Perfect - Perfeita

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2 meses depois...

Shone já estava começando a se habituar nessa nova cidade. Estava até matriculado e estudando em uma escola perto de sua casa.

Não tinha feito nenhum amigo ainda, devido a seu gênio forte e dificuldade em se aproximar de pessoas/crianças desconhecidas.

Sempre que uma criança se aproximava dele para conversar, ou tentar o chamar para brincar junto com os outros, ele logo se fechava no seu mundinho e afastava qualquer um com seu jeito intimidador e às vezes, até irônico. O que era sua marca registrada. Mesmo tão pequeno, já sabia dar boas respostas, o que sua mãe tentava controlar o máximo que podia.

Ele estava brincando no quintal, com seus brinquedo favoritos, que se resumia aos seus bonequinhos de super herói que ele tanto gostava. Quando ao longe, avistou um caminhão que se aproximava de sua casa, seguido de um carro pequeno logo atrás.

Se aproximando um pouco mais, percebeu que os automóveis parou em frente a casa ao lado, a mesma que estava desocupada desde que ele se mudou para lá.

De dentro do carro saíram um casal, uma mulher ruiva de meia idade e um senhor que aparentava não ter mais de 40 anos. Shone desde muito pequeno, sempre foi muito observador dado também pela sua quietude. Sabia ler as pessoas apenas a observando e isso era uma característica bem marcante para um criança da idade dele. Era o que sua mãe sempre costumava lhe dizer, que ele era seu homenzinho devido a ter uma mentalidade diferente das crianças de sua idade.

Os dois pararam em frente a casa e ficaram a olhar para ela, como se examinasse seu mais novo empreendimento. A casa era muito bem conservada e parecia ter passado por uma reforma recente, pois a fachada estava muito bem pintada de um azul claro, que parecia dar ainda mais destaque a casa, que pela frente já se parecia muito com a de Shone. Era uma casa bonita e provavelmente, por ser tão parecida com a sua apenas por ver a fachada, devia ser parecida também em seu interior. Era o que Shone imaginava.

De repente, a porta do carro é aberta mais uma vez, surpreendendo Shone, que não percebeu haver mais alguém dentro daquele carro escuro. Era uma garotinha mais ou menos da sua idade, de cabelos ruivos compridos, caindo em cachos pelas costas, assim como os da mãe. Estavam soltos e enfeitados com um arco no alto da cabeça. Ela olhava ao redor, até seus olhos se encontraram com os da pessoinha observadora do outro lado da cerca, que era a única coisa que separava as duas casas.

Ela desceu do carro e parou ao lado dos dois adultos, que assim que notaram sua presença, logo pegaram em sua mão e sorriam para ela, passando talvez, algum tipo de segurança da parte deles.
A levaram para dentro da casa e sumiram por um bom tempo, até saírem é o homem ir ajudar os outros dois com as coisas dentro do caminhão.

Entraram e começaram a esvaziar, tirando suas coisas uma por uma. Juntamente com os dois homens que saíram de dentro do caminhão, eles iam levando móvel por móvel para dentro da casa. Eram todos muito eficientes. Em pouco tempo, já tinham levado todos os móveis maiores e mais pesados para dentro, restando apenas as coisas menores e mais leves.

Shone até esqueceu dos seus brinquedos, e ficou a espiar todo o movimento dentro e fora da casa. Esticado sobre a cerca que dividia as duas casas e sob a ponta dos pés, pois ainda era muito pequeno e a cerca era maior que ele pouca coisa. Ele não conseguiu desviar seus olhos por um minuto de tudo que faziam.

Ninguém exceto Hannah, havia percebido o garotinho do outro lado da cerca observando tudo tão atentamente. De início, não deu tanta importância, pois se lembrava do alerta dos pais para não conversar com gente estranha. Mas ali, era uma criança, ela pensou não haver problemas com isso.

Quando ela viu que seus pais estavam ocupados demais para perceber que ela havia saído de casa, ela foi ao encontro do dele. Não queria levar bronca deles, é por isso, decidiu falar com o menino longe do olhar atento dos pais.

Era uma menina muito meiga, de sorriso doce e com uma facilidade enorme para fazer novas amizades. E como ela ainda era nova naquele lugar, viu em Shone uma oportunidade de fazer um novo amigo e não se sentir sozinha naquele lugar que ela mal conhecia.
Assim como Shone, também tinha deixado suas amiguinhas para trás.

Ela se aproximou dele, enquanto ele se encolheu com a presença dela, tão perto a ele.

Ela também ficou na ponta dos pés.
Com as mãos usando como apoio na base, ela colocou a cabeça para dentro da cerca e falou:

― Oi, eu sou Hannah. Qual seu nome? ― ela perguntou simpática. Ele olhou para ela e se afastou, mantendo uma certa distância da menina cheia de atitude. Ele pensou em colocar sua costumeira cara fechada e ir para o mais longe possível dela, como fazia sempre que algum novo amiguinho se aproximava dele. Mas ao invés disso, decidiu responder a sua pergunta.

― O-oi Hannah. ― gaguejou um pouco. Não sabia exatamente o que responder para ela, afinal, nunca tinha conversado com uma menina como ela antes.

― Qual seu nome? Você mora aí? Quantos anos você tem? ― perguntou tudo de uma vez só, era curiosa por natureza.

Quando ele iria responder as sua muitas perguntas, ouviu sua mãe lhe chamando de dentro de casa para entrar. E foi o que ele fez, não antes de se despedir da sua nova vizinha e talvez uma possível amiga.

― Tchau. ― acenou com a mão, e despediu- se sem esperar por resposta alguma dela, foi até a parte da grama que estava brincando até pouco tempo e pegou seus bonequinhos, que tinham ficado jogados sob a grama e entrou correndo para dentro da casa, fechando a porta logo em seguida.

Já Hannah ficou do mesmo modo. Ainda em pé e na ponta dos seus pezinhos, acompanhou todos os passos de Shone, até ele desaparecer dentro da casa. E só depois disso, entrou também.

Perfect - nossa música favoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora