Prólogo

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Primavera, 1992

Shone Robinson tem apenas 9 anos de idade, mas mesmo ainda tão pequeno, tinha uma personalidade bastante forte para alguém com tão pouca idade.
E por isso, tinha muita dificuldade em fazer novas amizades, e criar laços. 

Por causa do trabalho de seu pai, que estava sempre trabalhando para um escritório diferente, onde mais uma vez, tinha que se mudar para o lugar onde o escritório estava. E tendo sempre que mudar de cidade, e até de país. Nunca ficava muito tempo em um lugar só. 
E era o que estava prestes a fazer novamente. 
E Shone mais uma vez, estava tendo que preparar sua pequena mala com todas as suas roupas, e seus pertences para mais uma vez, se mudar para um outro lugar que ele não conhecia. 
O que pra ele, já não era mais aceitável, ter que pela milésima vez, ter de sair de sua escola que ele mal conhecia. E de perto dos novos amigos que estava começando a fazer, mesmo diante da dificuldade em se aproximar de alguém.

Ele já morava naquela cidade, faziam exatos 8 meses. E neste tempo, já tinha feito com muito custo, amizades com algumas poucas crianças em sua escola. Mas teria de deixar mais uma vez, todos eles para trás. 
E isso, não estava mais suportando. 

Nesses anos que se passaram, já conheceu mais lugares do que gostaria. E estava sempre tendo que fazer novas amizades, já que tinha sempre que deixar as velhas para trás. 
Estavam prestes a se mudar para uma nova cidade, a alguns quilômetros dali. 
Já estava tudo certo. 
Os pais já haviam alugado uma casa provisoriamente, e a mudança já tinha ido quase tudo pra lá. Restando apenas alguns poucos móveis, que já estavam sendo levados aos poucos. 

Shone estava em seu quarto, um dos poucos cômodos da casa ao qual, ainda restava com quase todos os móveis. Que ele não tinha deixado levar, até chegar o exato dia da mudança.
Ele já estava bastante amuado, devido a ter de fazer novamente sua mala, e ter de se mudar do lugar que já estava se acostumando a morar.
Quando sua mãe entra no seu quarto, para verificar se estava indo tudo bem com a arrumação, e o encontrar de cara amarrada, jogando tudo dentro da mala, sem se importar com a organização das roupas. 

― E aí, filho? Como andam as coisas por aqui? ― pergunta ela entrando em seu quarto, e se aproximando dele, que estava em pé enquanto jogava as roupas dentro da mala com raiva. 

― Está tudo as mil maravilhas, não vê? ― diz irônico, sem olhar para ela um minuto. Estava nitidamente chateado, e a mãe já sabia que ele estaria assim. 

E claro, tinha certeza que esse gênio dele, veio do marido, que tão bem conhecia. Depois de um casamento de longos 15 anos. 

― Meu amor, eu sei que é difícil ter que estar sempre se mudando para um novo lugar. Mas eu sei, que você vai acabar se adaptando e fazendo novos amigos. Você vai ver ― disse carinhosamente, enquanto se aproximava dele, se abaixou, e beijou o topo de sua cabeça. ― sei o quanto é difícil ter de deixar seus amiguinhos para trás. 

― Que amigos, mãe. ― se afastou dela, e foi sentar-se na cama ― não tenho nem tempo de fazer amigos. Por que quando estou conhecendo algum colega, tenho que me despedir dele logo depois. Pois estou sempre tendo que me mudar para uma cidade diferente. E tendo que deixar meus amigos para trás. Isso não é justo. ― respondeu fazendo bico, e cruzando os braços na frente do corpo, como sempre fazia, quando estava chateado. 

― Shone, eu sei que é difícil, mas nós temos que fazer isso pelo seu pai. ― foi ao encontro dele, sentando-se ao seu lado, e pegando em sua pequena mãozinha. Quando ele estava assim, ela tinha que ter bastante paciência com ele.

― E não dá pra fazer isso sem ter que mudar de cidade todo ano? ― perguntou olhando para ela, com os olhos marejados. Fazendo ela lhe puxar para si, e lhe abraçar forte. 

Apesar da idade, ele era uma criança bastante esperta, e já sabia desde cedo o que queria para ele. Já entendia certas coisas. E aquilo principalmente. 
E nisso, ela tinha muito orgulho do filho que tinha.

― Eu sei, meu homenzinho. ― brincou, lhe apertando ainda mais contra si ― mas é o trabalho do seu pai, e temos que o apoiar. Sempre. Lembra? Sempre juntos ― esse era o lema da família. E ela fazia questão de frizar isso sempre que podia. Gostava de ter a família sempre muito unida.

― Eu sei. Mas não quero ficar mudando de escola todo ano.

― Sei disso, meu amor. Mas isso vai mudar. Eu prometo. Você não confia na mamãe? ― perguntou.

― Confio sim. ― abriu um sorriso triste para ela ― só espero não ter que fazer isso de novo ― apontou pra mala.

― Oh, meu Deus. Como pode ser tão esperto? Tem certeza que você só tem 9 anos? ― brincou o apertando ainda mais contra si. Como se isso fosse possível. 

― Mãe, preciso respirar ― reclamou, fazendo ela afrouxar o abraço. Ela sempre era muito amorosa e carinhosa com ele. E mais, por ser seu único filho. Ele recebia todo o carinho e atenção dos pais. 

― É que às vezes não consigo me conter. Você é meu bebê. Meu homenzinho crescido. 

― Mãe, não sou um bebê ― protestou, ele não gostava de ser chamado assim. Mas a mãe fazia questão, pois logo em breve, ele cresceria, e queria aproveitar o máximo pudesse o filho, enquanto ele ainda era tão pequeno.

E ela só conseguiu rir ao escutar ele falando isso. 

― Ok. Meu homenzinho. Que tal eu te ajudar a fazer essa mala? Por que do jeito que vai, você só termina isso ano que vem.

Lhe beijou novamente o topo de sua cabeça, e lhe soltou. Levantando-se em seguida, e foi ajeitar de modo certo a mala. Que estava uma bagunça completa.

Arrumou tudo o que cabia dentro da mala, enquanto Shone só ficava observando tudo, ainda sentado na cama, com seus bonequinhos de heróis nas mãos. Seus velhos companheiros de aventuras. Tinha homem-aranha, batman e homem de ferro. Seus heróis favoritos.

Ela ergueu a mala, e a colocou no chão, agora, olhando para Shone.

― Então, Shone. Pronto? ― perguntou.

― Não. ― respondeu emburrado.

― Vamos. Por favor, Shone. Não torne isso mais difícil. ― falou séria, olhando para ele.

Ele respirou fundo, e enfim, levantou-se da cama, carregando seus bonecos consigo.
Pegou na mão dela, que estava estendida para si, e foi em direção à sala, onde o pai já os esperava. 

― Todos prontos? ― perguntou ele, olhando para os dois, e principalmente para Shone com a cara amarrada. ― o que houve? 

― Nada. Está tudo bem. Vamos? ― ela respondeu. Não queria ter que discutir mais uma vez, sobre a mudança com Shone. Pois o pai já sabia a opinião do filho em relação a isso.

― Vamos então. ― ele disse. 

E assim, seguiram até o carro, e colocaram todas as malas dentro do porta malas, e todos entraram logo em seguida.
E assim foi, umas 4 horas de viagem, até chegar finalmente ao seu destino.
Uma nova cidade.
E novos desafios. Principalmente para Shone.

Perfect - nossa música favoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora