Capítulo 4

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               O andar de Nylla junto ao Gabriel era lento, sua barriga estava fazendo barulhos silenciosos, sabia que poderia passar a imagem de alguém esfomeada, mas devido as circunstâncias era complicado manter a própria sanidade nos "bons modos". Com toda certeza, se o pai da mesma visse sua atual situação a iria repreender para só depois, em um local só entre quatro paredes viesse a ser castigada de maneira "suficiente" com o único fim de a fazer aprender a lição.

               Aquele pensamento causou arrepios, sentia como se estivesse sendo vigiada, porém assim que se pôs em risco tinha a plena consciência que seria assim. Convenhamos, se chegasse uma estranha em seu local de origem com toda certeza os responsáveis pelo local não deixaria a pessoa ficar perambulando por ai de maneira sola. Teria olhos e ouvidos por toda parte afim de proteger os seus. Nos dias de hoje, a mulher sabia o quanto as pessoas podiam ser travessas ou melhor dizendo, duas caras.

               Em alguns minutos a mulher já se encontrava na sala de jantar onde a senhora estava junto com Eydan, o Supremo a qual buscou durante longos dias. Sua vida desa vez estava nas mãos dos seres mais poderosos daquela raça e tinha a plena consciência desse fator. A ruiva por fim, andou até a mesa de carvalho que estava com os pratos já alinhados. Se via a riqueza diante de seus próprios olhos, afinal, a prata e ouro era o que mais brilhava naquele comodo. Lembrou-se então da sala de jantar de sua família real a qual era banhada por uma luxúria perigosa, até mesmo pelos governantes. Quantas vezes viu os visitantes sendo levados a masmorra por roubo de um simples garfo que valia mais que o que ganhavam em um ano. Era enorme os casos que tinha que interceder pelos visitantes que muitas vezes era de seu próprio povo. Á, como se sentia incapacitada de salvar aquelas vidas perdidas, porém também tinha a certeza que alguns eram de todo modo mal intencionados, e nesses casos simplesmente ignorava e deixava-os passar por um rigoroso processo que seu rei dava a eles. Saiu por fim de seus pensamentos, com as palavras do Suprem chamando sua atenção. O olhou antes de caminhar até a cadeira ao lado da senhora que ficava coincidentemente ao lado de Eydan e de frente para Gabriel.

               ── Perdoe-me minha falta de atenção, estava relembrando do meu reino. Devo dizer que sua casa é muito elegante, quem decorou de fato tem bom gosto. ── Comentou de maneira breve antes de notar que ao lado do rapaz gentil a qual havia conversado primeiramente havia um prato sobrando.

               ── Bem, já que acordou para a vida, podemos começar a comer, creio eu que Rita não ficaria nada feliz em ver que a comida a qual faz diariamente está esfriando. ── O homem comentou a seu modo antes de fazer um gesto para todos se servirem.

              Mesmo achando errado que começassem a comer sem esperar todos chegarem, não ficou acanhada em se servir de modo generoso, afinal, fazia um bom tempo que não comia e seu corpo necessitava de forças para seguir em frente com a jornada. Também se lembrou que poderia não haver ninguém que viesse a ocupar este espaço e assim tentou seguir aquela linha de pensamentos de maneira falha. Pois logo depois de começar a comer ouviu a porta sendo aberta e uma mulher de cabelos morenos começar a se aproximar. O corpo da jovem estava marcado por peças espessas do couro legitimo, um casaco de couro preto que se destacava diante da calça estilo militar, as botas estavam surradas devido ao tempo la fora e o arco que prendia nas costas parecia pesar uma tonelada para a mulher que acabará de chegar. Nylla reparou no olhar cansado da jovem, analisou antes de proceder em suas atitudes, lembrava-se de seu rosto de algum lugar, só não sabia da onde a ruiva poderia a ter visto. Como um estralo na mente, a mulher se lembrou das histórias contadas por uma de suas criadas sobre uma Loba morena com seu arco, o nome Thalia, de uma mulher que era a mais forte depois do alfa supremo, a qual fazia todos se ajoelharem diante de sua impiedosidade, era a beta legitima daquele que governava tudo, lembrava de uma vez ouvir que ela sozinha havia simplesmente acabado com uma alcateia inteira por fazer as mulheres de escravas. Sentiu a necessidade então de retribuir o favor por todas as vezes que ela ajudou as fêmeas que não tinha tal poder para se defender.

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