profissão, chamava seus alunos de filhos, e aí quem reclamasse, eram os protegidos dela, e agora depois de tantos anos, dona Maria José encerrou seus dias letivos aqui na nossa cidade e foi então ensinar aos anjos do inferno e aos diabos dos céus, o real significado de respeito e gentileza.
    Maria tinha decência e não escolhia o aluno a qual iria ensinar, desde o introito ao cabo ela ensinava com igualdade para todos e com todos era rígida, firme, dura e em certos tempos difíceis era até áspera e amarga; Maria, Maria me lembrava assim com liberdade poética (liberdade essa dada por ela) uma arvora de frutas doces, frutas que alegram as mais tristes e solitárias bocas desde as crianças desgarradas das mães como dos velhos sentados na praça de Santa Luzia, mas tinha uma seiva amarga dentro de seus galhos que se fosse preciso usaria ao bem de todos.

Querida Maria Onde histórias criam vida. Descubra agora