Ana Lúcia estava posicionando uma coroa de flores que havia chegado a pouco tempo, na coroa dizia:
"Para uma mulher de poder, e que com tal poder realizou sonhos de multidões "
Ao ver o letreiro, o rosto se Ana se enche do mais terno sentimento, Amor; ela caminha pelo Salão lentamente e com a cabeça nas lembranças, lembrava-se dos dias de domingo de manhã quando ela e Maria iam para a igreja, sentavam-se na frente da igreja, ela se lembra de Maria bestificada com os vitrais refletindo a alma de cristo em todo o plano, era lindo era lindo de mais ver ali em volta as senhoras idosas com os dedos enrugados e com os ossos rangendo, cantando os mais belos cânticos ao Pai ao filho e o Espírito Santo, seres cheios de teogonia.
Sem notas ali no canto um ser observava Ana Lúcia, havia ali no cômodo um corpo esbelto que ja chegara a certo tempo.
_Olá dona Ana como estás? Meus pêsames a sua perda e que Deus console seu peito cansado.
Diz Clarice
E Ana replica
_Olá filha, muito obrigado minha querida Clarice.
O silêncio se alimenta do momento, os olhos de Clarice logo estão marejados e salgados, o peso do momento é como um bloco de mármore que foi esquecido de ser esculpido, um momento mármore, quadrado e rígido, pontiagudo e que lhe doe as costas, Clarice deixa o mundo em dor cair dos olhos, e chora, Ana da então como uma mãe ao filho, um abraço de conforto e ali juntas em harmonia, no cômodo florido, as duas se consolam.
_O amor filha, o amor é um animal selvagem que a gente doma dentro do peito, é um bicho feio que a gente ama e da colo, mas o luto Clarice, o luto é diferente, o luto é bicho feio selvagem que come cada carne e entranha do nosso ser, é essa dor no peito que sem fim passa e nunca vai embora, você ja perdeu alguém? Sabe como dói.
Clarice assente com a cabeça e treplica.
_Já perdi sim, mas quem eu perdi ainda bate o coração no peito dona Ana ainda bate o coração no peito.
_E quem seria essa pessoa minha filha?
Então Clarice com um suor frio nas mãos pena nas mãos de Ana, e com um aperto triste na face responde:
_minha mãe.
E faz-se silencio, o local é inundado e as duas dão então um abraço e luto corrói o osso da carne da jovem e da senhora, bicho feio selvagem e sujo, o luto.
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Querida Maria
Short StoryMaria foi professora por 32 anos de sua vida, lecionou todo esse tempo em uma cidade no interior de Portugal e agora algumas das incríveis pessoas que ela construiu, se encontram diante de seu caixão. No velório vemos como cada ser segue seu caminho...