Anylla se encontrava olhando o reflexo que tinha de si mesma pelo espelho do lago. Seu castelo estava silencioso, como gostava na maioria das vezes, tinha que ter aqueles longo minutos de paz, sua vida tinha dado voltas sem sentido por um longo tempo, seu coração que antes não batia começou de forma lenta retomar os batimentos. A mulher tinha consciência do que significava, e não conseguia expressar o que sentia. Nos últimos séculos, seu coração só dava sinal de vida quando algo muito bom ou ruim iria ocorrer, para a deusa da destruição era um pressagio do que deveria ser feito sem maiores indagações. Tinha a certeza que os demais deuses secundários, como gostava de dizer, estavam com os pressentimentos também.
Os olhos azuis por fim circularam o loca. O lago sagrado da vida, era como muitos se referiam ao ambiente, o nome era bastante significativo sobre o que ele representava. Ali, naquele ambiente a mulher sabia quem deveria viver e morrer, as dimensões que estavam entrando em ruína e aquelas que prosperavam, mas o mais importante, aquele lago dava o poder da vida. Se um ser doente, com problemas entre a vida e a morte for colocado no meio do lago, pode facilmente ser curado, porém o que poucos sabiam era que o mesmo tinha o poder de matar, fazendo-o desaparecer, isso seria realizado conforme a vida que a pessoa viveu e suas atitudes.
Um barulho despertou a mulher de seus pensamentos, virou lentamente a cabeça em direção a porta de entrada vendo uma de suas criadas aparecer, virou-se então, vestindo a túnica por cima de seu corpo nu, prendeu os cabelos em um coque mal feito e com um esticar de mãos o cetro voltou para si, fazendo com que a Deusa o segura-se com firmeza.
── Vossa Alteza. ── Fez uma reverencia enquanto a loira andava até próximo da mesma, fazendo-a se levantar. ── Perdoe-me o incomodo, lamento ter que a atrapalhar neste momento, mas os deuses secundários já se encontram na sala de reunião a esperando, confesso que os mesmos não parecem tão felizes por você estar fazendo-os esperar.
── Como dizem os humanos, "Quem são eles na fila do pão?" ── Murmurou enquanto dava de ombros. Soltou um suspiro e fez um pequeno gesto para que ela a acompanhasse. ── Vamos, ainda tenho muitas coisas para fazer hoje, e confesso que não estou nenhum pouco ansiosa com tudo isso.
── Como quiser Majestade.
Anylla não colocaria um vestido apropriado, deixaria o roupão que estava apenas, conforme passava pelos corredores vários serviçais faziam reverencia, a mulher tinha consciência que alguns eram por simplesmente medo, outros gratidão e em raros momentos, admiração, mas também, confessava que se fosse eles também teria esses sentimentos em seu coração, afinal com um único pensamento podia destruir almas e planetas, imagina que qualquer coisa poderia despertar a força negra dentro de si. As historias que passam de geração a geração, se trata justamente dessa força que habita dentro de si, mostrando a face impiedosa que tinha e acima de tudo, a falta da compaixão. Em poucos minutos a loira entrava na sala que estava barulhenta, bateu o cajado no cão uma vez chamando a atenção, até se sentar na poltrona mais próxima e os observar.
── Vamos começar? Tenho muitos afazeres ainda, e olhar para vocês me causa náuseas, não estou no meu melhor dia. ── Comentou antes de pedir com a mão para se posicionarem na mesa.
── Bem, você nunca tem tempo Majestade, deve ser por isso que esses últimos tempos tem tantas guerras, em vez de você dar algo mais promissor, estilo conselhos, afinal, foi você a primeira a ser criada, não, vira as costas e vai fazer nada como de costume. ── Anylla observou o senhor que comandava os elfos, levantou uma das sobrancelhas com o que o mesmo comentou e logo após se endireitou.
── Você acha que não faço nada? Oh claro, como pude me esquecer, assegurar que as dimensões não se fundam, que o lago não enlouqueça e que o herdeiro que ira me assumir daqui um tempo não seja ambicioso não é nada? ── Ela soltou um suspiro e com o cajado deixou a ponta na garganta do homem. ── Me escute bem rapaz, você é novo, não tem a minha experiência e ousa me desafiar? Acha que é quem? Se eu quiser posso desaparecer com seus descendentes, mas ainda não fiz, não me pergunte o motivo. ── Por fim ela se virou e analisou todos, abriu uma imagem da Terra, o planeta que estava aparecendo em seus sonhos. ── Nos últimos dias eu tenho sonhado com esse planeta, meu coração esta palpitando lentamente, sabem o que isso significa. Eu não posso os aconselhar, tudo que podia fazer eu fiz e sendo sincera, eu não me importo com o que vá acontecer nesse planeta, por mim já teria destruído a muito tempo. O lago ta se agitando, então se quiserem continuar vivos, sugiro que façam algo, por mim agora a pouco teria explodido, mas não estou com saco o suficiente para escutar vocês resmungando em meus ouvidos. ── Ela soltou um suspiro e olhou para cada um. Principalmente a deusa da Lua. ── Vocês tem um prazo de seis meses, se não adeus.
A mulher não ficou para escutar o que os demais começariam a resmungar, saiu da sala andando pelos corredores. Parou e analisou a paisagem de seu castelo. Muitos achavam que ela deveria se estabelecer em algum planeta, mas não se sentia bem em nenhum dos ambientes que tentou, apenas ali, no nada e ao mesmo tempo tudo, contudo, o silencio do espaço era belo, as estrelas e dimensões que a circulava, além de ser infinito por onde podiam voar. Seu lugar era em tudo e nada ao mesmo tempo, talvez por este motivo a loira escolheu deixar o castelo flutuante a guiar para onde quisesse ir, apenas com a força da magia que rodava a sua volta. Curiosamente, o palácio estava dentro de uma das dimensões, sendo ela a que vivia a Terra, o planeta que estava sendo ameaçado de destruição. Parada ali, via o quanto ele era belo, mas sua visão ampla era possível ver a poluição se espalhando e isso apenas a deixou mais certa do que viria a seguir.
── Espere Majestade, por favor. ── Uma mulher alta com o vestido branco parou a frente da deusa maior, sua respiração ofegante mostrava que tinha corrido para chegar ali, o cetro que carregava simbolizando a lua estava firme em suas mãos, os cabelos totalmente brancos era a marca registrada daquela deusa, a criadora dos Lycans.
── O que houve agora Lua? Achei que tinha deixado bem claro o que deveriam fazer, imaginei que vocês estariam discutindo sobre as próprias ações e não vindo atrás de mim. ── Era perceptível a indiferença de Anylla com a mesma, soltou um suspiro e se virou, olhando o planeta que naquela hora era visível ainda mais.
── Você não pode nos destruir, deve ter algo que possamos fazer, vamos lá, você sabe o que quero dizer, o lago pode dar as ordens, mas tu apenas decide se faz ou não! Sabemos disso, já fez isto e olha como está o planeta salvo atualmente! Por favor, tenha misericórdia dos corações terráqueos, eles são uma existência nova, apenas crianças apreendendo a andar.
── Não irei intervir como já fiz, o preço que paguei foi alto e hoje, se você notar, aquele local já não existe mais, paguei e errei, então não, não vou contrariar as decisões tomadas e nem interferir em prol de um planeta que só pensa em guerra. Vocês podem fazer isso. ── Anylla não esperou a mulher terminar sua fala, antes de a interromper. Assim que terminou o que tinha que dizer começou a se retirar.
── Talvez eles precisem de você apenas Anylla, não pode ficar presa no passado por algo que aqueles seres não tem culpa. ── Parou para ouvir a voz chorosa de lua antes de continuar a andar.
── Vá cumprir suas designações e só volte a proferir a mim quando tiver algo melhor a dizer. Alias, é majestade para você e os demais. ── A própria voltou a caminhar, desta vez com o cetro em suas mãos mais firmes que nunca e aquele sentimento parecia que ia voltar. Não podia cometer os mesmos erros que o passado, não admitiria isso jamais.
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Além do Infinito
Science FictionEm um destino incerto, muitos não sabem que aquele ano pode ser o último ano de suas vidas. Isso não aplica-se apenas para algumas espécies e sim toda aquela dimensão. No meio a uma aposta a Deusa maior está seriamente pensando em fa...