Caverna do dragão

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Marta estava arrumando seu cabelo e fazia horas que ela duvidava entre preso ou solto, seu olhar que refletia no espelho era frio e ela não exibia nenhuma emoção pela sua face. Ela estafa um caos por dentro mas precisava manter a calma, todos estavam surtando e ela não podia ser uma deles. Ela olhava para trás e via o chão onde Leonard estava morto até ontem ontem, já se passaram dois dias da morte dele e hoje finalmente iria ser o velório, pelo menos teve tempo o bastante para as costureiras fazerem um belo vestido preto para o velório, mas não que ela se importasse.

O bebê que ela estava esperando infelizmente havia morrido mesmo, com os eventos daquela noite ela teve um aborto e não conseguiram fazer nada, ela se trancou durante esses dois dias no seu quarto e ficou planejando mil vinganças ao desgraçado que havia feito isso, ela já tinha uma lista de suspeitos e após o velório ela planejava já começar a investigar. Finalmente ela decidiu seu penteado e deixou o cabelo preso em um coque alto com apenas duas mechas de cabelo soltas na frente, ela soltou um suspiro e passou a mão pelo rosto para ver se amenizava a cara de quem passou dois dias chorando.

Quando Marta saiu do quarto se deparou com o corredor cheio de gente da côrte real e dos empregados, eles estavam apenas esperando ela sair para começar o velório. A rainha parou na frente de todos e arrumou a postura, colocou suas mãos para frente e fixou a face seria:

- Hoje após o velório do meu finado marido todos iram ter dois dias de folga, apenas peço que as cozinheiras fiquem um tempo a mais para preparar o jantar para os 5 reis, eles partiram amanhã. - Ela passou o comunicado e saiu andando em meio de todos que davam um espaço para ela passar.

O olhar da rainha Marta era o mesmo de quando ela voltou da guerra, demorou muito tempo para ela poder voltar a sorrir como antes... Leonard se dedicou longos meses para a recuperação de sua esposa.

O velório iria ser no rio atrás do castelo, o rei iria ser colocado em um pequeno barco cheio de flores, os guardas iriam empurrar o barco até uma altura do rio onde ele pudesse seguir seu caminho sozinho e depois disso 5 flechas em chamas iriam atingir o barco para que ele pudesse pegar fogo. Todos já estavam presentes e em uma fila e só faltava a rainha para chegar, ela ficaria mais perto dos atiradores pois ela seria uma deles, Marta chegou em seu lugar na fila e o novo ancião da torre branca já começou o seu discurso diante a todos:

- Por que vocês dois estão pura sujeita? - Marta perguntou baixo para os seus filhos, a roupa dos dois estavam cobertas de poeira.

- Estávamos brincando com o algodão. - Meave respondeu e deu algumas batidas em sua saia. - Papai deu ele para nós a achamos que tínhamos que contar para ele que o papai morreu, não é Diago?

- Pelo amor dos deuses. - Diago revirou os olhos e continuo olhando o ancião, ele sabia que o cordeiro não iria entender nada.

- Não é Diago? - Meave deu um beliscão no braço do garoto para ele confirmar a história.

- É! - Diago respondeu furioso, ele soltou um suspiro. - Meave agora é o enterro do papai e temos que ficar quietos, quietos!

Algodão era um bebê cordeiro que Leonard achou em uma fazenda abandonada, seus pais haviam sido mortos pela quantidade de sangue que ele encontrou no celeiro mas lá estava o algodão, escondido atrás de um monte de feno e chorando muito. Leonard sempre foi contra a caça de animais e por isso ficou muito sentido com aquilo e decidiu criar o pequeno cordeiro no reino, é claro que seus filhos adoraram muito e aquele cordeiro se tornou o animal de estimação de todos no castelo, a cozinheira Myrna já havia até criado um prato especial para ele.

Após o ancião terminar o discurso alguns guardas foram empurrar o barco e os outros que estavam de Marta já estavam preparando as flechas, ela se aproximou dos dois e ficou observando:

Reinado De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora