5

1.7K 270 30
                                    

Daniel Hoffman

A vida é assim, enquanto alguns saem de uma vaga de estacionamento, outros entram. Enquanto alguns morrem, outros nascem; enquanto uma exuberante mulher te proporciona um excelente sexo oral dentro do carro, a porra de uma lata-velha bate na sua traseira. É a vida. Nua e crua. Se estou com raiva? Não. Imagine. Aquela mulher, além de ferrar com a minha noite, interrompeu um orgasmo e destruiu meu Porsche zero km. Que noite feliz, não acha?

É, talvez eu me enfie na primeira privada que encontrar e dê descarga em mim mesmo.

Sabe o que é mais louco disso tudo? Eu fiquei com pena dela. Por uma fração de segundo, eu fiquei. Lembra que eu disse que mulheres geralmente não me impressionam? Não? Foda-se. A verdade é que aquela maluca me deixou impressionado. Completamente. Mesmo que ela seja uma vaca, não pude deixar de notá-la. Não sou cego e há poucos minutos estava de pau duro. Ela é naturalmente linda. Seu rosto, mesmo borrado de maquiagem, não passou despercebido pelos meus olhos predadores. Os cabelos, escuros na raiz, são tingidos de loiro em toda a sua extensão e seus olhos são de um verde extraordinário. Se estivéssemos em outra ocasião, talvez mais descontraídos, em uma festa, ela certamente seria meu próximo alvo, mas sua arrogância não me deixou escolha, e eu quase quis chamar a polícia. Só queria colocá-la em seu devido lugar. Para a sorte dela, eu e meus princípios, internamente, sabíamos que eu também estava errado.

Não deveria ter deixado Jeniffer fazer aquilo no trânsito. É perigoso e imprudente. Já havia prometido a mim mesmo que não faria mais isso, mas, sabe como é, aquela boca quente parecia um veludo, e fazia um ano que eu não cometia qualquer loucura do tipo. Andei na linha. Talvez eu tenha me empolgado quando, finalmente, consegui cumprir minha meta nos negócios, o prazo estabelecido pelo meu pai.

Agora preciso me concentrar na porra do estrago que aquela doida fez. Lógico que meu pau não teve condições de subir depois de toda essa merda. No fim das contas, tive que levar Jeniffer pra casa, sem que ela terminasse seu belo trabalho. Uma lástima.

Voltando à batida, por um segundo eu quis ajudar a desconhecida, um instinto ínfimo de preocupação, mas então meu lado filho da puta me lembrou de toda a merda que ela fez e eu decidi ir embora. Ela merecia algo pior se eu estivesse realmente certo, mas diante de sua situação, pela forma como parecia transtornada, acabei relevando. Tenho consciência de que poderia ferrar com a vida dela. Está vendo? Não sou tãão filho da puta assim. Quem sabe ela tenha falado a verdade sobre a suposta traição que sofreu? No fim das contas, acabei me lembrando de um velho ditado que diz: "Não devemos chutar cachorro morto" e então deixei tudo como estava. Além do mais, ambos estávamos errados. Claro que ela não precisava saber disso, certo? Vamos guardar esse segredinho? Ótimo!

Quer saber? Espero que tudo isso também tenha servido para que eu aprenda de uma vez que, depois de um ano inteirinho fazendo tudo como havia prometido ao meu pai, não convém cair tão rápido em tentação; foi um sinal e eu não me atentei a ele, principalmente no dia em que peguei meu carro novo. Um carro que eu estava namorando havia um tempo. Não me olhe assim. Eu mereci aquele carro. Trabalhei arduamente, durante trezentos e sessenta e cinco dias, com breves intervalos de sexo, filmes pornôs de péssima qualidade e esporádicas festas. Tudo isso só para colher o que plantei nos negócios. Na verdade, o que nós plantamos; não posso tirar o mérito do meu sócio.

Para não cair na putaria, decidi que este ano teria uma namorada. Jeniffer foi a felizarda escolhida e até hoje é com ela que divido meu chuveiro. Claro que, em seguida, arranjo uma desculpa para mandá-la educadamente para casa. Eu e Jeniffer nos damos bem, mas confesso que havia me esquecido de como é árduo estar dentro de um relacionamento. Principalmente quando a mulher em questão não é o tipo de pessoa com que você deseja compartilhar momentos que não fazem parte do âmbito sexual.
Não é a primeira vez que namoro. Já tive uma namorada na faculdade, mas ela me agrediu ao me ver com sua melhor amiga. Eu sei, isso foi péssimo. Eu deveria me sentir mal por isso, mas, cá entre nós, quando uma mulher se oferece para usar o seu pau como sorvete, você nega? Claro que não! Não estava dentro de um relacionamento tão sério a ponto de recusar um boquete.

Adorável Cretino livro (3) Onde histórias criam vida. Descubra agora