A viúva e o falecido

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O incidente ocorreu durante a noite em um dia de semana qualquer, nada naquele dia chamaria a atenção daquele casal que estava na sala assistindo uma novela diária. Bem, talvez o barulho de tiro e os miolos do marido espalhados no chão da sala de jantar talvez tenha chamado a atenção da esposa, mas nossa história não é exatamente sobre isso. Que graça teria uma história sobre um assassinato com um culpado misterioso? Já existem muitos desses por aí.

Enquanto os dois assistiam TV e discutiam sobre qual galã a mocinha da novela devia ficar, o marido recebeu uma ligação, o que não era tão anormal assim, afinal, pessoas recebem ligações diariamente, não havia o porque ficar paranoico com isso.

Após a esposa gritar algumas vezes para o marido não atrapalhar a novela, o marido decidiu ir até a sala de jantar para atender o telefone. Infelizmente, ir para aquele lugar foi a sua ruína e não estou falando da sopa de gengibre que a esposa dele tentou fazer naquela noite. Repito, tentou.

O tiro foi direto no olho e atravessou o crânio por completo, era o tipo de coisa que seria normal em algum episódio de CSI, mas não na vida de uma mulher comum como Eldora, a viúva do falecido.

Porém, o que antes era um episódio de CSI, se tornou um de Sobrenatural. Nossa história não é sobre a morte de Jorge, o falecido, mas sim... sobre o que vem depois disso.

Duas semanas depois do ocorrido, nosso herói chegou no local do crime.

- Olha o tamanho dessa coisa! - Nosso herói estava espantado com o tamanho da casa da viúva Eldora. - Quantos fantasmas eu vou precisar pegar nesse lugar? Estão achando que eu sou algum tipo de Caça-Fantasmas?

Aquilo nem ao menos podia ser chamado de casa, era claramente uma pequena mansão, porém, o jardim estava completamente morto, como se ninguém estivesse tomando conta daquele lugar. Ao lado, era possível ver um varal de roupas, coisa bastante estranha para uma casa daquele tamanho. Mais estranho ainda, era ver que todas as roupas no varal eram rosas.

Já fazia algum tempo que nosso herói havia apertado a campainha e mesmo assim ninguém havia vindo até a porta, então ele apertou mais uma vez.

- Já to indo, porra! - Gritou Eldora de dentro da mansão. - Tem microondas em casa não?!

Assim que a viúva Eldora abriu a porta, ela se deparou com o rosto assustado do nosso herói, afinal, ele não esperava que uma velha maluca gritasse com ele mesmo antes de vê-lo.

- Me desculpa, é só que eu achei que não tinha... - Antes mesmo do nosso herói terminar de falar, a viúva o interrompeu.

- Tenho vidro de perfume vazio não, pode ir embora!

- Que? - Nosso herói estava tão confuso quanto eu, o narrador. - Eu estou aqui porque a senhora pediu ajuda para a Ordem cuidar de um fantasminha camarada que está te perturbando, hahaha.

Nosso herói tentou tirar um sorriso do rosto daquela mulher com aparência rancorosa.

- É o fantasma do meu marido que foi morto há duas semanas, até agora ainda lembro de quando vi a cabeça dele explodida no chão e sangue derramado na minha sopa de gengibre. - A viúva disse séria.

Os olhos do nosso herói começaram a se encher de lágrimas. Era sempre assim com ele, sempre que ele ouvia uma história triste, ele era o primeiro a começar a chorar, mesmo nem sendo apropriado. Ele é extremamente emotivo para casos de perda de entes queridos.

- Nem eu chorei no enterro do Jorge, porque VOCÊ está chorando? - Eldora perguntou enquanto colocava a mão no braço direito e olhava para o lado, ela estava evitando ver aquela cena mais deprimente que a morte do marido.

Patetive - A viúva e o falecidoWhere stories live. Discover now