1. Platônico.

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Uma vez, quando peguei escondido um dos dicionários da grande estante que ocupava metade do escritório da minha mãe, descobri que amor platônico é qualquer tipo de relação afetuosa ou idealizada em que se abstrai o elemento sexual, por vários gêneros diferentes, como em um caso de amizade pura, entre duas pessoas.

Amor platônico também pode ser um amor impossível, difícil ou que não é correspondido. Muitas vezes uma pessoa tem um amor platônico e nunca tenta sair dessa fase porque tem medo de se machucar ou medo de verificar que as suas fantasias e expectativas não correspondem com a realidade.

A única parte que faz do meu amor platônico ser platônico — classificado como a segunda descrição —, é a parte em que a pessoa pela qual eu sou totalmente apaixonado não sabe que eu existo. Quer dizer, saber ele sabe, mas só nos encontramos uma vez e eu nem tive a oportunidade de falar. Eu só fiquei lá, ajoelhado no meio do corredor com cara de idiota enquanto encarava o garoto que tentava me ajudar, pegando todos os livros que eu derrubei no chão da escola. Eu só fiquei lá.

Parado e encarando ele.

Acredito que foi ali que eu me apaixonei. Não pelo garoto ser bonito, nem por ele ser popular ou até mesmo divertido. Acho que a principal razão pela qual eu me apaixonei por ele foi por ele ter sido gentil o bastante para ajudar a um desconhecido que derrubou livros e materiais no chão. Mais tarde, eu descobriria que além de gentil, ele também era popular, mas eu nunca tinha prestado atenção nele até aquele momento. Ele fala com todo mundo, ajuda as pessoas quando precisa e é muito simpático. Não que eu tenha falado com ele depois da minha quase queda vergonhosa, mas era fácil notar isso.

Eu sou desastrado na maioria das vezes, e é melhor falar isso agora do que mostrar futuramente. Eu caio do nada, tropeço nos meus próprios pés, me bato em coisas constantemente e já me fudi muito por isso. Minha mãe se acostumou a ouvir minhas milhares de reclamações, e temos um estoque de pomadas para dor por minha causa. Sempre que ela ouve um estrondo, ela nem fica surpresa porque sabe que eu derrubei alguma coisa. Eu sempre tenho que limpar minha bagunça, então ela não fica muito preocupada. O estilo mãe protetora não é muito o dela. Park Changmin é mais o tipo de mãe que faz maratona de série com você, e conversa abertamente sobre crushs que você tem em pessoas que você encontrou no ônibus. As vezes eu acho que não a mereço por ela ser maravilhosa demais, mas aí lembro que eu sou maravilhoso também. Isso, não posso esquecer que eu sou maravilhoso também. Hoseok hyung me fez prometer que eu não me diminuiria, nem para mim nem para os outros.

Eu sou estranho e só ando com três garotos, mas eu não sou de se jogar fora, 'tá legal?

Inclusive, eu não fui abençoado com o dom da socialização fácil. É muito incômodo estar com pessoas novas, porque eu sempre acho que estou fazendo algo errado e elas não me querem ali. Eu me sinto... estranho. Não sei explicar. Na única vez que eu tentei explicar como eu me sentia, eu envolvi pinguins e girafas. É muito melhor ficar em casa, com as pessoas que eu me sinto bem e fazendo o que eu quiser, sem me prender. E é exatamente isso que eu faço todos os dias.

Talvez um adolescente de dezessete anos precise conhecer novas pessoas, sair para festas e namorar, mas eu... Acho que eu realmente não sou o tipo de adolescente que sai de casa frequentemente.

Hoseok, Taehyung e Namjoon sempre tentam me levar para algum evento, lugar e até mesmo para jogos escolares. Eu já até fui para alguns por causa deles, mas não acho lá essas coisas emocionantes.

— Jeon Jungkook! — a voz soou impaciente e tomou conta de todo o local. Pisquei os olhos repetidamente e olhei ao redor. Todos estavam olhando para um ponto do outro lado da sala, e eu soltei a respiração lentamente, me ajeitando na cadeira.

Com Amor, Park • jikook!Onde histórias criam vida. Descubra agora